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Construtora abandona obra, e Praça das Aroeiras fica sem escola

A praça ficou sem nenhuma árvore na parte central; prefeitura pretende rescindir contrato e abrir uma nova licitação; pais lamentam.

6 min de leitura
Construtora abandona obra, e Praça das Aroeiras fica sem escola
A prefeitura conseguiu licença ambiental para retirar as árvores. Foto: Marcos Labanca/H2Foz
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Quatro meses depois de derrubar árvores na Praça das Aroeiras para construir a sede da Escola Municipal Lúcia Marlene Pena Nieradka, a Prefeitura de Foz do Iguaçu está prestes a rescindir o contrato com a empresa Edycon Construtora Ltda., responsável pela execução da obra.

Um tapume foi colocado ao redor da praça, contudo, apesar de as árvores terem sido retiradas, a obra não começou até agora, porque a empresa não cumpriu o contrato. Em razão disso, o município aplicou multa que já ultrapassa o montante de R$ 500 mil. 

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Em entrevista à Rádio Cultura, o secretário municipal de Obras, Cezar Furlan, disse que a construtora ainda pode retomar o calendário, mas é provável que uma nova licitação deva ser feita. “A empresa não desocupa o canteiro e não faz a obra”, frisou.

Segundo Furlan, a nova licitação deve ser aberta em três ou quatro meses. A mesma empresa, com sede em Londrina, tem outras quatro obras em andamento na cidade, sendo que três delas estão em ritmo lento. Apenas a obra da Escola Carlos Gomes está em fase de finalização.

Praça das Aroeiras
A praça ficou sem nenhuma árvore na parte central. Foto: Marcos Labanca/H2Foz

Conforme o contrato, a obra da Escola Municipal Lúcia Marlene Pena Nieradka começaria em 24 de fevereiro do ano passado e seria entregue em 15 de agosto deste ano. No entanto, o cronograma de início atrasou mais de um ano em razão de questionamentos feitos por moradores e ambientalistas que entraram com pedido de tombamento da área.

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Após o tombamento ter sido negado, a prefeitura conseguiu licença ambiental do Instituto Água e Terra (IAT) e, no dia 7 de dezembro, derrubou 35 árvores que ficavam no centro da praça para dar início às obras, o que não ocorreu.

Embaixo de arquibancadas

A notícia não agradou em nada aos pais de alunos. Várias gerações estudaram na escola, que há mais de duas décadas funciona embaixo das arquibancadas do Estádio Pedro Basso, o Flamenguinho.

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Mãe de uma aluna do terceiro ano, Sabrina Pavani Lopes mora nas proximidades da obra e informa que há tempos passa por lá e não vê movimentação que indique trabalho. “A gente esperava a obra há bastante tempo e cada notícia era comemorada. Agora ficamos apreensivos pelas nossas crianças.”

Refeitório é improvisado. Foto: Marcos Labanca/H2Foz

De acordo com ela, agora só resta torcer para que tudo dê certo. Sabrina, que tem formação em biologia, afirma que a escola é um direito das crianças e que a retirada das árvores não afeta o meio ambiente.

Reconhecida pela excelência na educação, a Escola Lúcia Marlene tem infraestrutura precária, o que faz os professores se desdobrarem para atender os alunos. Há salas apertadas, banheiros inadequados e a merenda é servida em local improvisado, fazendo com que as crianças fiquem próximas a botijões de gás.

Governança Arcaica

Em nota enviada ao H2FOZ, o Coletivo Ambiental de Foz do Iguaçu (CAFI), que reúne ativistas do meio ambiente, realça que a atual gestão municipal chega ao final deixando um triste legado de projetos urbanísticos predatórios e lesivos ao meio ambiente, bem como obras inacabadas e equivocadas.

“Não vimos projetos de recuperação e preservação ambiental. Não houve debate ecológico. Lamentamos pela governança pública arcaica, fechada ao diálogo e guiado pela velha política. Na era da gestão dos riscos trazidos pelo novo regime climático, é dever das cidades repensarem seus modelos de desenvolvimento”, ressalta o coletivo.

Para os membros do CAFI, a Praça das Aroeiras é um exemplo de como a prefeitura travou uma luta com a comunidade e a sociedade civil, querendo agora abandonar a obra.

