Felipe Sversutti – OPINIÃO
Existe, incontestavelmente, uma tentativa, embora muitas vezes mal sucedida, de especulação imobiliária em todo o Brasil.
Todos concordamos que essa prática é uma realidade. Com isso em mente, quero falar sobre o nicho de imóveis aqui na ensolarada Foz do Iguaçu.
Casas destruídas que custam 4.000 reais (direto com o proprietário). Se você tentar alugar através de imobiliárias, meu amigo, boa sorte.
Nunca vi tanta burocracia em nenhuma cidade onde já morei. Tenho a impressão de que as pessoas não querem alugar nada a você, pois parece um esforço tremendo dificultar o fechamento de um contrato de aluguel.
Vale ressaltar que muitos anúncios de imóveis têm apenas uma foto da propriedade ou fotos de qualidade duvidosa. Parece que foram tiradas assim de propósito para parecerem ruins.
Você pode pensar que estou exagerando ou divagando, mas uma rápida visita aos sites das imobiliárias da cidade ou aos grupos de moradia no Facebook confirma o que estou dizendo.
Agora, fica a pergunta: por que isso acontece?
Claro, não sou um guru da macroeconomia imobiliária, mas podemos sempre especular (ba dum tss).
Há quem diga que é porque Foz está se tornando uma cidade universitária, e há quem diga que é porque a cidade é um centro turístico. Mas será mesmo?
Teoricamente, uma cidade universitária deveria ser um oásis de aluguéis acessíveis, incentivada pelo poder público, afinal, estudantes trazem dinheiro para a cidade, compram coisas, movimentam o comércio, etc.
Além disso, muitos deles nem trabalham, então não há aquele argumento de que estão roubando empregos dos moradores locais; é simplesmente dinheiro entrando no município.
O ponto de ser uma cidade turística também não faz muito sentido, Foz (pelo menos na minha opinião) não foi feita nem para quem mora em Foz, não tem estrutura básica para os próprios moradores.
Basta ver avenidas alagadas quando chove por mais de 5 minutos. E quem visita Foz não vai alugar uma casa por um mês na imobiliária X; ela vai ficar hospedada em um dos milhares de hotéis que existem na cidade.
Eu acredito que o problema real seja simplesmente a falta de noção das pessoas.
Os donos dos imóveis querem aumentar os preços dos aluguéis, forçando as pessoas a comprarem casas em vez de alugar. Isso permite que, com o dinheiro da venda, eles adquiram mais imóveis e aumentem ainda mais os aluguéis.
Cobrar R$2.000 por uma kitnet sem divisória entre o quarto e a cozinha é, sem dúvida, questionável.
E as exigências absurdas? Ah, essas são de dar risada.
Não pode usar o ar-condicionado mais do que algumas vezes por semana
Não pode ter companhia
O aluguel aumenta à medida que mais pessoas moram na residência
Não pode ter animais
Não pode ter filhos.
Resultado: temos um grande estoque de casas vazias e um número igualmente grande de pessoas em busca de um teto.
Mas pense nisso por um momento: com o valor do aluguel de uma modesta kitnet em Foz, você poderia facilmente viver no centro de cidades como Curitiba, Londrina ou Maringá, onde os preços dos aluguéis também têm suas artimanhas.
Muitas pessoas estão preferindo morar em cidades na região, onde o aluguel é muito melhor e sem tantas burocracias, pegar a estrada, gastar com gasolina do que morar em Foz.
Afinal, o que é uma pequena viagem e alguns litros de gasolina comparados às dificuldades de morar em Foz?
E assim, a cidade continua, cada vez mais empoeirada e desprovida de dinâmica interna, enquanto seus moradores buscam refúgio em outros lugares. Ah, a magia do mercado imobiliário de Foz!
Felipe Sversutti é social media e reside em Foz do Iguaçu.
Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

