Mais casos, mais mortes. E a pandemia ressuscita restrições em Foz, no PR, no Brasil e na vizinhança

É assustador. Quando parecia que a covid-19 estava caindo para números toleráveis, eles voltaram a explodir, com força igual à dos meses mais terríveis.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

Os especialistas já alertam que, mesmo com vacinas, será difícil ter controle total sobre a pandemia. Quer dizer, algumas atitudes adotadas hoje vão permanecer ainda por longo tempo.

Não é uma gripezinha – que o digam inclusive os jovens acometidos pela covid, que viveram um calvário -, não há remédio realmente eficaz e o controle é difícil, porque às vezes até quem se cuida está sujeito a contrair a doença, por culpa dos que não dão bola pra ela.

O relaxamento social só poderia resultar no que estamos vendo de novo: decretos e mais decretos com restrições, felizmente com menos rigor em relação ao trabalho e a atividades que garantem a sobrevivência geral.

Achar o ponto certo entre conter a pandemia sem descuidar dos aspectos econômicos é tarefa difícil. Claro que, se todos ajudarem e obedecerem as normas, sairemos mais rápido dessa sinuca fatal.

Veja os números, como se comportam, para entender que vivemos não uma segunda onda da pandemia, mas um recrudescimento de casos e mortes que se torna cada vez mais preocupante.

INCIDÊNCIA EM FOZ JÁ É MAIS QUE O DOBRO DA MÉDIA PARANAENSE

Foz, em julho. Havia mais respeito às normas sanitárias. Foto Marcos Labanca

Proporcionalmente, a posição de Foz permanece assim: 1º lugar em casos e 3º em mortes, no Paraná. E num contínuo crescimento na média móvel (200 casos por dia).

A cidade registra 14.499 contágios e 202 mortes, até a sexta-feira, 4. A recuperação – 13.467 pessoas – é elevada, felizmente (92,88%).

Dos 97 leitos de UTI existentes, 88 estão em uso (90,72%, um indicador que deixa o setor de saúde em estado de alerta); dos 74 leitos de enfermaria, 59 estão ocupados (79,73%).

Em situação de emergência há várias semanas, a incidência da doença em Foz é de 5.662 casos a cada 100 mil habitantes, mais do que o dobro da média paranaense, de 2.539 casos a cada 100 mil. A média brasileira está em 3.007 casos a cada 100 mil habitantes.

Já em relação a óbitos, são 66,8 a cada 100 mil habitantes, o que deixa Foz em 3º lugar no ranking paranaense.

O município cumpre as restrições previstas em decreto estadual.

Veja os detalhes: Confraternizações e eventos presenciais com mais de 10 pessoas são proibidos no Paraná


PARANÁ SOBE NO RANKING BRASILEIRO, COM MÉDIAS MÓVEIS EM ALTA

Quadro da Agência Brasil mostra ascensão do Paraná.

O total de casos no Paraná – 294.680 – já fez a posição do Estado subir no ranking brasileiro, do 10º para o 8º lugar. Em óbitos (6.304) permanece em 10º lugar no País.

A média móvel de casos estava em 2.760 por dia, considerando os sete dias até quinta-feira, 3, um aumento de 14,8% em relação há 14 dias.

Subiu muito, também, a média móvel de mortes, que ficou em 31 por dia, nos últimos sete dias até quinta, crescimento de 30,2% em relação há 14 dias.

Há 1.176 paranaenses internados, dos quais 568 em UTIs. Os números podem ser ainda maiores, porque há outros 1.571 pacientes internados, 547 deles em UTIs, que aguardam resultados de exames e são casos considerados suspeitos.

APÓS PERÍODO DE QUEDA, NOVO SALTO EM CASOS E MORTES NO BRASIL

Os casos confirmados de covid-19 somavam até sexta-feira, 4, 6.533.968, com 175.964 mortes e outras 2.184 em investigação.

A lista dos estados com mais mortes pela covid-19 é encabeçada por São Paulo (42.788), Rio de Janeiro (23.017), Minas Gerais (10.227), Ceará (9.683) e Pernambuco (9.119). Os estados com menos óbitos pela doença são Acre (731), Roraima (740), Amapá (823), Tocantins (1.175) e Rondônia (1.589).

Nas últimas semanas, de acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados pela Agência Brasil, vem crescendo o número de casos e mortes por covid-19 no Brasil.

Na semana epidemiológica 45 a quantidade de casos foi de 117,9 mil. Já na semana epidemiológica 48, entre os dias 22 e 28 de novembro, foram registrados 237,4 mil, um acréscimo de pouco mais de 100%. Na comparação com a semana anterior (47), o incremento foi de 17%.

A curva de casos vinha apresentando uma tendência de queda desde a semana epidemiológica 30, no fim de julho, com alguns aumentos, como em agosto e outubro. Mas, a partir da semana 45, no início de novembro, a curva passou a ter uma nova subida dos casos.

Quando consideradas as mortes, o movimento é semelhante. Na semana 45, no início de novembro, foram contabilizados 2,3 mil óbitos. Já na última semana epidemiológica foram 3,5 mil, um aumento de mais de 50%. Em relação à semana anterior (47), o acréscimo foi de 7%.

A curva de mortes em função da pandemia teve um platô maior de maio ao fim de julho, quando começou uma trajetória de queda, agora revertida pelo movimento de ascensão registrado a partir da semana epidemiológica 45.

Os crescimentos das curvas foram diferentes entre regiões do país. Quando considerada a evolução dos casos, as variações positivas da última semana epidemiológica em relação à anterior foram de 38% no Nordeste, 23% no Centro-Oeste, 17% no Sul e 16% no Norte e negativa no Sudeste, após uma ampliação grande na semana 45.

