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Por Bruno Zanette – Especial para o H2FOZ
O jovem Eduardo Gabriel Aquino Cossa completa 23 anos no próximo dia 24 de fevereiro e já tem se destacado com a camisa da seleção brasileira olímpica sub-23, durante o Pré-Olímpico disputado na Colômbia. Você pode até não saber de quem se trata em um primeiro momento, mas esse é o nome verdadeiro do atacante Pepê.
O atleta do Grêmio iniciou a carreira no Foz do Iguaçu, nas categorias de base do clube, entre 2014 e 2015. Começou a atuar pra valer no time principal durante o Campeonato Brasileiro da Série D em 2015, chegando a marcar os dois gols no empate com o Lajeadense-RS, mas foi no Campeonato Paranaense do ano seguinte, em 2016, que ele chamou a atenção dos dirigentes gremistas.
Naquele estadual, o Azulão da Fronteira era treinado por Ivan Carlos Alves, que assumiu o time na metade da Série D do ano anterior. O Foz foi eliminado nas quartas de final pelo Paraná Clube, perdendo no Estádio do ABC por 3 a 0 e vencendo a partida de volta em Curitiba por 2 a 1, com dois gols de Pepê.
“As lembranças que eu tenho do Pepê são muito boas. Um menino que sempre batalhou e correu atrás. Já percebíamos o potencial dele, pois era um jogador diferenciado no quesito de velocidade, era muito veloz, e já víamos isso na base. Faltava uma oportunidade para colocar ele jogar. Eu, ao ser efetivado como técnico do time na Série D, não só ele como outros jogadores tiveram a oportunidade de jogar, e foi aí que apareceu o futebol dele”, lembra Ivan.
Para o treinador, Pepê está onde está por merecimento. “Logo vai para a seleção principal e acredito que na próxima janela de transferências deve ser negociado com um grande clube do futebol europeu”, destaca o ex-treinador de Pepê, Ivan Alves, hoje técnico do Nacional FBC, do Paraguai, na disputa de fases preliminares de uma espécie de Copa do Paraguai. Está invicto na competição, com três vitórias e dois empates em cinco jogos.
Foz tem 30% do passe
A partida com o Paraná ocorreu no dia 10 de abril, e cinco dias depois era anunciada a venda dele ao Grêmio, ao valor de R$ 500 mil por 70% dos direitos pelo passe do jogador. Os 30% restantes pertencem ao Foz, o que beneficiará o clube em uma futura negociação do atleta com algum time europeu. Pepê tem contrato com o Grêmio até 2022.
“Adotamos uma forma de venda de jogadores no Foz onde buscamos sempre que o clube fique com uma porcentagem. Na época exigimos manter 30% do passe do Pepê, o Grêmio entendeu o negócio, já que havia outros clubes interessados no jogador, e o Tricolor Gaúcho agiu rápido e confirmou a compra”, explica o presidente do Foz, Arif Osman.
Foz de licença
Recentemente, Osman anunciou o licenciamento do clube iguaçuense por um ano da Federação Paranaense de Futebol (FPF), abrindo mão de disputar a Segunda Divisão e tendo de atuar na Terceira quando voltar. O motivo não foi apenas a falta de patrocinadores, mas de apoio local, segundo Osman. Ele aposta que em breve Pepê possa tornar o Foz um “clube rico”, com sua provável venda ao exterior.
“No futebol hoje, você não pode ter percentuais para uma pessoa física, sempre na pessoa jurídica. E eu não canso de dizer que em breve o Pepê deve ser vendido por um grande valor e deve transformar o Foz em um time rico, sim. Não o presidente. Este continuará com a vida dele, dono de estacionamento e cuidando da vida dele. Mas o Foz do Iguaçu, sim, vai virar um time rico em breve com a venda do Pepê e quem sabe com a venda de outros jogadores, já que temos 11 bons jogadores revelados e vendidos pelo Foz”, garante Arif.
Base gremista
No site oficial do Grêmio, www.gremio.net, na página do elenco consta como se o primeiro clube da carreira de Pepê fossem as categorias de base gremista. Além do Foz, Pepê teve uma curta passagem pelas categorias de base do Athletico-PR e do Coritiba. O dirigente iguaçuense Arif Osman revela que o time gaúcho alegou ter feito isso como uma forma de valorizar o passe de Pepê, embora o acordo financeiro entre os dois clubes permaneça. “Quando vejo jornalistas de rede nacional dizendo que o Pepê iniciou na base do Grêmio, eu mando mensagem na hora ou para o jornalista ou à emissora corrigindo. Alguns corrigem, outros não”, conta Osman.
Contratatar jogadores de clubes do interior para passar por um período em suas categorias de base até chegarem ao elenco principal é um processo comum neste esporte. Outro exemplo disso é do meia Luan, atualmente no Corinthians e também contratado pelo Grêmio em 2013. Luan disputou o futebol profissional pela primeira vez nas divisões inferiores de São Paulo pelo Tanabi e se destacou na Copa SP de Futebol Júnior em 2013 pelo América-SP, de São José do Rio Preto.
Para o jornalista Roberto Mafra, que por muitos anos acompanhou de perto a trajetória do Foz FC, pode haver duas situações em casos assim. Ambas são com o intuito de valorizar ainda mais o passe do atleta. “Acredito que tenha situações diferentes. Tem a posição do clube mesmo, clube grande às vezes quer mostrar isso para dar uma valorizada no passe. Também existem situações onde o próprio atleta e empresário optam por omitir essas informações, para poder dar uma valorizada e dizer que é da base de um time grande. Não estou dizendo que é esse o caso, mas pode acontecer com outros jogadores. O que na realidade é uma besteira. Acho que tem que se valorizar onde o atleta foi criado e recebeu as primeiras oportunidades”, opina.
Na avaliação de Mafra, o sucesso recente de Pepê tende a ser ainda maior. “Acredito que vai muito mais longe ainda. Pela postura, pelo caráter dele e pela forma como o Grêmio e o técnico Renato Gaúcho estão vendo ele, não tenho dúvidas de que vai muito mais além”, finaliza.
Futuro
Enquanto a venda a um clube europeu não ocorre – a janela de transferências internacionais fechou na última sexta-feira (31) e reabre no meio do ano –, o jovem Pepê segue destacando-se com a camisa canarinho, buscando uma vaga para o Brasil no torneio de futebol masculino dos Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Até o fechamento deste texto ele já marcou três gols, sendo um dos artilheiros da competição e ajudando a seleção brasileira, treinada por André Jardine, a terminar a primeira fase com 100% de aproveitamento.
A reportagem do H2FOZ entrou em contato com o pai de Pepê e com o próprio jogador, mas não obteve retorno.
* Bruno Zanette é jornalista, roqueiro, praticamente um cibercinéfilo e leitor assíduo. Acompanha as notícias do Foz Futebol Clube desde 2008, quando ainda estava no segundo ano de faculdade.
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