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Imóveis com dívidas

Bairro de Foz do Iguaçu tem 300 imóveis com dívidas, parte sob risco de leilão

São propriedades no Jardim São Luiz, na Região Leste, com débitos de impostos, de taxas e de parcelas.

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Bairro de Foz do Iguaçu tem 300 imóveis com dívidas, parte sob risco de leilão
A área residencial popular foi à venda em 1995, com 449 lotes – foto: Marcos Labanca/H2FOZ
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Localizado na Região Leste de Foz do Iguaçu, a cerca de cinco minutos do centro, o Jardim São Luiz possui mais de 300 imóveis com dívidas, 80 deles podendo ser executados judicialmente. O levantamento é do agente imobiliário Nédio Luiz Carboni, que trabalha há mais de três décadas no ramo.

O profissional atendeu a alguns moradores, sem saber que se deparava com um problema social. Os débitos incluem Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU) e taxas de serviço, junto à prefeitura, além de parcelamentos com a loteadora.

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A área residencial popular foi à venda em 1995, com 449 lotes comercializados a valores acessíveis e financiados. O loteador não tem acionado judicialmente moradores com dívidas de terrenos, mas haverá mudança na sociedade e razão social no ano que vem.

Já as pendências de IPTU podem resultar em cobrança judicial, em que o leilão, conforme a prefeitura, é a última medida, esgotadas as demais formas de regularização. Esse expediente ocorre quando o contribuinte deixa de pagar o imposto por vários anos (veja abaixo).

Imóveis com dívidas

O proprietário da Invest Foz Imobiliária elaborou uma planilha na qual descreve as pendências do Jardim São Luiz. Os valores devidos à Fazenda municipal superam meio milhão, mais especificamente R$ 573 mil, não incluídas parcelas dos lotes, honorários advocatícios e custas judiciais.

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“São dívidas individuais que podem chegar até R$ 26 mil. Comecei solucionando o problema de alguns moradores que procuraram o nosso serviço, mas vi que era algo muito maior e mais grave”, expôs Nédio. “Então, me debrucei em formas de resolver esse problema.”

Bem localizado, bairro conta com comércio e serviços próximos – foto: Marcos Labanca

Conforme explicou, o agente imobiliário obteve um empréstimo a juro baixo de uma cooperativa financeira de Foz do Iguaçu e firmou parceria com a loteadora Estrada Velha, responsável pela venda dos lotes. Assim, abriu a possibilidade, querendo o proprietário, de regularização das pendências.

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“Nós quitamos as dívidas do morador que nos procura e parcelamos para ele pagar em 36 vezes, em média. Entregamos a escritura na mão do proprietário”, citou Nédio Luiz Carboni. “Mas quem for interessado em solucionar seu problema de imóvel tem de vir agora, pois nosso prazo é concluir as escrituras até fevereiro do ano que vem”, concluiu.

O morador interessado nessa alternativa para resolver pendências deve ir pessoalmente à imobiliária, que fica na Rua Jorge Sanwais, 905, no centro. O atendimento, a partir das 9h, é de segunda a sexta, com exceção das quartas-feiras. Também podem procurar diretamente a prefeitura e a loteadora que comercializou a area.

Problema antigo

A presidente da Associação de Moradores do Jardim São Luiz, Elisiane Harms, usa os instrumentos do centro comunitário para alertar a comunidade sobre o duplo problema. São as dívidas e a titularidade das propriedades ainda em nome da loteadora que as vendeu.

Há três anos, contou, fez o primeiro alerta. Segundo ela, muitas pessoas, principalmente as mais vulneráveis, são induzidas por promessas políticas, o surrado “se eu for eleito, vou resolver”, e por profissionais de áreas como a do direito, que também vislumbram interesses próprios.

“Quando foi formado, o Jardim São Luiz era um alagado, que quando chovia tinha enchentes nas casas. Quer dizer, as pessoas não valorizavam o lugar, muitas queriam vender seus bens”, contextualizou. “Os alagamentos não terminaram, mas diminuíram muito, restando uma obra a ser feita pela prefeitura”, explicou.

Elisiane Harms: “Hoje, o São Luiz é muito valorizado” – foto: Marcos Labanca

A liderança comunitária informa que, devido ao histórico de negligência de prefeitos e vereadores com o bairro, muitos moradores não foram despertados para resolver suas pendências. “Hoje, o São Luiz é muito valorizado, quase não se tem imóveis à venda”, realçou Elis.

O bairro foi valorizado com a duplicação da Avenida Felipe Wandscheer, está perto da Avenida República Argentina e fica na rota de expansão do crescimento de Foz do Iguaçu, que é a Região Leste. Conta com vasto comércio e equipamentos públicos próximos, em saúde e educação.

“Reforçamos esse chamado aos moradores do Jardim São Luiz para que procurem a prefeitura ou diretamente a imobiliária que está com a proposta de parcelamento”, enfatizou Elisiane Harms. “Já sabemos de moradores que tiveram imóveis levados a leilão por causa de IPTU, e outros que foram acionados”, salientou.

O que diz a prefeitura

A reportagem questionou a prefeitura sobre o número de imóveis com dívidas, levados ou sob risco de leilão no Jardim São Luiz. A gestão não quantificou, afirmando, via Procuradoria-Geral do Município, que não existe nenhum direcionamento dos processos tributários por bairro ou região.

“As cobranças judiciais, previstas pela legislação, ocorrem quando o contribuinte deixa de pagar o IPTU por vários anos, mesmo após as notificações enviadas pelo município e oportunidades de regularização administrativa, como parcelamentos”, assinalou a prefeitura.

Os processos, prosseguiu, seguem as mesmas etapas para todos os imóveis do município, independentemente da localização ou da condição do contribuinte. “O leilão do imóvel é sempre a última medida adotada e somente ocorre após o esgotamento de todas as tentativas de recebimento do crédito público, inclusive tentativa de bloqueio de valores em conta bancária.”

A Secretaria Municipal de Finanças e Orçamento pode ajuizar a execução fiscal no prazo de até cinco anos após o lançamento do IPTU.

Imagem: associação moradores/reprodução
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