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Opinião

Mais que falar, precisamos fazer.

O conceito “cidade esponja” difundido por Kongiian ainda é facilmente exequível em nossa Foz do Iguaçu.

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Mais que falar, precisamos fazer.
Foto: Freepik
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Por Ivan Baptiston – OPINIÃO

Num trágico acidente aéreo no Pantanal sul mato-grossense cedemos à Deus o brilhante arquiteto Chinês Kongjian Yu. Imagino que talvez a imensidão do Céu estivesse com algum desequilíbrio hídrico e se fez necessário levá-lo para compor jardins esponjas lá, já que por aqui parece que ainda não estão em nossas prioridades.

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Acabo de ler que nossa querida Foz do Iguaçu se prepara com investimentos robustos sonhando em receber mais 6 milhões de visitantes ao ano. Entre duplicações de rodovias, pontes, beira rio e outras grandes obras de infraestrutura, nota-se, como de rotina ou quiçá por mero esquecimento por parte de nossos dirigentes, a ausência de estratégias, projetos e obras ambientalmente estruturantes, para não ser piegas de falar em sustentáveis.

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Desde que cheguei aqui, há mais de 20 anos, tenho escutado dos projetos de fundo de vale: Projeto do Boicy, do Almada, do Tamanduá, do Mimbi, e muitos outros com belos nomes, belos projetos, muita conversa. Nunca saíram do papel. Seguimos sempre falando muito de natureza, meio ambiente, sustentabilidade, e pouco, ou nada fazemos. Desde a década de 1970 se trata no mundo de ecodesenvolvimento, sustentabilidades, etecetera e etecetera, vide os grandes textos produzidos a mais de meio século pelas Nações Unidas e suas agencias: PNUMA, PNUD, UICN e outras. Seguimos falando, discursando, planejando; porém, pouco ou quase nada executando, exceto mega obras de concreto, infraestrutura para e de milhões e milhões, grandes empreendimentos, duplicando e ampliando rodovias, sempre queimando mais combustíveis fósseis.  Furar mais poços de petróleo, mas gás, mais, mais e mais… R$, U$, … Seguimos deixando a conta e o passivo para as gerações futuras.

Curitiba se orgulha de ter um dos primeiros projetos brasileiros de parque em fundo de vale, Passeio Público, 1886, conceito que Kongiian sempre defendeu. Neste azimute muitos outros parques foram implantados na capital paranaense: Barigui, São Lourenço, Tingui, … Trata-se de um conceito basilar de manejo de bacias hidrográficas, gestão das drenagens e do ciclo hidrológico, mundialmente conhecido, estratégico, necessário e fundamental no planejamento urbano. Não há nada de novo, a roda já é conhecida. O novo aqui e necessário é viralizar o conceito, tornar-se conhecimento e apoderamento cidadão, popular, para que possamos deixar de falar, falar e falar e passar a agir, fazer, executar.   

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O conceito “cidade esponja” difundido por Kongiian ainda é facilmente exequível em nossa Foz do Iguaçu. O córrego Boicy e seus afluentes, como o Mimbi, possuem boas áreas marginas para modelar parques lineares de fundo de vale, equilibrar a drenagem reduzindo as enxurradas, as inundações e os danos e, ao mesmo tempo, promover a qualidade ambiental urbana para o cidadão, para os visitantes, para a sociedade em geral. Um projeto de grande inclusão social, possibilitando integrar toda região nordeste de Foz ao centro num mosaico de parques esponjas, ciclovias, trilhas e caminhos alternativos para a circulação de trabalhadores, pessoas e visitantes, reduzindo a dependência de transporte motorizado. Um morador da região do bairro Três Lagoas que trabalha perto do centro poderia ir e voltar por ciclovias, trilhas e caminhos, reduzindo a pegada ambiental e cuidando melhor de sua saúde física e mental. Da mesma forma, um visitante, um turista hospedado pela região poderá usufruir desta estrutura urbana.  Podemos fazer no Almada, no Tamanduá e em muitos outros córregos urbanos.

Precisamos pensar, planejar e investir agora, enquanto ainda temos muitas áreas de fundo de vale livres ou com pouca ocupação. Os custos lá na frente serão exponencialmente muito maiores com desapropriações, indenizações e obras de engenharia.

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Um exemplo fácil e didático é o córrego Monjolo. O parque Monjolo já é uma esponja, e pode/deve ser ampliado para áreas a montante e a jusante, possibilitando o manejo do fluxo hídrico de toda a região entre a Av. JK, Av. Paraná e a Br 277, com a área do exército bem ao centro, ímpar para a segurança e equilíbrio do restante do antigo leito do córrego Monjolo, já enclausurado sob as vias centrais de nossa cidade.   


Ivan Baptiston é Eng. Florestal.

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