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Por que precisamos de hospitais veterinários públicos  

Atendimento veterinário público é uma política pública necessária e urgente.

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Por que precisamos de hospitais veterinários públicos  
Atendimento veterinário deveria ser inspirado no SUS. Foto: FreePik
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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

A resposta ao título, por que precisamos de hospitais veterinários públicos, é muito simples: para diminuir o sofrimento dos animais e das pessoas que gostam deles. E, de carona, vai agradar até a quem não é fã. E mais, para acabar com a dependência de protetores, ONGs e, principalmente, politiqueiros que usam os animais para angariar votos.

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Nenhuma clínica particular vai quebrar se houver atendimento público aos animais, pois estamos falando principalmente de uma fatia que não frequenta ambientes similares. São animais com tutores de baixa renda, animais que perambulam pelas ruas ou são abandonados em áreas rurais, que morrem ou agonizam sem receber atendimento veterinário, porque o custo é alto.

Muitos tutores de animais nem buscam orçamento, calculando que não vai caber no orçamento. Há aqueles que têm dinheiro, mas gastam com supérfluos e, quando o animal precisa de socorro, simplesmente dão as costas. Claro que há exceções, pessoas sem condição financeira que fazem sacrifício, porém não deixam de prestar socorro aos animais.

É nesta época do ano que os abandonos e sofrimentos mais acontecem, quando os animais mais precisam de atendimento. As pessoas resolvem viajar e simplesmente soltam os bichos nas ruas — e eles, sem rumo, são atropelados. Outros fogem com medo dos rojões

Famílias que delegam os cuidados a vizinhos ou conhecidos, que por motivos diversos voltam de viagem e recebem a notícia do sumiço do bichinho…

O que temos visto em muitas cidades são algumas ações de atendimento público a animais abandonados ou tutores de baixa renda, as quais muitas vezes exigem que a pessoa esteja na linha da miséria para ter alguma ajuda de órgão público. É como se o cidadão não pagasse imposto, e o órgão público estivesse fazendo um favor.

Porém, em outras, já existem hospitais públicos. Normalmente, estão ligados a instituições com cursos de Veterinária, onde os estudantes são orientados por professores e prestam atendimento clínico.

Contudo, precisamos ir além. O atendimento necessita chegar, também, aonde não há recurso algum. Vimos, na última eleição, uma onda de políticos que surfaram na causa animal e usam suas redes sociais para expor denúncias, fiscalizações.

  • Sim, cada animal resgatado importa. Mas a questão é que, após o resgate, ele precisa de atendimento veterinário. E nem sempre há recursos para tanto. Quem atua no resgate de animais sabe o quanto tudo é muito delicado. Normalmente, os maus-tratos estão relacionados com pessoas de má índole, para não dizer bandidos, o que já exige bastante cautela. Além do atendimento veterinário, há o desafio de encontrar local para abrigar o animal. Ou seja, a cada passo é um novo desafio.

Para o político realizar o resgate, ganhar likes e passar a “batata quente” para frente é fácil. Entretanto, o cidadão comum não tem estrutura. Quer ajudar, mas não tem recursos financeiros nem condição material e mesmo psicológica. 

As emendas PIX, cuja maior parte corre em segredo, superam R$ 7 bilhões no orçamento de 2026. São aquelas verbas que passam pelos deputados e senadores, os quais usam o dinheiro para suas campanhas eleitorais. Desse valor todo, qual é a parte destinada a diminuir o sofrimento dos animais? Há mesmo interesse em resolver o problema ou é preciso do problema para continuar elegendo pessoas e proporcionando cargos?

Hospital veterinário público, clínica pública ou mesmo um SUS para animais faria com que o atendimento aos bichos não precisasse da figura do “atravessador”, que ajuda, todavia cobra o voto lá na frente. 

E como um hospital funcionaria? E as clínicas particulares, não iriam quebrar? A resposta também é simples. Basta olhar ao redor e perguntar-se: se a pessoa pudesse escolher atendimento médico, ela optaria pelo sistema público ou particular?

Inclusive, as clínicas veterinárias poderiam ser contratadas para realizar os serviços, movimentando a economia local. Pois, como já foi frisado, estamos falando de atendimento a um público que não frequenta clínica. Precisamos ser as vozes dos animais e defender o mínimo: atendimento quando mais precisam!

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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    Aida Franco de Lima

    Aida Franco de Lima é jornalista, professora e escritora. Dra. em Comunicação e Semiótica, especialista em Meio Ambiente.

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