Deputados pretendem votar ‘urgência’ de projeto que corta ao meio Parque Nacional do Iguaçu

Proposta do deputado Vermelho cria estrada-parque no antigo Caminho do Colono. Projeto causará desmatamento e perdas para o turismo, afirmam ambientalistas.

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Proposta do deputado Vermelho cria estrada-parque no antigo Caminho do Colono. Projeto causará desmatamento e perdas para o turismo, afirmam ambientalistas.

A Câmara dos Deputados pautou para quarta-feira, 2, a votação do pedido de urgência na tramitação do projeto que reabre a antiga Estrada do Colono, no Parque Nacional do Iguaçu (PNI), criando uma estrada-parque. Ambientalistas reagiram com uma campanha nacional de conscientização contra a proposta.

A discussão no parlamento brasileiro sobre permitir uma estrada que vai cortar ao meio a unidade de conservação acontece perto do Dia Mundial do Meio Ambiente, celebrado em 5 de junho. O Projeto de Lei (PL) 984/19 é de autoria do deputado Vermelho (PSD/PR), que tem domicílio eleitoral em Foz do Iguaçu.

A proposta altera a legislação a fim de criar a categoria de unidade de conservação denominada “Estrada-Parque”. Assim, seria instituída a Estrada-Parque Caminho do Colono no Parque Nacional do Iguaçu, reabrindo a rodovia fechada pela segunda vez há mais de três décadas, em 1990, por determinação da Justiça.

Para especialistas das ONGs que atuam na proteção do meio ambiente, a “estrada-parque não é e não pode se tornar sinônimo de estradas dentro de parques”. Para os ambientalistas, o projeto de Vermelho causará desmatamento e pode “gerar graves impactos ecológicos, econômicos e no turismo na região”, apontam.

Documento assinado pela Rede Nacional Pró-Unidades de Conservação, SOS Mata Atlântica e ADERE aponta que a estrada, se for reaberta, seccionará a “última grande reserva da Mata Atlântica do interior do país”. A medida representaria “mais um severo retrocesso para a política ambiental brasileira”.

Segundo as organizações ambientais, a rodovia abrangeria o “trecho mais ecologicamente sensível da área protegida da região”. Essa parte da mata é habitada por espécies ameaçadas de extinção, como a onça-pintada, que tem a sua população aumentando, devido a ações de conservação no PNI.

Ao fechar a antiga Estrada do Colono, a Justiça afirmou ser aquela interferência no meio ambiente um “vetor de desmatamento, caça, contrabando, tráfico de armas e drogas”, resgatam os ambientalistas. Naquele trajeto, a floresta já cresceu novamente. “A nova abertura da estrada seria uma sangria”, frisam.

Na rica diversidade biológica do Parque Nacional do Iguaçu ficam as Cataratas do Iguaçu, uma das Sete Maravilhas da Natureza. A unidade de conservação é um Patrimônio Natural da Humanidade, título concedido pela Unesco, órgão das Nações Unidas, que pode ser retirado em caso de ações que afetem o meio ambiente.

Justificativa

Por meio da assessoria, o deputado Vermelho afirmou que a “nossa luta dá mais um passo”, referindo-se ao projeto pautado na Câmara para discussão da urgência. O parlamentar defende que o fechamento da estrada de 17 quilômetros, entre Capanema a Serranópolis do Iguaçu, prejudicou a Região Sudoeste.

Desde que assumiu, faz da reabertura do antigo caminho uma de suas principais bandeiras. Em 2019, lembra Vermelho, ocorreram audiências públicas na região que concluíram “ser importante a reabertura, a fim de promover crescimento, gerar emprego e riqueza, sempre preservando o meio ambiente”.

Na justificativa do PL 984, o parlamentar argumenta que o projeto pretende mais do que resolver problemas de logística. Sustenta ele que a matéria “corrige essa histórica injustiça que foi o fechamento da Estrada do Colono e atende ao clamor social de décadas do povo paranaense, resgatando a história e as relações socioeconômicas, ambientais e turísticas da região”, expõe.

Para o deputado, reabrir a estrada “contribuirá com a preservação da fauna e da flora dessa unidade de conservação [Parque Nacional do Iguaçu], elevando, inclusive, o nível de consciência da população”. Conclui dizendo ser uma “oportunidade vibrante para o turismo e também para a agricultura em benefício da coletividade”.

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