Há 134 milhões de anos, em plena era dos dinossauros, a região onde hoje está Foz do Iguaçu teve uma série de erupções vulcânicas. A intensidade das explosões, consideradas umas das maiores do mundo, gerou imensas fendas, originando as Cataratas do Iguaçu.
As evidências fazem parte de pesquisas da área de geociências. Geólogo do Serviço Geológico do Brasil e especialista em vulcanologia, Marcell Besser explica que as erupções foram sobrepondo-se, gerando imensas fendas na terra.
À época, não havia Brasil nem Américas, o território único era chamado Pangeia — pan, do grego = todo, inteiro. A Pangeia era um supercontinente banhado por um só oceano, denominado de Pantalassa.
O impacto das explosões vulcânicas foi tão potente que ocorreram terremotos e o território único se separou, dando origem aos atuais continentes. “É algo descomunal que, para nosso tempo de vida humano, não se consegue nem conceber”, diz Marcell.

Uma dessas fendas profundas separou o território onde hoje está o Brasil da África. Em 2016, ao participar de uma expedição geológica na África, Besser teve contato com estudos indicando que as rochas de lá têm a mesma composição química das encontradas aqui.
“As rochas que temos aqui no Paraná e no Rio Grande do Sul vamos encontrar na África e na Namíbia”, ressalta.
Cataratas em Foz
Segundo Besser, ao observar-se as Cataratas, é possível notar, pelos mirantes, várias camadas de rochas e vários degraus. Cada degrau, informa, representa um derrame de lava vulcânica.
Fendas também surgiram na região de Foz do Iguaçu, e com o tempo a água começou a passar pelas fissuras abertas, criando vales que no futuro seriam batizados por rios Iguaçu e Paraná.

A ciência prevê que, em um futuro muito distante, as Cataratas do Iguaçu deixarão de existir. A tendência é de que o vale existente hoje entre Brasil e Argentina desapareça, porque rochas vão cair e a água vai levar grãos de areia embora, tornando a região cada vez mais plana.
Vulcanismo na região foi extraordinário
De acordo com Besser, hoje no mundo não há um cenário com tantos episódios de vulcanismo como se teve no Brasil àquela época. “É algo extraordinário. As erupções de Foz é uma das maiores do mundo.”
As erupções foram responsáveis pela formação de rochas basálticas existentes hoje na região.
Os vulcões de Foz e das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, incluindo parte da Argentina e Uruguai, são da era dos dinossauros, do período cretáceo, bastante volumosos.
O vulcanismo foi um dos temas debatidos nesta semana durante o evento GeoMinE Foz 2025 – Congresso de Geologia, Mineração e Energia do Mercosul, que reuniu cerca de mil especialistas na área de geologia, dos quais 200 vulcanólogos.