Avenida Brasil, cartão-postal de descaso do poder público

Percorrer a Avenida Brasil é testemunhar uma joia que não é aproveitada pelo poder público em prol do desenvolvimento e da qualidade de vida do morador. Seu sobe e desce costura a área central da cidade, enredada de comércios e serviços.

Estudo recente do Sebrae catalogou 900 empresas com as portas abertas, dispostas na extensão de pouco mais de 1,7 quilômetro da via. Destaque para os pequenos e médios empreendimentos, de grande contribuição para a geração de postos de emprego.

Além do varejo, da gastronomia e da hotelaria, a avenida de mão única concentra uma gama de serviços, instituições financeiras, Correios e clínicas de saúde. Recebe diariamente trabalhadores, pessoas que vão às compras ou realizar tarefas do dia a dia.

Contrastando com a sua importância, é longa a lista de reclamações quanto à estrutura atual da Avenida Brasil. Problemas de segurança e de estacionamento, calçadas inadequadas e manutenção insuficiente da iluminação formam as queixas, além dos efeitos de questões sociais não tratadas a fundo na cidade.

Diferentemente das localidades vizinhas da fronteira, o principal endereço comercial iguaçuense não é um espaço relevante para o turismo. É uma evidência a mais do obstáculo que Foz do Iguaçu precisa superar para tornar-se um destino em que o visitante interaja plenamente com a cidade.

Em 2020, empresários e instituições começaram a organizar-se e pleitear a revitalização da Avenida Brasil. Pedem a sua modernização para o fortalecimento dos vetores socioeconômicos, resgate da história e melhorias para criar uma área de convivência a moradores e turistas.

Os quatro anos de voluntarismo realçam a letargia do poder público, impermeável a uma proposta que projeta benefícios para toda a cidade. Até o momento, o prefeito Chico Brasileiro (PSD) sequer deu vazão a um acordo em torno de verba estadual para a elaboração do projeto para revitalizar a avenida, primeiro passo à captação de recursos.

Avenida do hotel que inaugurou o ramo e do primeiro cinema, pavimento de relíquias de quatro rodas e, há quem lembre, do primeiro acidente envolvendo automóvel, a Brasil, antes Botafogo, é parte indissociável da história e do desenvolvimento de Foz do Iguaçu. Enquanto melhorias não vêm, é um retrato da inoperância do poder público.