Aida Franco de Lima – OPINIÃO
A partir de janeiro de 2026, quem ganha até R$ 5 mil mensais deixará de contribuir com o Imposto de Renda. Para quem ganha a mais, não significa nada, e para quem ganha bem menos, a ponto de não pagar IR, muitas vezes já pode ter sido dito que seria mais feliz pagando IR, afinal isso mostraria que sua renda aumentou. Mas só quem pega o holerite no final do mês percebe o tamanho da mordida e como ela tira do trabalhador o seu direito de definir o que fazer com parte do seu suado dinheirinho.
O estudo chamado Retrato da Desigualdade e dos Tributos Pagos no Brasil informa que os milionários pagam 20,6% de alíquota de tributos, enquanto para o brasileiro de classe média a alíquota cobrada gira em torno de 42,5%. Os dados são de 2019.
O presidente Lula (PT) enviou, em março deste ano, ao Congresso Nacional o Projeto de Lei 1.087/2025, que isenta de Imposto de Renda (IR) quem ganha até R$ 5 mil por mês a partir de 2026. E demorou um ano para que finalmente passasse por todas as etapas e fosse sancionado.
- Também haverá redução do IR para quem recebe entre R$ 5 mil e R$ 7.350. Estudos apontam que essa diminuição vai dobrar o número dos atuais dez milhões de trabalhadores que deixarão de pagar IR. E 16 milhões de pessoas serão beneficiadas com a queda nos impostos. Isso significa que mensalmente o dono do mercadinho, da panificadora, o vendedor da feira, todos terão clientes com um extra no bolso, que deixou de ser arrecadado pelo governo.
Mas se a ideia é tão boa assim, por qual motivo demorou um ano para ser votada?
Por questões políticas. Como é que a oposição vai dar de bandeja um prato desses para o governo se ano que vem é ano político?
Nas entrevistas, é claro que isso não é dito. Há quem simplesmente defendia o fim do IR para todas as classe sociais. Um liberou geral. A mesma turma que tem todas as despesas pagas, inclusive de seus funcionários, pelo Estado, defendendo o fim do Estado. Afinal, se não houver mais arrecadação, como é que o Estado vai sustentar-se?
As mais diversas sandices apareceram. Porque é mais fácil defender ideias abstratas que se deparar com a realidade. São políticos que governam unicamente para as redes sociais, em busca de curtidas e engajamento. Mas desta vez não tiveram opção. Ou votavam pela redução da alíquota ou corriam o risco de receber críticas até de suas legiões de eleitores. Afinal, não importa a ideologia política, qual eleitor não ficaria feliz de livrar seu holerite da mordida do leão do IR?
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