Moradores questionam

A construção da escola na Praça das Aroeiras chegou aos tribunais. Alegando haver outros terrenos nas proximidades para construir a instituição de ensino, o que evitaria o prejuízo ambiental do corte de árvores, moradores recorreram à Justiça para questionar a decisão do município.  

A ação tramita no Tribunal de Justiça (TJ). Na mais recente decisão, de fevereiro deste ano, foi negado provimento ao recurso. Advogados entraram com pedido de embargo de declaração, com a finalidade de clarear alguns pontos do processo, e ainda há possibilidade de se recorrer ao Superior Tribunal de Justiça (STJ).

Praça antes da retirada das árvores. Foto: Marcos Labanca/H2Foz

Ainda segundo os moradores, o terreno onde a prefeitura quer construir a escola foi doado por uma pioneira do bairro para ser uma praça, o que é provado mediante documentação.

Nota da prefeitura

“A Prefeitura de Foz do Iguaçu, através da Secretaria Municipal de Obras (SMOB), solicitou a Rescisão Unilateral do Contrato 019/2023 com a empresa EDYCON CONSTRUTORA LTD devido ao não cumprimento de execução das obras da Escola Municipal Profª Lucia Marlene Pena Nieradka, na Vila Yolanda.

A SMOB informa que a CONTRATADA já foi notificada reiteradas vezes em virtude dos descumprimentos contratuais, sendo a mesma omissa nos atendimentos das determinações legais. As multas passam de R$ 500 mil.

Os processos de penalização e de rescisão contratual estão em andamento na Diretoria de Licitações e Contratos do Município. Uma vez notificada, a empresa terá um prazo de 3 dias para apresentação das defesas prévias. 

A equipe técnica da SMOB já documentou as vistorias ocorridas no terreno, onde nem mesmo os serviços preliminares foram executados. A empresa realizou apenas a instalação parcial do canteiro de obras, com a colocação de tapumes e a instalação do padrão provisório de energia, serviços esses que não foram aprovados por não seguirem as especificações técnicas prevista na planilha orçamentária. Por essa razão, os serviços executados até o momento não serão pagos pelo município.”

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Denise Paro

Denise Paro é jornalista pela UEL e doutoranda em Integração Contemporânea na América Latina. Atua há mais de duas décadas nas Três Fronteiras e tem experiência em reportagens especias. E-mail: deniseparo@h2foz.com.br

3 comentários em “Construtora abandona obra, e Praça das Aroeiras fica sem escola”

  1. AIDA FRANCO DE LIMA

    Onde já se viu uma BIÓLOGA dizer que retirada de árvores não impacta o meio ambiente? Agora os moradores ficaram sem praça e vão permanecer um bom tempo sem escola também. Depois reclamam que está calor, que tem alagamentos, as mudanças climáticas começam no nosso quintal.

  2. Susy BGarbelotti

    Na escola aprendemos que o desmatamento prejudica o meio ambiente, que as árvores ajudam na redução de calor, entre tantos outros benefícios. Será mesmo que a derrubada de árvores não traz malefícios ao nosso meio ambiente? Como assim bióloga?
    Aliás, alguém sabe onde foram replantadas as árvores que foram retiradas – paus-brasis, ipês… Na época, me parece que por falta de planejamento, os responsáveis não sabiam onde seriam replantadas! E aí, as árvores já tem endereço? E o plantio para a compensação das árvores derrubadas, onde é?

  3. Moisés Brizola

    ATE PARECE QUE VOCÊS SE PREOCUPAM COM MEIO AMBIENTE , DIVERSOS DESMATAMENTOS ACONTECERAM PRÓXIMO A ESSA REGIÃO E NÃO TIVERAM A MESMA ENERGIA E INDIGNAÇÃO COMO ESTÃO TENDO COM ESSE LUGAR ONDE SERA CONSTRUÍDO A ESCOLA , BORA PARAR UM POUCO COM ESSA HIPOCRISIA? ESSE TEATRO NÃO INGANAM MAIS NINGUÉM.!!!!!… Esse local não é uma área particular de vocês !!!!!! Entenderam????

Os comentários estão encerrado.