Brasil aceita liberar água no Rio Paraná pra atender Paraguai e Argentina

O acordo já foi estabelecido entre os ministérios de Relações Exteriores dos três países. Operação em Itaipu começa nesta sexta, 21.

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A partir desta sexta-feira, 21, começa uma complexa operação, a partir da usina de Itaipu, para ampliar a vazão do Rio Paraná, que enfrenta uma das piores estiagens da história.

A liberação progressiva de água, que virá das usinas a montante (acima) de Itaipu, permitirá que nos dias 27 e 28, quinta e sexta da semana que vem, o nível do rio seja suficiente para que os comboios de barcaças paraguaias, carregadas de grãos, possam atravessar a eclusa da usina binacional Yacyretá, a 480 km de distância.

O Ministério de Relações Exteriores do Paraguai confirmou o resultado positivo da “intensa gestão” entre as chancelarias dos três países para que o Brasil concordasse em garantir nível suficiente para a navegabilidade do Rio Paraná.

Com isso, os produtos agrícolas paraguaios poderão ser colocados nos mercados internacionais a partir desta sexta-feira até 31 de maio. Na Argentina, a preocupação é com as cidades que abastecem os moradores com as águas do Rio Paraná.

BARCAÇAS PARADAS

As barcaças que estão perto da usina de Yacyretá estão abarrotadas com 125 mil toneladas de soja e derivados, além de milho, que valem US$ 45 milhões. Os comboios estão há 50 dias parados, com sério risco de deterioração da carga.

“A janela (período de tempo) de água permitirá contar com a altura de um metro no hidrômetro de Ituzaingó (município argentino abaixo de Yacyretá), durante os dias 27 e 28 deste mês, suficiente para que os comboios carregados possam atravessar de maneira segura os pontos críticos identificados no Rio Paraná”, informou por meio de nota a chancelaria paraguaia.

CONDIÇÕES SE AGRAVARAM

O Rio Paraná, na região de fronteira: margens se afastam. Foto Wilson Ferreira/Última Hora

É o segundo ano consecutivo que a navegabilidade do Rio Paraná se vê afetada por uma baixa histórica na vazão, ocasionada principalmente por um pronunciado déficit de chuvas, que afeta toda a sua bacia e é consequência dos efeitos do fenômeno La Niña.

Mas este ano, segundo a chancelaria paraguaia, as condições de navegabilidade estão ainda mais comprometidas, já que estão sendo registrados níveis extremamente baixos de vazão e acumulação de águas no sistema de regularização da bacia.

Em 2020, a regularização da vazão do rio, abaixo de Itaipu, ocorreu em três oportunidades, o que permitiu a saída de 413 barcaças que transportavam 493 mil toneladas de produtos agrícolas, avaliados em US$ 175 millhões.

“Todas elas (as operações) foram executadas mediante ajustes da operação do sistema regulador, por meio de mecanismos de cooperação e coordenação dos governos dos três países, Argentina, Brasil e Paraguai, particularmente de Itaipu e Yacyretá”, informou ainda o Ministério de Relações Exteriores paraguaio.

O transporte fluvial, conclui a nota da chancelaria, é responsável por aproximadamente 80% do comércio exterior do Paraguai.

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