Uma dica para quem aprecia o binômio medicina-história é visitar o Museu Casa Dra. Marta Teodora Schwarz em Puerto Iguazú, Argentina.
O museu conta a história de Marta Schwarz, primeira médica da região trinacional de Brasil, Paraguai e Argentina. Com objetos pessoais, móveis, fotos e instrumentos usados para atender pacientes, o espaço traz um panorama da vida dela.
Marta chegou a Puerto Iguazú em 1949, época na qual o município, com cerca de 400 habitantes, passava por uma epidemia de malária e o trabalho de homens na medicina predominava.

Ela atendia pacientes em toda a região. Destemida, fazia o que fosse preciso para chegar até as pessoas que necessitam. Cruzava as fronteiras com o Brasil e o Paraguai em canoa, subia em caminhões e montava cavalo.
Nas andanças pela região para atender os pacientes, levava consigo remédios e não cobrava se as pessoas não tivessem condições de pagar. Atendia dia e noite quem a procurava.
Além do espanhol, comunicava-se em português e guarani. Pela assistência prestada aos pacientes, ficou conhecida por “Anjo da Selva”.
Ao se observar objetos pessoais e fotos e ler os textos sobre a médica, é possível entender a vida de uma personalidade que viveu em prol dos outros.

Consultório médico
O museu está instalado na casa onde a médica morou por um tempo. Um dos ambientes mais marcantes é o que reconstitui o consultório médico dela.
Lá estão expostos maca, instrumentos cirúrgicos e o lavabo para mãos, que surgiu como medida de prevenção por volta de 1850.
Em outro ambiente do museu há roupas, móveis e objetos pessoais da médica. Vaidosa, ela se vestia bem e tinha uma vida social intensa pela representatividade na sociedade.

Gostava muito de viajar com amigos e nessas andanças levava uma máquina fotográfica, que está exposta no museu.
Marta dirigiu Hospital SAMIC por 40 anos
Logo que chegou a Puerto Iguazú, Marta foi trabalhar no Hospital SAMIC, situado no centro da cidade, em frente ao museu. Em 1986, o hospital — que dirigiu durante 40 anos — recebeu o nome da médica.
Ela se graduou em medicina na Universidade Nacional de Córdoba, onde na época estudavam apenas seis mulheres.
Começou a exercer a medicina em uma província chamada Puerto Naranjito. Lá vivia com a mãe em uma casa simples de madeira.
Fez especialização em ginecologia e obstetrícia na Universidade Federal de Frankfurt, Alemanha, e passou por outros países europeus.

Durante a carreira, realizou mais de 2.500 partos. Representou a Argentina e países vizinhos na Organização das Nações Unidas (ONU) e na Organização dos Estados Americanos (OEA), e recebeu a bênção de papas.
Marta também estudou farmácia e era puericultora. Em razão da competência técnica e do envolvimento com a sociedade, foi ministra da Saúde, Cultura, Educação e Ação Social de Misiones (1963).
Ao longo da vida, recebeu inúmeros prêmios e homenagens.

Nessa lista estão o Prêmio Alicia Moreau de Justo por ser uma das cem mulheres com trabalhos dedicados à Argentina (1968); o prêmio da ONU pela trajetória pessoal (1999); e o Prêmio Hipócrates, da Universidade de Buenos Aires, como médica destacada na assistência rural (2001).
De família alemã, Marta Teodora Schwarz nasceu em Buenos Aires em 8 de março de 1915. Aos 6 anos, ficou órfã de pai e iniciou os estudos em um colégio alemão da capital com ajuda do padrinho.
Ela não casou ou teve filhos e faleceu em 29 de março de 2005 aos 90 anos. O corpo está enterrado em um mausoléu do cemitério de Puerto Iguazú.

Serviço:
Casa Museu Dra. Marta Schwarz
O museu funciona de segunda a sexta das 7h às 20h e aos sábados e domingos das 16h às 20h (horário local).
Fica na Avenida Victoria Aguirre com Alvar Núñez.
A entrada é gratuita.
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