Os agrominerais são a nova aposta da agricultura para recomposição do solo de modo sustentável. Classificados como insumo agrícola, são conhecidos por remineralizadores e podem substituir, em certas lavouras, o uso de fertilizantes químicos importados.
O tema é um dos assuntos em destaque no GeoMinE Foz 2025 — Congresso de Geologia, Mineração e Energia do Mercosul, que segue até sexta-feira, 6, em Foz do Iguaçu.
Considerados uma nova rota tecnológica, os agrominerais são opção para substituir fertilizantes solúveis à base de NPK — nitrogênio, fósforo e potássio.
Uma das principais fontes dos agrominerais são as rochas. Por isso, é possível usar pó de rocha, um remineralizador natural, para recuperar solos e aumentar a produtividade.
“É um recurso que até pouco tempo só era usado em agricultura familiar e orgânica”, diz a geóloga e pesquisadora em geociências Magda Bergmann.
O produto já é comercializado no Brasil, e hoje o índice de recompra é de 80% ou seja, oito em cada dez agricultores voltam a adquirir os agrominerais, frisa Magda.
Essa nova categoria de insumo agrícola possibilita ao agricultor deixar as plantas mais resistentes a pragas e reduzir a quantidade de defensivo usado em lavouras. A tecnologia atende principalmente a culturas de ciclo curto, de três meses.
Magda explica que a Lei dos Fertilizantes foi modificada em 2013 e passou a incluir rochas como fonte de insumos. Na agricultura intensiva, os agrominerais não substituem o NPK porque certas lavouras, a exemplo da soja, precisam de fertilizantes solúveis.

Pesquisadora em geociência, Alessandra Blaskowski realça que os reminalizadores do solo são considerados fertilizantes de liberação lenta que vão recompor a fração de nutrientes intemperizados do solo.
A tecnologia já tem aprovação do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA) e no Paraná já é comercializada, com o uso em franca expansão.
Paraná tem uma das maiores províncias magmáticas
Doutor em Geologia pela UFPR e chefe da Agência Nacional de Mineração (ANM-Paraná), José Augusto Simões Neto destaca que o Paraná está assentado sobre uma das maiores províncias magmáticas do mundo, a Paraná-Etendeka.
Esse espaço é rico em nutrientes como potássio, cálcio, ferro e magnésio — elementos essenciais para a agricultura.
“A exploração responsável dessas rochas transforma pedreiras em aliadas da agricultura e do planeta”, ressalta Simões Neto.
Pedreiras localizadas em Ibiporã e na região metropolitana de Curitiba são alguns dos exemplos de polos produtores no Paraná. Em Ibiporã, a pedreira iniciou um trabalho técnico há cinco anos para viabilizar o produto.
A pedreira da RMC disponibiliza pó de rocha para algumas culturas de banana do estado de São Paulo e para agricultores que cultivam alface em Campo Largo, os quais já registram aumento de produtividade.
A produção anual de remineralizadores e fertilizantes minerais simples de composição silicática passou de 64.500 em 2019 para 130.900 em 2023 no estado.