Na análise das mortes por covid-19, os maiores acréscimos entre as semanas 47 e 48 se deram no Sul (36%), Centro-Oeste e Norte (17%) e Nordeste (10%), com o Sudeste mantendo praticamente uma estabilidade (-1%).

AUMENTO DOS CASOS FAZ O PARAGUAI OLHAR FEIO PARA O ÁLCOOL

Ministro de Saúde Pública do Paraguai, Julio Mazzoleni. Foto MSP

O ministro de Saúde Pública do Paraguai, Julio Mazzoleni, diz que um dos catalisadores para que se produzam contágios nas atividades de âmbito social – e que aumenta os acidentes de trânsito e, por consequência, a ocupação de leitos hospitalares -, é o álcool.

Por isso mesmo, voltou a restrição para a venda de bebidas alcoólicas das 22h à 5h em todos os locais. Mas – e é aí que a medida torna-se inócua -, excetuam-se restaurantes e bares.

Entre as medidas para tentar controlar a pandemia, o governo vai decretar um limite de quatro horas para que as pessoas permaneçam em eventos sociais (pensando bem, outra medida inócua. Quatro horas dá tempo pra uma pessoa ficar “borracha”). O que pode fazer efeito é a restrição à circulação entre 23h50 e 5h.

O Paraguai chegou à sexta-feira com 86.499 contágios e 1.183 vítimas fatais da covid-19. Há 742 pessoas internadas, das quais 144 em UTIs, número que vem aumentando progressivamente nos últimos dias.

A situação, por enquanto, não se alterou em Alto Paraná, onde fica Ciudad del Este, com leitos disponíveis e aumento de casos dentro do que vinha ocorrendo antes da abertura da fronteira.

ARGENTINA MANTÉM MÉDIA DE MAIS DE 200 MORTES POR DIA

Na Argentina, aumento de casos faz mortalidade crescer proporcionalmente mais que no Brasil. Foto Agência Télam

Já são 1.454.631 argentinos infectados pelo novo coronavírus, dos quais 1.454.631 se recuperaram. As mortes, na sexta-feira, 4, subiram para 39.512.

Havia, também, 3.929 pacientes internados em unidades de terapia intensiva, com índice de ocupação de 55,7% no país e de 60,2% na área metropolitana de Buenos Aires.

A secretária de Acesso à Saúde, Carla Vizzotti, disse à agência Télam que vem diminuindo o número de casos positivos, mas que não dá pra relaxar. Ante o primeiro sintoma, a pessoa deve procurar ajuda médica.

A temporada de verão começou formalmente na Argentina, e 16 províncias já estabeleceram regulamentações como acordos limítrofes e regionais para colaborar com o deslocamento de turistas e evitar novos surtos. Os veranistas precisarão ter permissões de circulação, utilizar aplicativos nos deslocamentos e na tramitação de reservas em hotéis e casas de aluguel.

Mortes por milhão de habitantes

A proporção de mortes por milhão de habitantes, na Argentina, aumentou mais que no Brasil. Lá, o índice é de 858 óbitos a cada milhão de argentinos; há uma semana, o índice era de 830.

No Brasil, eram 818 óbitos a cada 1 milhão de habitantes; agora, são 830 (curiosamente, o mesmo número da Argentina na semana passada).

Em casos, diferença proporcional é semelhante. O Brasil tem 30.820 contágios a cada 1 milhão de pessoas, enquanto na Argentina são 31.622.

Isto explica a maior mortalidade entre os argentinos: quanto mais casos, mais mortes.

Boca e nariz protegidos, mas olhos bem abertos pra realidade da pandemia. Foto Pixabay

Ninguém divulgou até agora, mas nos Estados Unidos a mortalidade já é maior do que a do Brasil. Primeiro lugar em casos (14.372.568) e em mortes por covid (279.008), os Estados Unidos agora apresentam uma taxa de mortalidade de 850 óbitos a cada 1 milhão de habitantes, superior pela primeira vez ao indicador brasileiro.

No entanto, a letalidade (mortes em relação ao número de casos), nos Estados Unidos, é de 1,9%, inferior à brasileira e à argentina (ambos os países têm o índice de 2,7%.

Outra curiosidade mórbida: a Espanha, que soma 46.252 óbitos, tem a mais alta taxa de mortalidade por covid-19 no mundo, de 1.495 mortes a cada 1 milhão de habitantes. Nesta última semana, ultrapassou o Peru, agora em segundo lugar (1.127 mortes por milhão).

E superou, inclusive, a Bélgica (1.490 mortes por milhão), que ficaria à frente do Peru, se este resultado não fosse consequência de um sistema diferente adotado pelo país. Ao contrário do resto do mundo, os belgas marcam como morte por covid qualquer caso suspeito, numa tática pra fazer o cerco da transmissão.

Parece que começou a funcionar. A Espanha, que não tem números tão confiáveis, agora está no pico da mortalidade.

E AS VACINAS?

A esperança está na vacinação, “luz no fim do túnel”. Crédito Christian Emmer | emmer.com.ar

O Reino Unido e a Rússia já iniciaram a vacinação de suas populações. É uma esperança pro resto do mundo de que dê certo e diminuam as infecções por lá, antes que comecem as campanhas também nos outros países.

Mas a Organização Mundial da Saúde alerta: a vacina representa “uma luz no fim do túnel”, mas não significa que a pandemia acabou e podemos relaxar.

“A verdade é que, nesses momentos, muitos países estão sofrendo uma alta transmissão do vírus, o que impõe uma enorme pressão nos hospitais, nos cuidados intensivos (UTIs) e nos profissionais da saúde”, disse o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus.

Uso de máscaras ainda será necessário por muito tempo.
Crédito foto: https://www.vperemen.com/Wikimedia

 

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