Rádio Clube
H2FOZ
Início » Cidade » Chafariz da Praça do Mitre, que virou piada, pode ser demolido

Cidade

Chafariz da Praça do Mitre, que virou piada, pode ser demolido

Parecer diz que retirada da fonte não afeta o patrimônio cultural de Foz do Iguaçu; colégio centenário tem pedido de tombamento para proteção desde 2019.

4 min de leitura
Chafariz da Praça do Mitre, que virou piada, pode ser demolido
Obra virou piada entre os iguaçuenses por não funcionar nem cumprir o papel de embelezar o lugar - foto: Marcos Labanca/Arquivo H2FOZ

Obra que virou piada entre os iguaçuenses por não funcionar nem cumprir o papel de embelezar o lugar, o chafariz da Praça do Mitre, no centro de Foz do Iguaçu, pode estar com os dias contados. Parecer informa que a sua demolição não afeta o patrimônio cultural.

LEIA TAMBÉM: Com a militarização do Bartolomeu Mitre, Foz do Iguaçu perde escola centenária

Publicidade

A manifestação é do Conselho Municipal de Patrimônio Cultural (Cepac), publicada no Diário Oficial. A consulta, formalizada em junho deste ano, foi feita pelo 5.º Colégio da Polícia Militar (CPM), instalado no prédio do centenário e extinto Colégio Bartolomeu Mitre, que existiu de 1927 a 2020.

Após considerar o pedido de tombamento ao patrimônio cultural do antigo Mitre, feito pelo Centro de Direitos Humanos e Memória Popular e parecer de comissão, o conselho exarou sua posição. “Não há óbice por parte deste Conselho Municipal de Patrimônio Cultural quanto à demolição do chafariz”, lê-se no documento.

O pedido de avaliação pela direção do estabelecimento almeja “deixar o local com o piso plano, a fim de revitalizar o espaço e otimizá-lo para a utilização pública, turística e escolar”, informa a resolução do Cepac. O processo de militarização do colégio iniciou em 2018.

O chafariz da Praça do Mitre/Praça das Nações integra as obras do equipamento público que deveriam ter sido entregues em 2014, no aniversário de 100 anos de Foz do Iguaçu. A conclusão ocorreu cerca de três anos depois.

A fonte sempre deu problemas no jato de água. Em muitos momentos, era mais usada por moradores em situação de rua para aliviar o calor. Sem funcionar por meses, chegou a ser apelidada de “Jardim Suspenso do Mitre”, porque nela brotam plantas no lugar da água.

O H2FOZ mostrou que, em 2019, a administração de Chico Brasileiro (PSD) fez um aditivo contratual de R$ 2,5 mil por mês para serviços de manutenção dos chafarizes das praças do Mitre e da Paz, na Avenida JK. A vigência era prevista para terminar em maio de 2020.

A reforma da praça não agradou em muitos outros pontos. Impermeabilização total da área com paver, pergolados de estética e ocupação espacial questionáveis, ausência de plano de arborização e de bancos.

Hoje, quem passa pelo equipamento público pode observar com frequência viaturas policiais estacionadas sobre a Praça do Mitre. Fica a interrogação: se demolido o chafariz, a prioridade será para pessoas ou veículos da corporação militar?

A fonte de água, a praça e a vitura estacionada – foto: Marcos Labanca/Arquivo H2FOZ


Patrimônio de quem?

O moroso processo de tombamento do antigo Colégio Bartolomeu Mitre, requerido em 2019, até hoje não saiu do papel. Há dois anos, conselheiros do patrimônio cultural intervieram junto à direção do Colégio da Política Militar, que fazia obra na fachada do bem.

O questionamento foi devido à falta de autorização prevista no instrumento municipal de patrimônio cultural, como dita a lei. A intervenção, a fim de acessibilidade, disse o colégio, alterou a fachada do prédio histórico. A entrada e a saída do colégio ocorriam pelo portão lateral, na Rua Marechal Floriano Peixoto, vale registrar.

Com quase um século, o Colégio Bartolomeu Mitre tem a sua história ligada à educação pública em Foz do Iguaçu, formando gerações de iguaçuenses. Essa é a justificativa do Centro de Direitos Humanos para pedir o seu tombamento, em fevereiro de 2019.

O então vice-prefeito, Nilton Bobato, recebendo o pedido de tombamento do antigo Mitre, em 2019; solicitação ainda não saiu do papel – foto: Arquivo/CDHMP


No documento entregue à prefeitura, a entidade relata que no colégio estudaram pioneiros da cidade. Cita, com exemplo, Aretuza Reis da Silva, Ottilia Schimmelpfeng, Iguassuína Coimbra, Iolanda Fava Lenzi, Ilca Vera, Glória Neumann.

A petição para que a instituição se torne patrimônio cultural dos iguaçuenses abrange:

  • estrutura física e arquitetônica do antigo Colégio Mitre;
  • bandeira;
  • dístico em bordô e branco; e
  • de todo o conjunto de materiais, objetos, documentos e símbolos que refletem a história da escola centenária.

Newsletter

Cadastre-se na nossa newsletter e fique por dentro do que realmente importa.


    Você lê o H2 diariamente?
    Assine no portal e ajude a fortalecer o jornalismo.

    Paulo Bogler

    Paulo Bogler é repórter do H2FOZ. Com enfoque em pautas comunitárias, atua na cobertura de temas relacionados à cidade, política, cidadania, desenvolvimento e cultura local. Tem interesse em promover histórias, vozes e o cotidiano da população. E-mail: bogler@h2foz.com.br.