Aida Franco de Lima – OPINIÃO
As pessoas questionam o motivo de os casamentos atuais e relacionamentos não durarem mais como no passado. Será que é porque as mulheres estão cansando-se de apanhar? No universo das aparências, as fotos felizes nas redes sociais escondem um histórico de violência que culmina nas vias de fato, mas inicia no primeiro levantar de voz. Quem ergue a voz ergue o braço também.
Recentemente, escrevi sobre um político que se diz conservador, mas que, além de trair a esposa, também a ameaçou. Choveram mulheres defendendo o dito-cujo.
Todos os dias, a imprensa noticia casos de extrema violência de homens contra as mulheres. Alguns que chegam ao nosso conhecimento. Aqueles que acontecem em torno de quatro paredes nem imaginamos.
Recentemente, um camarada enciumado jogou o carro para cima da mulher e rodou em torno de um 1km com ela sob as rodas. Ela teve as duas pernas amputadas e luta pela vida. Em outro, o ex-namorado foi ao trabalho da moça e atirou contra seu rosto. Em mais um, a mulher foi defender a irmã e acabou morta pelo cunhado. Também o tal do calvo do Campari, Thiago Schutz, que em 2023 ganhou fama por explicar o motivo de dispensar tomar cerveja com mulher para tomar seu Campari, voltou para a mídia por denúncia de tentativa de estupro. Ele foi solto imediatamente. Os outros ou estão foragidos ou choram as pitangas no xilindró.
O mais triste disso tudo é que as mulheres são tratadas tão-somente como objetos de posse. E esses homens usam as armas, usam os carros como armas. Recentemente, ao entrevistar uma mulher que havia perdido o ex-marido, ela contou que a separação ocorreu depois que ele tentou jogar o trator em cima dela.
O ápice da violência não ocorre de um momento para o outro. Os sinais são claros. Mas ao longo dos tempos coube à mulher lutar pelos relacionamentos, lutar pela família, pelo lar, mesmo que isso significasse sua saúde física e mental. Homens que não aceitam o fim de relacionamentos não serão parados com medidas protetivas. Nossa legislação é falha, e as mulheres estão pagando com a vida.
- Se não aprendem em casa a respeitar as mulheres, talvez tenhamos de ensinar nas escolas os meninos, em seus primeiros anos de vida, que ninguém é obrigado a gostar de ninguém. E na vida adulta mudar a legislação e fazer com que homens que ameacem mulheres arquem financeiramente com essa perseguição.
- Homens que querem controlar a vida das mulheres, se não estiverem enjaulados e queiram sequestrar a vida das mulheres, precisam ter seus bens sequestrados também. Se querem mandar na vida delas, que arquem com os custos, para que elas possam viver a vida longe desses seres. Se não podem ter paz com esses trastes soltos, que eles sejam obrigados a custear suas despesas, pois elas estão perdendo a vida, perdendo o emprego por conta desses psicopatas.
Parece uma ideia esdrúxula, mas muitas vezes o único lugar em que dói em psicopatas é no bolso. Pois se neles não há consciência para doer, que doa nas contas bancárias!
Também não há mais como esperar que ocorra feminicídio para frear uma espécie que se prolifera como as pragas bíblicas. Ameaça, perseguição, B.O., Maria da Penha, isso é pouco. Isso não tem funcionado para proteger as mulheres. É preciso mais. Parece conversa radical e que vai contra os direitos humanos, mas é preciso pensar em castração química dessa espécie, para que a genética ruim não prolifere e para dar um “sossega-leão” em suas energias mais primárias.
Quando se fala em feminicídio, há quem faça piada e cite Elize Araújo Kitano Matsunaga. Em 2012, após tirar satisfação com o marido, por conta de traições, levou um tapa na cara, enquanto ele a lembrava de que, quando era sua amante, atuava como prostituta. O casal tinha porte de armas e as colecionava. Elize o matou com tiro na cabeça e esquartejou o então presidente da empresa Yoki alimentos.
Também há quem se lembre do caso Elisa Samúdio, desaparecida em 2010, cujo corpo jamais foi encontrado. O principal acusado de sua morte estava no auge da fama, o goleiro do Flamengo Bruno Fernandez. Ele não reconhecia o filho recém-nascido que teve com Elisa, sua amante. O goleiro está no regime semiaberto desde 2018.
As mulheres procuram relacionamentos em busca de uma vida a dois, em busca de uma família. E estão encontrando cada vez mais a violência. Muitas vezes, as famílias e amigos tentam salvá-las, contudo acaba sendo tarde.
O Estado precisa interferir. Mas quem faz as leis deste Brasil é na maioria homem. Se for buscar nas redes sociais o histórico desses mesmos homens que comandam o país, encontra-se uma ficha corrida enorme de denúncias de violência doméstica. E não bastasse isso, há ainda as mulheres que protegem esses mesmos seres violentos. A conta está errada. E mais errado ainda é mulher continuar sofrendo, silenciosamente, na esperança de que o psicopata vá mudar. Homem que bate em mulher não tem conserto.
E a violência contra a mulher é tão enraizada que, quando alguém clama por justiça contra homem, sem pensar, diz: “Na cadeia, vai virar mulherzinha de bandido.” Como é que é?
Além de ensinar, na escola, que menino não é dono de menina, temos de ensinar que menina não tem de ser submissa à violência. Que o primeiro grito ou levantamento de mão deve ser o último também. Fazer igual quando estamos na estrada e vemos caminhão de carga tóxica: manter distância segura. Sempre!
Atos públicos estão agendados para estes final de semana em várias partes do Brasil para denunciar a violência contra as mulheres. Veja a programação no Paraná e Santa Catarina:
Paraná:
Curitiba – 10h – Ruínas de São Francisco (Praça João Cândido, Largo da Ordem)
Santa Catarina:
Florianópolis – 13h – Cabeceira da Ponte Hercílio Luz
Itajaí – 14h – Praça da Beira Rio
Joinville – 14h (06/12) – Praça da Bailarina

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