Na dança dos números, o que esperar de Brasil, Paraguai e Argentina em 2020?

Perspectivas parecem ser as melhores para o Paraguai, medianas para o Brasil e menos piores pra Argentina.

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* Cláudio Dalla Benetta

O que esperar da economia de Brasil, Paraguai e Argentina em 2020? A começar pela inflação, as perspectivas são boas para o Paraguai e até para o Brasil; mas e continuam complicadas para a Argentina.

O Brasil fechou janeiro com inflação de 0,21%; o Paraguai, com 0 (isto mesmo, nada de inflação no mês); e a Argentina, com 3,5%.

Pelas projeções feitas por instituições financeiras consultadas pelo Banco Central, caiu mais uma vez a estimativa de inflação no Brasil, este ano. Agora, a previsão é de 3,25%. Isto é, no ano inteiro o país terá inflação inferior à da Argentina num único mês.

A previsão para a inflação no Paraguai, este ano, é um pouco mais alta que a do Brasil: 3,9%. Mas se manterá civilizada, como sempre.

A da Argentina – pobres hermanos! – deve passar de 40%. O índice deve baixar para 3% em fevereiro e 2,9% para maio, junho e julho. Depois, fica ao deus-dará, que ninguém arrisca muito. A do ano passado, vale lembrar, foi de 53,8%, a mais alta desde 1991 e uma das mais elevadas do mundo.

Quanto ao crescimento do Produto Interno Bruto, analistas de vários naipes apontam que o Paraguai vai novamente pra ponta. Deve crescer 4,1%, segundo o Banco Central do país, referendado até pelo FMI. Uma boa recuperada depois do susto de 2019, quando o crescimento só não foi zero por milagre. Foi de 0,2%, apenas.

Segredos do Paraguai? O presidente do Banco Central, José Cantero, menciona a inflação controlada, a posição fiscal, o tipo de câmbio flexível, um sistema bancário sólido e solvente, além de níveis ótimos de endividamento.

Em 2019, o país quase entrou em recessão por causa da agricultura e da criação de gado, prejudicadas por uma seca terrível ainda do final de 2018.

A seca também impactou a produção de energia das duas binacionais, Itaipu e Yacyretá, uma importante renda para o país. E logo a seguir vieram chuvas, muitas chuvas. Sem contar o clima ruim nos dois vizinhos, com a queda do peso e do dólar, que  afetaram as vendas do comércio paraguaio de fronteira.

Já o Brasil, que cresceu pouco mais de 1% em 2019, deve dobrar a meta em 2020 (algo entre 2,3% e 2,5%, segundo analistas).

Como a população brasileira aumenta 0,8% ao ano, significa que, pelo menos matematicamente, o crescimento do PIB permitirá aumentar também o Produto Interno Bruto per capita, isto é, o que cabe a cada brasileiro. Mas, na cruel matemática das desigualdades sociais crescentes no País, é bem mais provável que gente rica fique mais rica.

Se o crescimento do PIB, no entanto, se traduzir em mais e melhores empregos, aí começará de novo uma saudável mudança pra melhor, com uma classe média mais apta a movimentar o consumo e a espalhar renda, numa análise simplista.

Já a Argentina, que vem aos trancos e barrancos desde sempre, não vai conseguir trazer a inflação para um nível confiável. Por consequência, será mais um ano de crise e de queda no PIB, embora menor que em 2019.

Consertar a Argentina, depois de tantos e tão sucessivos erros, é tarefa que deveria surgir de um pacto nacional, e não na eterna esperança de que um homem – ou um partido – resolva o problema magicamente.

Mas, aos problemas internos desses três países, somam-se os externos. Quem imaginaria uma pandemia de coronavírus, numa China que no ano passado já cresceu menos do que o esperado? Não é só o turismo mundial que será afetado, mas também importações e exportações. O Brasil já sentiu isso em janeiro, quando pela primeira vez em cinco anos importou mais que exportou.

Caíram as vendas de soja e alguns produtos que o Brasil vende no mercado externo perderam valor. Com isso, a balança comercial fechou janeiro com o primeiro déficit desde 2015. O país importou US$ 1,75 bilhão a mais do que exportou.

A China – sempre a China! – diminuiu a compra de soja e milho, usados como ração para porcos, devido à peste suína no país, e aumentou a de carne bovina, mas não o suficiente para compensar a queda nos outros produtos.

Enfim, projeções são feitas sem contar surpresas como o coronavírus, a peste suína e outros males de países que movem a economia do mundo.

Mas, se confirmado o crescimento do Brasil, ele ajudará o Paraguai a voltar a seu ritmo veloz. E, quem sabe, dará até uma mãozinha à Argentina.

* Cláudio Dalla Benetta é jornalista em Foz do Iguaçu

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