Guardiãs da Memória realiza encontro emocionante de mulheres pioneiras

Projeto nasceu da falta de nomes femininos na história de Foz do Iguaçu e da necessidade de incluí-los

Guardiãs da Memória, projeto encabeçado pela cientista social Tathiana Guimarães, teve o primeiro encontro presencial no Zeppelin Old Bar. Durante o evento, mulheres pioneiras contaram as próprias histórias e entrelaçaram-nas.

Com a participação de nomes conhecidos na educação, empreendedorismo e políticas públicas, as mulheres e os ouvintes puderam tecer os retalhos da história. 

Depois de uma rápida introdução da organizadora, o microfone passou para as guardiãs Rose Corrêia e Maria Serrate, que falaram sobre os quilombos do Apepú e da Horta do Seu Zé e Dona Laíde. As duas remontaram ao relacionamento das famílias por meio de curiosidades, como as tradições festivas na igreja que frequentaram. 

“A gente fez uma festa junina lá na igreja do [meu] avô, fomos lá rezar o terço dia 7 e depois acendemos a fogueira dia 22, do jeito que ele fazia”, explicou Rose. “Essa foi a primeira igrejinha que participei, eu lembro dos terços, das novenas. Foi lá que a gente se conheceu e começamos a conviver”, emendou Maria. 

Projeto tem como objetivo tecer a história de Foz do Iguaçu. Foto: Marcos Labanca

A conversa continuou com outras duas guardiãs: Elza Kleinschimitt e Rosilene Medeiros, que representavam a comunidade do Jupira e o empreendedorismo. O foco desse segmento foram as medidas para se fazer um ambiente saudável para o desenvolvimento de crianças. 

“Se não fizermos nada pra mudar, vai crescer achando que é normal trabalhar com coisas erradas, trabalhar com coisas erradas”, declarou Elza. “Criança precisa de escola, de atividades, para ver que o mundo não é só aquilo, para ela ver que o mundo não é aquilo”, complementou Rosilene. 

A participação da guardiã Marlene Warken encerrou o evento. Em vídeo, falou sobre a educação. “Parece que a força política não quer que a educação se sobressaia”, exclamou. Para ela, é necessário ter uma educação de qualidade desde os primeiros anos. 

Público pôde ajudar a contar essa história com os próprios relatos e perguntas. Foto: Marcos Labanca

Fundir as histórias era a intenção de Tathiana. “Queríamos mostrar a magnitude de mulheres protagonistas que ainda estão ocultas”, frisou. Trazer as histórias à tona de forma dialética foi a ferramenta escolhida para tocar o projeto. Assim, são contados os relatos das mulheres pioneiras, ao mesmo tempo que se acrescentam as experiências das filhas, netas e bisnetas delas.

Um ponto interessante ressaltado pela cientista social é que os homens também contribuíram para o projeto. “Eles também têm referências femininas importantes para o desenvolvimento moral, afetivo e educacional. O problema é que chega a um patamar da sociedade que a mulher é deixada de lado”, realçou. 

No final da roda de conversa, Tathiana já havia sinalizado: “Vamos precisar de mais um encontro.” Em entrevista ao H2FOZ, salientou que o projeto tem muito a ser expandido. O apoio do edital da Fundação Cultural permitiu que a pesquisa começasse. Agora, o objetivo é fazer crescer e chegar até as escolas. Novas edições, materiais audiovisuais e boletins informativos já estão no papel.

Além dos editais, a organizadora criou uma captação independente de recursos por meio do PIX. Qualquer contribuição é bem-vinda. A chave é: 54.458.226/0001-60.

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