Ciudad del Este está à beira de “uma catástrofe econômica”, diz prefeito

Miguel Prieto concorda que não é hora de reabrir a fronteira, mas pede ajuda do governo nacional para amenizar a crise.

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H2FOZ – Cláudio Dalla Benetta

O prefeito de Ciudad del Este, Miguel Prieto, disse ao jornal ABC Color que a cidade está caminhando para uma "catástrofe econômica", porque pequenos e médios empresários já começaram a despedir seus empregados, pondo em risco 60 mil empregos. E essa "catástrofe" pode ocorrer já dentro de duas semanas.

Prieto disse que está consciente de que não é possível reabrir a Ponte da Amizade, porque muitos paraguaios que retornam do Brasil estão dando positivo para Covid-19. Mas lamentou que o governo não promova uma política de auxílio a curto prazo para Ciudad del Este, onde "90% se dedicam ao comércio e dependem do Brasil".

"Não recebemos nenhuma resposta firme do governo, só nos indicaram que a reabertura da Ponte depende da evolução da pandemia. Sabemos e entendemos que não é o momento de abrirmos ao Brasil, porque muitos vamos nos contagiar", disse o prefeito.

Mas ele quer mais ajuda do governo, já que a Prefeitura só consegue oferecer aos moradores um auxílio para "aplacar a fome e a necessidade".

Nas avenidas vazias, Prefeitura aproveita para fazer desinfecção. Foto Prefeitura CDE

Maioria não quer reabertura

Leitores do La Nación, na maioria, não querem rebertura da Ponte da Amizade. Foto DNIT

Uma pesquisa feita pelo jornal La Nación entre seus leitores revelou que 88% deles consideram que "não é o momento" de o Paraguai reabrir suas fronteiras; 7% acham que isso deve ser feito, mas "de maneira gradual"; e 5% consideram que devem ser reabertas "porque os comerciantes precisam trabalhar".

Representantes de vários setores empresariais, trabalhadores do comércio e os prefeitos de Presidente Franco, Ciudad del Este e Hernandarias, lembra o jornal, se uniram para pedir ao governo que reveja sua decisão de manter o fechamento, mas o governo sequer prevê uma data para que isso aconteça.

Em documento enviado ao presidente Mario Abdo Benítez, a Câmara de Comércio e Serviços de Ciudad del Este pediu a abertura gradual da fronteira, para evitar o fechamento de empresas que mantêm cerca de 50 mil empregados.

O que dificulta uma decisão do governo paraguaio é justamente a situação da covid-19 no Brasil, que de terça (5) para ontem bateu novo recorde diário de mortes e casos confirmados.

Recorde de casos e mortes no Brasil

Segundo o Ministério da Saúde, foram mais 10.503 pessoas infectadas e 615 novos óbitos. Agora, o País tem 125.218 casos confirmados e 8.536 mortes, além de outras 1.643 em investigação.

É por causa desses números que o ministro da Saúde do Paraguai, Julio Mazzoleni, afirmou aos empresários da fronteira que o governo não tem prazo para a reabertura.

"A situação (no Brasil) não é a mesma que deste lado, a propagação do vírus não se esgotou no Brasil nem atingiu seu pico", afirmou Mazzoleni.

Portão colocado pelo Paraguai, pra dificultar acesso ao país. Foto Última Hora

Na política, Prieto fala em "perseguição"

No depoimento aos senadores, prefeito diz que é perseguido pela "máfia organizada". Foto Prefeitura de CDE

Em outra matéria, o jornal ABC Color noticia que o prefeito de Ciudad del Este, Miguel Prieto, reuniu-se na quarta, 6, com senadores de vários partidos, em uma das salas do Congresso Nacional. Ele apresentou os resultados de um ano de sua gestão e disse que está resgatando a cidade da "máfia organizada" que agora age contra sua administração, referindo-se ao clã Zacarías.

A administração de Prieto está sendo investigada pela Controladoria e Promotoria por suposto superfaturamento na compra de máscaras, cestas básicas e perfuração de poços artesianos. As denúncias foram apresentadas pelo vereador Celso Kelembu Miranda, que é aliado dos Zacarías.

Os senadores aliados do prefeito apoiaram a gestão de Prieto e se mostraram interessados em que as denúncias sejam esclarecidas, segundo o ABC Color.

Sobre a denúncia feita por Kelembu, o prefeito disse ao jornal que não o preocupa, porque sua gestão é transparente e já apresentou todos os documentos ao Ministério Público.

Prieto disse que o vereador quer dinheiro para ficar quieto. "Ele (Kelembu) está me chantageando em troca de dinheiro, como estava acostumado a fazer com os outros prefeitos. Ele não vai me obrigar a roubar para cumprir seu capricho. Kelembu está acostumado a que lhe paguem por seu silêncio. Ele está buscando dinheiro e encontrou com quem aliar-se para poder denunciar-me", afirmou Prieto.

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