Formado em Medicina pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) há quase 50 anos, José Elias Aiex Neto, o Dr. Aiex, fez da saúde pública mais do que uma profissão, mas uma causa de vida. Essa trajetória é reconhecida com o título de Cidadão Honorário de Foz do Iguaçu, aprovado por unanimidade na Câmara de Vereadores nesta quinta-feira, 9.
Assista à entrevista de Dr. Aiex ao programa Marco Zero, sobre o livro “Barbárie Consentida”:
Servidor público iguaçuense concursado, desde a década de 1990, foi secretário municipal de Saúde e Antidrogas. Presidiu a Associação Médica do Paraná e os conselhos municipais de Saúde e Antidrogas. Conta com distinção pela atuação em programas de saúde mental, que ajudaram a ampliar esse atendimento principalmente para os estratos mais populares, antes inacessível pelo custo.
Na justificativa para conceder a cidadania honorária, o Legislativo afirma que Dr. Aiex é um “defensor intransigente do controle social das políticas públicas”, o que resultou na sua participação em conferências nacionais e internacionais. O profissional da saúde se “destacou por sua ampla atuação na saúde mental, com ênfase na proteção, promoção, prevenção e assistência à saúde”, frisa a Câmara.
Foi responsável e docente na residência em psiquiatria em Foz do Iguaçu, resultado de convênio com o Ministério da Educação (MEC). Sua produção intelectual inclui a publicação de seis livros, artigos e notas em jornais e revistas regionais e nacionais, em que Dr. Aiex faz a problematização e a denúncia, com base no rigor científico, da relação entre desigualdade social e adoecimento.
Ativo na sociedade, é um dos fundadores e também presidiu o Centro de Direitos Humanos de Foz do Iguaçu, associação civil em que milita até hoje. Nesse campo, entre outras abordagens, contribui promovendo a compreensão e a busca de alternativas sobre como determinadas relações de trabalho afetam a saúde mental dos trabalhadores.
“Utopia de uma cidade melhor”
Em 2015, José Elias Aiex Neto já foi homenageado pela Câmara de Vereadores com uma moção de aplauso pelos mais de 20 anos de serviço e dedicação à saúde de Foz do Iguaçu, registrados naquele período. Na ocasião, defendeu a humanização e o direito ao atendimento da população, e cobrou ação política para garantir o financiamento adequado.
Ele falou de seu sonho como profissional e cidadão. “A minha grande utopia é viver em um país melhor, em uma cidade melhor. O movimento da reforma sanitária que eu participei ainda está em construção, porque o SUS não é um sistema acabado”, disse na época. “Quero acreditar que teremos em Foz um modelo para saúde mental para o Brasil”, declarou Dr. Aiex, demonstrando o que o moveu ao longo de décadas.
Agente político
O psiquiatra soma, ainda, a intervenção no meio político de Foz do Iguaçu, tendo sido filiado a agremiações como PT, Psol e PDT, concorrendo a cargos eletivos. Contou em livro, em coautoria, sua experiência entre os coordenadores da “Frentona”, consórcio de 18 siglas que derrotou a “Família Silva” em 2004, tradicional grupo político local, o que levou à prefeitura Paulo Mac Donald Ghisi, com quem Aiex rompeu depois.
Concorrendo a prefeito em 2012 contra Chico Brasileiro, que na época era do PCdoB e representava a continuidade, Dr. Aiex protagonizou momentos emblemáticos durante os debates na televisão. O médico antagonizou com Brasileiro principalmente em temas relacionados ao funcionamento e à qualidade da saúde pública em Foz do Iguaçu, elencando os reais problemas enfrentados pelos usuários.
Cidadania honorária
O título de cidadão honorário é entregue em Foz do Iguaçu por meio de decreto legislativo deliberado pela Câmara. É concedido a pessoas “com reputação ilibada e conduta pessoal e profissional irrepreensíveis que tenham prestado relevantes serviços à cidade”. Também pode receber o título honorífico quem atuou “nos variados campos do conhecimento humano” e venha a merecê-lo como motivo de honra para a população.
A proposta de cidadania honorária a Dr. Aiex é subscrita por 13 vereadores iguaçuenses (Adnan El Sayed, Alex Meyer, Anice Gazzaoui, Cabo Cassol, Edivaldo Alcântara, Galhardo, Jairo Cardoso, João Morales, Kalito Stoeckl, Marcio Rosa, Ney Patrício, Rogério Quadros e Yasmin Hachem). Na votação, na manhã desta quinta-feira, a matéria recebeu a totalidade dos 15 votos. Agora, a mesa diretora e a equipe técnica do Legislativo irão agendar a data e a solenidade de entrega da chancela, em evento aberto à comunidade.
