Documento pede uso gratuito do Bosque Guarani e garantia de acesso ao morador

Carta contra eventuais concessão ou terceirização foi levada à audiência da Câmara de Vereadores; prefeitura promete criar unidade de conservação.

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A constituição do Bosque Guarani como unidade de conservação municipal deve garantir o uso público e gratuito do lugar, priorizando o acesso ao morador e, por consequência, de turistas. É o que pede, em carta, o Coletivo Ambiental de Foz do Iguaçu (CAFI).

O documento foi apresentado durante audiência pública da Câmara de Vereadores nesta segunda-feira, 17. A plenária reuniu parlamentares, ambientalistas, gestores públicos, lideranças indígenas, representantes de organizações sociais, professores e estudantes de universidades.

O Coletivo Ambiental reafirmou ser contra qualquer possibilidade de concessão ou de terceirização do equipamento, como outras ocorridas no município. Para os ambientalistas, a área natural não deve ser considerada “produto turístico”, mas sim um espaço de preservação e de conservação.

O Bosque Guarani “pode e deve proporcionar a seu visitante uma experiência de contemplação, de lazer, de recolhimento e de paz, longe do barulho produzido pelos usos acelerados da cidade”, lê-se do texto. As obras devem ser mínimas, defende o Coletivo Ambiental.

“As intervenções urbanísticas e os elementos arquitetônicos devem ser os menores possíveis evitando ao máximo o uso de concreto ou outro material, fonte poluidora dos solos”, pontua a carta. A prioridade deve ser para a bioconstrução à base de madeira, terra, adobe, etc., sugere.

A proposição entende que a participação de comunidades indígenas na gestão e uso do espaço deve ser decisão delas próprias. Ainda, indica projeto socioambiental de produção e comercialização de mel de abelhas sem ferrão, e o que chama de “museu ao ar livre de arquitetura da terra”.

O Bosque Guarani está fechado para visitação durante toda a pandemia. Os cerca de 150 animais do extinto zoo foram transferidos para outros espaços dentro e fora da cidade, depois que órgão estadual considerou a estrutura até então vigente inadequada.

Organização social iguaçuense protocolou pedido para que o poder público proceda ao tombamento do espaço. A legislação municipal assegura proteção integral ao bem, enquanto a solicitação tramita, mesmo antes da deliberação final.

Unidade municipal de conservação

Presente à audiência pública, o diretor de Licenciamento e Controle Ambiental da prefeitura, Jorge Pegoraro, voltou a afirmar que a gestão pretende transformar o Bosque Guarani em unidade de conservação municipal. Outras cinco áreas estão nessa previsão.

Relatou que foram realizados estudos técnicos e consulta pública com essa finalidade. O representante da administração disse que a medida poderá resultar no recolhimento de ICMC Ecológico, repasse do Governo do Estado que hoje somente o Parque Nacional do Iguaçu recebe.

“Entre novembro e dezembro do ano passado, fizemos uma pesquisa pública on-line em que participaram 522 pessoas”, frisou. “Todas elas opinaram que o Boque Guarani seja uma área verde voltada ao lazer, preservação e educação ambiental. É esse o passo que a gente quer tomar”, completou Pegoraro.

Mais natureza para a população

Além de presencialmente, moradores iguaçuenses também manifestaram suas opiniões pelos canais institucionais do Legislativo na internet. A ampliação e a qualidade dos espaços públicos foram as principais contribuições pelas redes sociais.

Também foi defendido que os referenciais da cultura guarani, eventualmente contemplados na nova roupagem do bosque, não sejam atrelados à cadeia de turismo. Isso porque seriam simbolizações orientadas pelo viés econômico, não da dimensão da presença guarani na região.

“Precisamos de muitos parques em todas as regiões da cidade, áreas verdes e de convivência que atendam a população, não só turistas”, foi a opinião de Carol e Rafaella Della Monica. “O Bosque Guarani como espaço de troca das aldeias com a cidade”, defendeu Guadalupe Anaya.

Oásis no centro de Foz

O Bosque Guarani é um oásis verde no coração cidade, é uma porção de Mata Atlântica. A diversidade e a presença de espécies em extinção, de araucária a peroba, de cedro-rosa a pau-marfim, mostram a sua importância ambiental.

São 30 espécies distribuídas pelos 4,5 hectares de área, informa descritivo florestal parcial da Secretaria Municipal de Meio Ambiente. O relatório ainda cita nascentes que dão origem a dois lagos, que devem configurar área de proteção permanente no entorno dos mananciais.

O bosque foi criado em 1996 na frente do terminal de ônibus e próximo da área comercial. Aberto, era visitado por turistas e moradores, gratuitamente, inclusive como local de descanso de trabalhadores comerciários nos intervalos de jornadas.

No Legislativo

A audiência pública foi covocada para “debater o futuro da área do Zoológico Bosque Guarani após o plano de desmobilização”. A plenária atendeu ao Requerimento nº 263/2022, de autoria do vereador Adnan El Sayed (PSD).

Leia o documento do Coletivo ambiental na íntegra:

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