E se as aduanas da fronteira trinacional recuassem para dentro dos territórios de Ciudad del Este, Foz do Iguaçu e Puerto Iguaçu? Na prática, criaria-se uma área destinada ao trânsito fronteiriço de moradores das Três Fronteiras e turistas.
Há poucos dias, pela primeira vez, a Argentina ventilou a possibilidade de tirar o controle migratório da cabeceira da Ponte Tancredo Neves, na sua fronteira com o Brasil. Quem verbalizou tal medida foi ninguém menos que a toda-poderosa ministra de Segurança, Patricia Bullrich. Foi o que mostrou com exclusividade o H2FOZ.
Sua fala surpreendeu ao abordar a possibilidade de recolher o posto de fiscalização para uma área mais adentro de Puerto Iguazú. Tudo bem que a explanação foi em evento de caráter eleitoral. Mas foi dito.
O tema não é novo. Faz anos que o professor, sociólogo e matemático de Foz do Iguaçu Luiz Carlos Kossar defende a reorganização da localização dos meios de controle. “Esta visão da ministra já deveria ser implantada há muito tempo”, disse ao Blog da Redação.
Aduanas da fronteira
Para ele, burocracias dos três países não fazem sentido. “Historicamente, esta região já é integrada nos fluxos da cultura e do comércio. A flexibilização do fluxo, com o afastamento das aduanas, trará ganho significativo a todos. Hoje, temos um milhão de habitantes conectados em todas essas atividades”, frisa Kossar.
Os ganhos? Kossar acredita que aumentaria o fluxo de turismo, com investimentos no comércio, hotelaria, gastronomia e outros segmentos. Para ele, que analisa e estuda a realidade fronteiriça, a concorrência ainda facilitaria a equalização dos preços.
“E com certeza a região se tornará o chamado livre comércio”, argumenta. “A fiscalização vai ser mais efetiva, pois as forças de controle estarão mais integradas. E para fora da região, as aduanas terão um controle mais rigoroso”, avalia Kossar.
O afastamento das aduanas seria ótimo para a população das três cidades envolvidas, mas sabemos que alguns “interesses” impedem este deslocamento.