Rádio Clube
H2FOZ
Início » Últimas Notícias » Paraguai comprou vacinas ainda em outubro. Mas não veio nada. Mistério resolvido

Coronavírus

Paraguai comprou vacinas ainda em outubro. Mas não veio nada. Mistério resolvido

Além de erro no envio de recursos à Organização Panamericana de Saúde, o Paraguai pagou, na verdade, para entrar no mecanismo Covax, não pelas vacinas.

4 min de leitura
Paraguai comprou vacinas ainda em outubro. Mas não veio nada. Mistério resolvido
Foto que seria histórica.O próprio ministro da Saúde, Julio Mazzoleni, aplica a primeira dose de vacina numa profissional de saúde paraguaia. Ficou nisso. O Paraguai corre atrás de vacinas. Foto Agência IP
Publicidade

Todos os países vizinhos já iniciaram a vacinação contra a covid-19 (com destaque para o Chile), mas o Paraguai só imunizou até agora 2 mil profissionais de saúde, com vacinas Sputnik V, da Rússia, e só não ficou nisso porque recebeu uma doação de 20 mil doses do Chile.

No entanto, o Ministério de Saúde Pública informava, rotineiramente, que estavam pra chegar milhares de doses de vacinas obtidas via Covax, o mecanismo criado pela Organização Mundial da Saúde para garantir distribuição a todos os países sócios. Nas Américas, quem cuida do Covax é a Organização Panamericana de Saúde.

Publicidade

Mas o que aconteceu? Afinal, o presidente do Paraguai, Mario Abdo Benítez, queixa-se que o país pagou já em outubro para garantir mais de 4 milhões de vacinas, que nunca chegaram.

Uma deputada paraguaia, Celeste Amarilla, que apresentou oficialmente acusações contra o presidente e seu vice, Hugo Velázquez, pela má atuação durante a pandemia, foi a fundo e descobriu o mistério das vacinas que não chegam.

Segundo notícia publicada pelo ABC Color, o Paraguai realmente enviou à Organização Panamericana de Saúde (OPS) US$ 6.850.650, em outubro. Mas este dinheiro não era pra comprar vacinas, mas sim uma forma de participar do Covax, o que talvez o próprio presidente desconhecia.

Publicidade

Começava ali o problema. O Paraguai fez ainda uma segunda transferência, de US$ 2,8 milhões, mas cometeu um erro: o dinheiro foi para a conta da The Vaccine Alliance Gavi, da Fundação Bill Gates, que procura assegurar vacinas anti-covid a países pobres.

Ao perceber o erro, o governo paraguaio pediu os recursos de volta. Foram devolvidos. Mas, ao invés de enviar à OPS, o então ministro de Saúde Pública, Julio Mazzoleni, segurou o dinheiro, porque ficou bronqueado pelo erro, que teria sido causado pela própria organização de saúde.

Publicidade

Com isso, não garantiu as 4 milhões de doses previstas. A OMS deve enviar ao Paraguai, talvez na próxima semana, 36 mil doses, que vinham sendo anunciadas como primeira parte da provisão de vacinas do Covax. Por essas vacinas, o Paraguai pagou US$ 158 mil. “É a única coisa que compramos”, disse a deputada.

Ela aproveitou para criticar duramente a OPS, conforme o ABC Color, por pedir uma “cota de ingresso” justamente nesses tempos de crise. “Me parece uma exploração da OMS e da OPS, uma vil exploração de países pobres”, disse.

O ministro de Saúde Pública no cargo, Julio Borba, sempre segundo o ABC Color, negou que tenham ocorrido erros no processo de compras das vacinas pelo Covax.

Segundo ele, o governo paraguaio transferiu US$ 6.850.650 em outubro, como garantia para assegurar a aquisição das vacinas.

PEDIDO DE COOPERAÇÃO

O primeiro país visitado foi o Brasil. Acevedo é recebido por seu par, Ernesto Araújo, e depois pelo presidente.

Sem vacinas, o governo está meio que no desespero. O ministro de Relações Exteriores, Euclides Acevedo, iniciou nesta quarta-feira, 17, viagens internacionais com a missão de conseguir vacinas, nem que seja “debaixo de pedras”, como disse a ele o presidente Mario Abdo Benítez, segundo o jornal Última Hora.

As viagens incluem o Brasil, a Argentina e o Chile, para gestionar a aquisição ou a cooperação referente à compra das vacinas.

Viajam com Acevedo o embaixador Raúl Cano, vice-ministro de Relações Econômicas e Integração; o embaixador Marcelo Scappini, diretor geral de Política Bilateral; e Liz Cramer, representante do Ministério de Relações Exteriores no conselho da Itaipu Binacional.

Acevedo reconheceu que o governo não sabe onde conseguir vacinas, depois do fracasso da negociação com outros mecanismos.

Ainda nesta quarta, a delegação paraguaia foi recebida pelo presidente Jair Bolsonaro e pelo ministro de Relações Exteriores, Ernesto Araújo.

A Agência Brasil noticiou o encontro de Acevedo com o presidente brasileiro, “que veio ao Brasil pedir ajuda para combater a covid-19 no país vizinho”. Mas, segundo a notícia, “Os detalhes sobre que tipo de ajuda foi solicitado não foram informados”.

Você lê o H2 diariamente?
Assine no portal e ajude a fortalecer o jornalismo.
Assuntos