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Filosofia para o dia a dia

O que eu sou?

Professor Caverna reflete sobre como a filosofia nos ajuda a entender nós mesmos

8 min de leitura

Vamos começar com uma pergunta simples e sincera: quem é você? “Ah, sou a Jéssica, estudante, taurina, fã de Beyoncé e viciada em pão de alho”. Beleza, Jéssica. Mas e quando ninguém tá vendo? E quando as luzes do Instagram se apagam, os stories somem, e sobra só o silêncio do seu quarto? Quem é você nesse momento?

Calma, relaxa. Todo mundo já travou nesse dilema existencial em algum momento. E aí entra a protagonista dessa história: a tão temida e subestimada filosofia. Ela não é só aquele conteúdo do Enem que você decora na véspera e esquece no dia seguinte. Filosofia é um GPS interno, um espelho mais honesto, um tapa na cara com carinho. Ela serve pra te ajudar a responder essa pergunta que parece simples, mas é mais enrolada que fone de ouvido no bolso.

Antes de mais nada: filosofar não é decorar nome de grego barbudo. É parar, olhar em volta, se questionar e tentar entender o que você tá fazendo nesse planetinha azul. É tipo quando você fica olhando pro teto pensando “será que a vida é isso mesmo?”. Parabéns, você filosofou. Pode pedir o crachá. Filosofia ajuda a gente a entender o mundo, mas principalmente a entender a si mesmo. Ela é o ponto de partida pra você se perceber como um ser vivo com sentimentos, vontades, medos e pensamentos e não só como um CPF ambulante que acorda, trabalha, paga boleto e dorme. Vamos fazer um resumão rapidão de como os filósofos foram pirando nessas questões pra ver como tudo isso se conecta com a sua vida hoje, mesmo que você nunca tenha lido Platão na vida.

Sócrates era o mala do rolê. Ele não dava respostas, só perguntas. Ele acreditava que o verdadeiro conhecimento vinha do autoconhecimento. Ou seja, se conhecer é o começo de tudo. A clássica frase “Conhece-te a ti mesmo” é dele. E não, ele não tinha Instagram motivacional, mas provavelmente teria se fosse vivo hoje. Ele perguntava tanto que irritava geral. Mas, mano, olha que parada profunda: você só pode melhorar como pessoa quando reconhece quem você é de verdade. Sem filtro. Sem maquiagem. Só você e seus pensamentos.

Séculos depois, lá no frio da França, veio Descartes com uma ideia revolucionária. Ele começou a duvidar de tudo da realidade, das sensações, da existência das coisas. A única coisa que ele não conseguiu duvidar foi de que estava pensando. Então ele soltou a frase: “Cogito, ergo sum” (em português: penso, logo existo). Isso é muito louco porque ele definiu o ser humano pela capacidade de pensar. Ou seja, não é o seu corpo, sua profissão ou sua aparência que te definem. É sua consciência, seu pensamento. É ali que começa a sua existência.

Nietzsche veio com sangue nos olhos. Ele dizia que a gente vive alienado, preso a padrões, a moral da sociedade, a religiosidade automática, e que só se realiza como ser vivo e pensante quando assume sua própria vontade de potência ou seja, quando você para de viver a vida que esperam de você e começa a viver a sua. Ele tava basicamente falando: “Acorda, meu chapa! Você é muito mais do que o sistema quer que você seja”. E isso vale hoje mais do que nunca, com tanta pressão estética, produtiva e emocional.

O que é “ser vivo”? Tecnicamente falando, é algo que nasce, cresce, se alimenta, reproduz e morre. Mas será que a gente é só isso? Você é um ser biológico, claro. Mas também é emoção, é pensamento, é lembrança, é plano pro futuro. Você não é uma planta com wi-fi. Você tem consciência. E isso muda tudo. Filosofia entra aqui pra dar aquele empurrão e fazer você sair do automático. Respirar é uma função do corpo. Pensar é uma escolha. E pensar sobre si mesmo é uma ousadia.

Ser pensante não é só conseguir fazer conta de cabeça ou resolver sudoku. É se perceber pensando. É observar os próprios pensamentos e dizer: “Opa, por que eu tô sentindo isso? De onde veio essa ideia? Isso é meu mesmo ou eu só reproduzi porque vi no Twitter?” É como se existissem dois “eus” dentro de você: o que sente e o que observa o que sente. A filosofia te ajuda a conversar com esse segundo “eu”, aquele que fica nos bastidores, analisando o que rola nos bastidores da sua mente.

