Esperança de Puerto Iguazú é que fronteira reabra no dia 10, com apoio da província

Tudo vai depender das negociações entre Misiones e o governo nacional. Hotelaria e turismo foram os setores mais prejudicados pela pandemia, na Argentina.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O governo da província de Misiones, onde fica Puerto Iguazú, não é favorável à reabertura da ponte que liga Posadas a Encarnación, no Paraguai; mas não tem nada especialmente contra a reabertura da Ponte Tancredo Neves, ligação com Foz do Iguaçu.

E é com este possível apoio que Puerto Iguazú vai solicitar formalmente ao governo da Argentina que reabra a fronteira com o Brasil, para permitir a reativação do turismo e do comércio com Foz do Iguaçu. Claro que, quando se fala em negociações na Argentina, isso pressupõe muitas gestões e discussões.

O secretário de governo de Misiones, Marcelo Pérez, confirmou que a província vai gestionar a reabertura da ponte, fechada há oito meses, mas completou que isso depende exclusivamente do governo nacional.

“Misiones vai fazer as solicitações ao chefe de gabinete de ministros para a abertura paulatina de setores determinados. Pontualmente, Iguazú é onde temos trabalhado com protocolos para que lentamente o turismo comece a dinamizar-se, de forma progressiva”, disse Pérez.

Em Puerto Iguazú, há esperança de rápida aprovação do pedido. “Queremos que isso se concretize no dia 10 de dezembro”, disseram ao jornal Clarín, de Buenos Aires.

Cá entre nós, é difícil que em tão poucos dias seja resolvida uma questão que, para o governo do país, é polêmica. A Argentina está mal na pandemia e, embora em números relativos esteja melhor que o Brasil, proporcionalmente tem mais casos e mortes por covid-19.

Turismo interno

O turismo interno, de outras províncias para Misiones, está liberado, mas o visitante tem que apresentar o passaporte sanitário, indicando teste negativo para covid-19 48 horas antes de viajar a Misiones; e usar o aplicativo Misiones Digital, que permite acompanhar sua trajetória.

Já neste final de semana, feriadão na Argentina, o Parque Nacional Iguazú vai abrir sábado e domingo, mas com quotas de apenas 500 visitantes diários. O número é muito baixo se vierem mesmo os esperados turistas de Corrientes, Chaco e Entre Ríos, por via terrestre, e de Buenos Aires, por avião.

O governador Oscar Herrera Ahuad, segundo o portal La Voz de Cataratas, informou que será construído em pouco tempo um hospital de campanha em Puerto Iguazú, para atender exclusivamente turistas e descongestionar o hospital central.

Sobre a reabertura da fronteira, Ahuad disse que “não há data determinada”, embora a província já tenha “todos os protocolos estabelecidos”.

Puerto Iguazú, sem os turistas, virou uma cidade-fantasma. Foto: Emmanuel Leones

Efeito Maradona

Um integrante do Conselho de Desenvolvimento de Puerto Iguazú disse que não há motivo para que a fronteira continue fechada. “Depois do que aconteceu em Buenos Aires (com a multidão que se aglomerou para a despedida de Diego Maradona), não há motivos para que a fronteira se mantenha fechada, impedindo a chegada de divisas de que o país necessita”, argumentou, em entrevista ao Clarín.

O pedido de Puerto Iguazú foi encaminhado inicialmente ao governo da província, para que inicie o processo de discussão com o governo nacional e elabore o protocolo sanitário. “Queremos que seja um controle amigável, que evite congestionamentos e que os requisitos sejam facilmente cumpríveis”, disseram ao jornal .

“Enviamos ofícios aos governadores dos estados, ao embaixador argentino no Brasil, Daniel Scioli, e ao Ministério do Interior para estabelecer as regras que regerão o trânsito vicinal”, contaram os porta-vozes do conselho.

Segundo o Clarín, o sistema aplicado na Ponte da Amizade, entre Foz e Ciudad del Este, agrada Puerto Iguazú. “No começo era tomada a temperatura de todas as pessoas e era preciso fazer uma declaração juramentada, mas isso gerava congestionamento no centro da fronteira. Agora são as empresas de transporte que se encarregam de tudo. E em Ciudad del Este não houve um incremento de casos de coronavírus com a chegada dos compradores brasileiros”, disse o porta-voz do Codepi.

Uma das regras que o Conselho de Desenvolvimento de Puerto Iguazú exige é que o fluxo total pela Ponte Tancredo Neves não supere 6 mil pessoas por dia. A ideia é que brasileiros e turistas possam fazer compras em Puerto Iguazú e visitar as Cataratas.

Quanto à fronteira com Encarnación, vai ser mais difícil. A província argentina não tem interesse na reabertura, porque com o fechamento da ponte que liga os dois países os moradores passaram a comprar no comércio local, o que foi benéfico para a economia e para a arrecadação provincial. Um dia vai reabrir, mas quanto mais demorar, mais a província vai gostar.

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CRISE NA HOTELARIA E GASTRONOMIA

Em setembro, 96% da rede hoteleira estava sem hóspedes. Desde março, crise só se agrava. Foto Primeira Edición

As entidades que representam os setores hoteleiro e gastronômico calculam que esses setores demitiram 225 mil pessoas, na Argentina. O setor empregava pelo menos 650 mil pessoas.

Um levantamento das entidades mostrou que o turismo é o que está em pior situação, considerando todos os segmentos da economia argentina.

O isolamento social, preventivo e obrigatório obrigou 90% dos hotéis e restaurantes a se endividar para não ter que fechar empresas. Agora, dizem as entidades, 95% do setor não poderá fazer frente aos custos cotidianos sem ajuda do governo, conforme noticia o portal argentino Primera Edición.

A expectativa do setor hoteleiro, para a temporada de verão, é atingir aenas 10% do nível de atividade registrado na temporada de 2020. Na gastronomia, o nível de atividade ficará em 20% ou até menos, em relação ao mesmo período. A normalização do setor deve voltar ao nível de atividade pré-pandemia dentro de um ano ou mais.

Levantamento feito em setembro mostrou que houve uma queda de 96% na ocupação, isto é, quase a totalidade dos estabelecimentos está sem hóspedes desde março. A queda no segmento gastronômico chega 65%.

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