Uma pesquisa de professores e estudantes da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) revelou que cultivos ecológicos são mais rentáveis para a agricultura familiar se comparados aos convencionais.
Segundo o estudo, em média, o custo total por área de sistemas agroindustriais familiares (SAFs) não ecológicos é de R$ 80.765 por ano, correspondente a 29,78% da produção bruta.
Já os SAFs ecológicos apresentam custo total por área de R$ 16.876.92 por ano, em média, cerca de 5% da produção bruta.
O resultado foi obtido após o professor Marcio Gazolla e as pós-graduandas Milena Demetrio e Leidiane Maria Fantin acompanharem, durante um ano, 24 propriedades rurais que atuam em SAFs.
Dessas, 12 propriedades aplicavam práticas agroecológicas, e as outras 12, o sistema convencional. No agroecológico, além de cultivar os alimentos, os proprietários também fazem o processamento, fato que agrega mais valor aos produtos.
Os autores são pesquisadores do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Regional (PPGDR) do Campus Pato Branco.
Os dados foram colhidos em 2020, na produção das primeiras 12 SAFs que adotaram o modelo ecológico, ou seja, sem agrotóxicos.
No ano seguinte, os pesquisadores acompanharam as outras 12 propriedades, que usaram defensivos agrícolas.
Mais valor aos alimentos
Para avaliar qual dos dois modelos seria o mais eficiente, tomou-se como base a metodologia do valor agregado, a qual mede os custos de produção e o impacto de cada sistema.
Para Gazolla, a rentabilidade da agroecologia é um dos diferenciais da pesquisa. “Um dos diferenciais do levantamento é demonstrar que a agroecologia, ao contrário do que o senso comum acredita, pode ser mais rentável para agricultura familiar.”
A conclusão dos pesquisadores é a de que os SAFs ecológicos, além de representarem um modo de produção de menos custo em relação aos não ecológicos, agregam mais valor aos alimentos por terem uma base sustentável.
A produção ecológica apresenta, entre outras características, mais diversidade de alimentos ofertados aos consumidores por ter cadeias curtas. Também se organizam de modo coletivo, a exemplo de cooperativas e associações, a fim de acessar os mercados alimentares, mesmo que seja um pouco mais caro.
Intitulado “Custos de produção em Sistemas Agroindustriais Familiares (SAFs) ecológicos e não ecológicos”, o estudo foi publicado na Revista Brasileira de Desenvolvimento Regional.
A pesquisa foi realizada com apoio do Instituto de Desenvolvimento Regional (IDR) do Paraná e supervisionada pelos técnicos Ivandro Borelli, Marcia Andrade e Elisângela Carniel Camilo.
(Com informações da assessoria de imprensa)
