Fechamento da Ponte da Amizade reduz movimento no comércio de Foz

Interrupção do fluxo de pessoas se reflete no comércio de varejo e em clínicas médicas e mostra dependência econômica entre Brasil e Paraguai.

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Denise Paro – H2FOZ 

Fechada há seis meses em razão da pandemia, a Ponte da Amizade mostrou que vai além de mero símbolo de integração entre Brasil e Paraguai e ganha ares de âncora econômica para a região. A interrupção da circulação de pessoas na via reduziu em 50% a movimentação comercial na Vila Portes e no Jardim Jupira, bairros situados no limite com o Paraguai, e em 30% nos demais centros comerciais da cidade.  

A estimativa é do presidente da Associação Comercial e Empresarial de Foz do Iguaçu (ACIFI), Faisal Ismail. Na avaliação dele, a suspensão do tráfego rotineiro na ponte também contribuiu para o desemprego na cidade e para a redução da atividade dos trabalhadores informais que dependem do comércio de fronteira. “Como consequência há o desemprego, caos social e perda de renda”, diz Ismail. 

A paralisação parcial do comércio fronteiriço também gerou reflexos em bairros, incluindo o Morumbi e o Porto Meira. Apesar de terem clientes locais, parte da movimentação vem de trabalhadores que atuam no comércio de fronteira, inclusive na informalidade. 

Para Faisal, outros setores que sentiram a redução na movimentação foram clínicas médicas, que costumam receber muitos residentes no Paraguai, e shoppings centers. 

O setor de confecções atrai muitos paraguaios a Vila Portes. Foto: Marcos Labanca

Empresário na Vila Portes, Laudelino Pacagnam informa que a queda do movimento no bairro foi imediata ao fechamento da ponte. Praticamente toda cadeia comercial – que tem hortifrutigranjeiros, alimentos, bebidas, calçados, confecções e ferragens – sentiu a falta dos clientes que moram do outro lado da fronteira. Boa parte vem do departamento de Alto Paraná, cuja capital é a vizinha Ciudad del Este. 

Pacagnam afirma que medidas como o auxílio emergencial, seguro-desemprego, saque do FGTS, juros baixos na poupança e aplicações bancárias minimizaram os efeitos do fechamento da ponte no bairro, dando poder de compra aos consumidores locais e regionais.  

O movimento na Vila Portes caiu 50% com a interrupção do fluxo de pessoas na Ponte da Amizade. Foto: Marcos Labanca

Entre janeiro e agosto deste ano, Foz do Iguaçu perdeu 6.604 postos de trabalho com carteira assinada. Foram 13.348 admissões e 19.952 desligamentos, segundo o Novo Cadastro Geral de Desempregados e Empregados (Caged). O desempenho é bem pior que na vizinha Cascavel, cujo saldo positivo foi de 228 vagas de emprego.

Além dos postos de trabalho formais, muitos moradores da cidade que atuam em lojas de Ciudad del Este estão sem trabalhar. São gerentes, balconistas e laranjas – que fazem o trânsito de mercadorias do Paraguai ao Brasil. 

O fluxo de pessoas e de veículos na Ponte da Amizade foi interrompido no dia 20 de março. A passagem está livre apenas para caminhões de carga e pessoas que apresentem problemas de saúde. 

Moradores do paraguai representam parcela significativa do movimento na Vila Portes. Foto: Marcos Labanca

Em reuniões recentes, os presidentes do Brasil e do Paraguai sinalizaram que a fronteira deve ser reaberta até dia 15 de outubro.
 

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