A lentidão do governo paraguaio para comprar vacinas contra a covid-19 pôs em campo alguns prefeitos, como o de Ciudad del Este, Miguel Prieto, que já assinou documentos para adquirir 360 mil doses da vacina chinesa SinoVac. Só falta agora a aprovação do governo chinês.
Se o negócio for fechado, Ciudad del Este ficará com 200 mil doses e o restante será distribuído entre os municípios de Villa Elisa, Naranjal e Pedro Juan Caballero, conforme acordo entre os prefeitos dessas cidades. Cada uma delas entrará com recursos próprios.
O governo paraguaio não tem relações diplomáticas com a China, já que optou por reconhecer o governo de Taiwan, cuja independência o governo chinês não aceita, e essa é a maior dificuldade que o Paraguai enfrenta para adquirir vacinas chinesas.
Por isso mesmo, ou talvez por inépcia, o Ministério de Saúde Pública do Paraguai sequer formalizou, até agora, o pedido de compras.
“O governo não tem relações diplomáticas com o governo da China Popular, mas eu não tenho problemas em assinar documentos e tudo que for preciso para trazer essas vacinas”, disse o prefeito Miguel Prieto em entrevista coletiva nesta segunda-feira, conforme o jornal CDE Hot.
A rádio Monumental 1080 AM entrevistou o diretor da Câmara de Comércio Paraguai-China, José Martínez, que confirmou que a Prefeitura de Ciudad del Esta já contava com os documentos necessários para assinar e fechar o processo do pedido de 360 mil doses da vacina Sinovac, do laboratório Biotech.
Martínez mencionou que a China tem uma reserva de 14 milhões de doses de vacinas contra a covid-19 destinadas ao Paraguai, mas os trâmites não avançam porque o Ministério de Saúde Pública do Paraguai não acessa e assina a autorização correspondente.
200 MIL
O prefeito Miguel Prieto disse que falta agora a autorização do governo chinês para conhecer os preços oficiais das vacinas e saber a forma de financiar a aquisição.
O plano de Miguel Prieto é imunizar 200 mil pessoas com mais de 30 anos de idade. Para as de idade abaixo disso, ainda será preciso uma “nova luta”.
O prefeito disse que, depois de fazer o anúncio das negociações nas redes sociais, no domingo, o diretor da 10ª Região Sanitária do Paraguai, Hugo Kunzle, deu seu apoio e manifestou alegria com a possibilidade de adquirir as vacinas.
Prieto analisou que o apoio da regional de Saúde vai facilitar a aprovação da compra pelo governo paraguaio. Ele disse acreditar que já em abril cheguem as vacinas.
“Queremos que cheguem as vacinas, queremos sair desta difícil situação. Se pudermos trazer de forma autônoma será genial”, concluiu o prefeito.
SITUAÇÃO DIFÍCIL
No quadro acima, o ranking dos países que mais imunizaram a população com todas as doses necessárias. Chile está em 2º. E é graças ao Chile que a América do Sul tem o índice de 1,7%, superior ao do Brasil (1,6%) e da Argentina (1,3%). O Uruguai ainda não aparece e o Paraguai mal e mal surge no ranking dos países que já aplicaram pelo menos a primeira dose.
O Paraguai, até agora, só imunizou com uma dose o equivalente a 0,2% da população. Na América do Sul, o índice só supera o da Venezuela (0,04%).
A liderança absoluta é do Chile, que já administrou doses a 44,3% de sua população, seguido do Uruguai (9%), Argentina (6,9%) e Brasil (6,3%).
Em números absolutos, o Brasil é o 5º no ranking mundial em administração de doses (13,5 milhões), enquanto o Chile está em 10º (8,4 milhões) e a Argentina em 21º (3,1 milhões).
Já em números relativos, proporcionalmente à população, o Chile sobe para o 3º lugar, o Uruguai para o 13º, a Argentina fica em 16º e o Brasil em 17º. Em 1º lugar está Israel e, em 2º, o Reino Unido.
Os Estados Unidos, que estão em 1º lugar em números absolutos, com aplicação de 124 milhões de doses, ainda está em boa posição no percentual referente ao total de doses em relação à população, mas cai para o 5º lugar.
E a China, que produz pelo menos dois tipos de vacinas, está atrás apenas dos Estados Unidos em doses aplicadas (75 milhões), mas nem aparece no ranking proporcional.
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