Privatização do aeroporto de Foz precisa ser acompanhada de perto

É só ver o que aconteceu com as concessões de rodovias no Paraná, com os pedágios mais caros do Brasil.

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Cláudio Dalla Benetta (*)

O governo federal deve anunciar ainda este mês a abertura do processo de concessão à iniciativa privada de quatro aeroportos do Paraná, entre eles o de Foz do Iguaçu. A privatização deve ocorrer até 2020.

E isso é bom ou ruim? Tudo vai depender do grau de exigência previsto nos contratos de concessão. Se acontecer como foi feito com as rodovias paranaenses, sairemos todos perdendo.

O aeroporto de Foz não é o mais importante dos 55 aeroportos ainda administrados pela Infraero, mas também não é um terminal qualquer. Com 2,2 milhões de embarques e desembarques, no ano passado, o terminal iguaçuense ficou em 20° lugar entre os 30 mais movimentados do país.

Atualmente, recebe obras de modernização, especialmente do terminal de passageiros, mas a mais importante – a construção de uma nova pista, que permita receber voos internacionais -, por enquanto está só na promessa. E, com a privatização, quem garante que será feita?

Quando esteve em Brasília para tratar do assunto, no mês passado, o governador Ratinho Jr disse que, dos quatro aeroportos paranaenses a serem privatizados – Afonso Pena, Foz do Iguaçu, Londrina e Bacacheri (Curitiba) -, os de Foz e Londrina serão os que vão receber investimentos mais pesados. E destacou que o aeroporto daqui terá ampliação da pista.

Em bloco?

Se a privatização ocorrer como foi com aeroportos do Nordeste, em blocos, Foz poderá sair perdendo, se a mesma empresa ficar com o Afonso Pena, por exemplo, três vezes mais movimentado, em passageiros e cargas. Teme-se que a vencedora da concessão dê mais atenção ao aeroporto que atende Curitiba, bem mais rentável, e os outros permaneçam mais ou menos como estão agora.

Para o governo, as privatizações representam dinheiro em caixa para tapar o rombo das contas públicas. E a Infraero é uma das estatais deficitárias (R$ 10,4 bilhões de prejuízo acumulados em cinco anos).

Como quase todas as estatais, a Infraero sofre de gigantismo (tem mais funcionários que suas necessidades de pessoal), padece com influências políticas e não tem dinheiro para investir – precisa de recursos do governo pra fazer obras como estas do aeroporto de Foz.

Entre melhores

Mas não é má administradora de aeroportos. Mesmo depois de uma série de concessões à iniciativa privada, ainda é uma das maiores do mundo no setor. E, dos seus 55 aeroportos, três deles estão entre os quatro melhores do Brasil, conforme pesquisa feita pela Agência Nacional de Aviação Civil – Anac.

O governo do Estado, a Prefeitura de Foz e o setor turístico e empresarial da cidade precisam acompanhar atentamente o processo de concessão do aeroporto, para evitar que, daqui a poucos anos, lamentemos a medida, assim como sofremos com os caríssimos pedágios nas rodovias, que sequer receberam as obras previstas inicialmente nos contratos, alterados ao longo dos anos pela praga chamada corrupção.

(*) Cláudio Dalla Benetta é jornalista

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