Vivemos na era do excesso de informação e da falta de reflexão. Você recebe milhares de inputs por dia, mas quantos deles você para pra digerir de verdade? Filosofia ensina a pensar criticamente. A duvidar, a perguntar, a buscar sentido. Não pra ser chato, mas pra não ser manipulado. Pra entender o porquê das coisas, e não só engolir o que te empurram. Quando você desenvolve pensamento crítico, você se blinda contra fake news, contra padrões tóxicos, contra armadilhas emocionais. Você passa a ser mais dono de si. E, convenhamos, isso é um baita superpoder. A filosofia cutuca pra que você se defina a partir de si mesmo, não dos outros. Não do feed. Não das cobranças alheias. Você é um ser único. E descobrir isso é uma jornada filosófica.

Sartre, por exemplo, dizia que a existência vem antes da essência. Ou seja, você nasce sem uma identidade fixa, e vai se construindo a partir das escolhas que faz. Isso é libertador, mas também assustador. Porque se você não escolhe quem é, o mundo escolhe por você. E aí, já viu.

Na correria do dia a dia, a gente se desconecta de si mesmo. E a filosofia é tipo um botão de pausa. É o momento de sentar e conversar consigo mesmo. Estar vivo não é só estar em movimento. É também saber parar. Sentir. Entender. E isso só rola quando você se permite mergulhar em si. Filosofar é se escutar com atenção e sem julgamento.

Você não precisa virar um monge pra filosofar. Dá pra ser filósofo ouvindo música no metrô, lavando louça, ou vendo série. O segredo é estar presente. É perguntar “por que isso me afeta?” ou “o que isso diz sobre mim?”. Um meme pode ser tão filosófico quanto um texto do Kant, dependendo da forma como você o encara. A diferença está no olhar, e não no conteúdo. No fim das contas, definir-se como ser vivo e pensante não é preencher um formulário com nome, idade e profissão. É um processo contínuo, mutável, inquieto. É se olhar no espelho e reconhecer que você ainda está em construção. E tudo bem. A filosofia não vai te dar respostas prontas. Ela vai te dar perguntas melhores. Vai te ensinar a pensar com autonomia, a sentir com profundidade e a viver com mais verdade.

Você não é só um corpo que ocupa espaço. Você é uma mente em movimento. Um coração que sente. Um ser em busca. A filosofia está aí pra te lembrar disso. Se um dia você se sentir perdido, sem saber quem é ou pra onde vai, lembre: perguntar já é começar a encontrar. E filosofar é o melhor caminho pra se reconectar com aquilo que te torna… você.

Convite Especial: Café Filosófico

Reflexões para Pais e Filhos


Prezadas famílias!
Temos o prazer de convidá-los para o V Café Filosófico, um encontro especial onde pais e filhos poderão compartilhar um momento de reflexão e diálogo sobre os dilemas da vida.


Em um mundo repleto de desafios e mudanças constantes, criar espaços para conversas significativas fortalece os laços familiares e amplia nossa visão de mundo. Neste evento, vamos explorar juntos questões que nos fazem pensar, crescer e nos conectar de maneira mais profunda.


Por que participar?
✔ Fortaleça a relação com seu filho(a) por meio do diálogo
✔ Reflita sobre valores, escolhas e desafios da vida
✔ Compartilhe ideias em um ambiente acolhedor e inspirador

Data e local: Zeppelin

Contaremos com um ambiente descontraído e um delicioso café para tornar este momento ainda mais especial!
Venha viver essa experiência enriquecedora conosco! Sua presença fará toda a diferença.
Esperamos você e sua família!

Ingressos para o V Café Filosófico:

https://cafefilosoficoo.lojavirtualnuvem.com.br/produtos/1-lote-ingressos

Comunidade do “Café Filosófico” no WHATSAPP:

https://chat.whatsapp.com/Ewehn3zxEBr6U0z96uZllP

Obs. Caro leitor, o objetivo aqui é estimular a sua reflexão filosófica, nada mais! mais nada!

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Assuntos

Professor Caverna

Caverna é professor de Filosofia, criador de conteúdo digital e coordenador do projeto “Café Filosófico” em Foz do Iguaçu.

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