A Câmara desceu ao mais baixo nível de debate público na atual legislatura em sessão nessa quinta-feira, 11. Houve trocas de ofensas e acusações entre vereadores, as quais começaram na votação de projetos e prosseguiram na palavra livre.
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Valentina (PT) cobrou um assunto pertinente, levantando dúvidas sobre apropriação indevida de projetos por vereadores e obstáculos com pareceres da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ). E cobrou respeito às prerrogativas das mulheres vereadoras.
Soltado Fruet (PL), presidente da CCJ, explicou que todas as matérias são analisadas com critérios e apoio do jurídico. Primeiro, disse não aceitar que seja colocada em dúvida a imparcialidade da comissão; depois, aliviou, convidou os pares a acompanhar a decisões da CCJ.
Anice x Prestes
Anice Gazzaoui (PP) e Sidnei Prestes (Mobiliza) se enfrentaram asperamente, sem citar o nome um do outro. Anice endossou o pedido de respeito às vereadoras, que são quatro na legislatura. Sidnei enalteceu o número de projetos por ele apresentados.
Anice opinou que qualidade é mais importante do que quantidade. Não adianta “pegar ordem de serviço de determinada secretaria porque é amiguinho da pasta e fazer filminho fazendo de conta que está trabalhando”, realçou.
Prestes elevou o tom, verbalizando que vereadores precisam ter respeito e “ficha limpa”, argumentando ser autor de cerca de 30 projetos de lei. E alfinetou: “Todos os vereadores com quem eu conversei têm mulheres nos gabinetes, exceto uma, que se diz a defensora da mulher”.
As farpas entre Anice e Prestes incluíram imputações mútuas quanto a prisão e a condenação na Justiça.
E os resultados?
Dr. Ranieri Marchioro (Republicanos) deu “com os burros n’água” ao professar superioridade. Propôs que as divergências entre os vereadores estavam ficando acima do debate político e ideológico. “Estamos começando a fazer muita brincadeira, e a população espera mais resultados e coisa séria.”
Anice rebateu: “Estou pasma. Tem vereador que estava seis meses em quarentena. Espero que tenha aprendido a trabalhar, porque custa caro [estrutura legislativa e salário]”.
Elefante na loja de cristais
Cabo Cassol (PL), líder de Silva e Luna no Legislativo, pronunciou-se para refutar embates entre homens e mulheres na Câmara. “Eu vejo as quatro mulheres que estão aqui muito mais intelectuais do que repente [sic] nós, homens. Não entendo por que em qualquer embate partir para esse lado. Vocês são muito inteligentes”, afirmou, colocando-se com aferidor da intelectualidade feminina.
E foi além em seu discurso ao argumentar que há várias mulheres na administração do atual prefeito, as quais são secretárias e diretoras, exemplificou. “Quando criticam a gestão, automaticamente vocês mulheres estão falando que as mulheres que estão lá não têm tanta competência assim”, declarou, desvirtuando o debate — e a realidade.
E o presidente?
O presidente da Câmara, Paulo Debrito (PL), assistiu inerte à deterioração do debate entre vereadores e vereadoras, sem interferir para restabelecer o diálogo que interessa à população: em prol de ações e projetos efetivos. A lembrar, quem preside, lidera, devendo pautar a instituição no caminho da relevância púbica.