O Laboratório de Cannabis Medicinal e Ciências Psicodélicas (LCP) da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) abriu inscrições para um estudo clínico inédito sobre o uso da cannabis medicinal no tratamento da fibromialgia.
Estão aptas a participar voluntariamente do estudo mulheres entre 18 e 60 anos, com diagnóstico confirmado de fibromialgia.
É preciso disponibilidade para comparecer uma vez por mês a consultas presenciais em Foz do Iguaçu ou Cascavel, durante seis meses.
A pesquisa será realizada em parceria com a associação Santa Cannabis, referência nacional no atendimento a pacientes que precisam de tratamentos à base da planta.
O estudo do tipo Open Label — nomeado “Fridinha” — tem início previsto para este ano e será realizado em Foz do Iguaçu e Cascavel. A proposta é acompanhar 36 mulheres voluntárias.
“Nosso principal objetivo é compreender como o uso equilibrado de CBD e THC pode atuar no controle da dor e na melhora da qualidade de vida das pacientes”, explica o coordenador do estudo, professor Ney Nascimento.
O professor ainda diz que serão avaliados indicadores relacionados à depressão, sono e bem-estar geral.
A pesquisa contará com consultas mensais, aplicação de questionários clínicos e exames laboratoriais antes e após o período de intervenção.
Também será investigada a eficácia e a segurança do óleo full spectrum na modulação dos principais sintomas da doença.
Fibromialgia atinge milhões de pessoas
Apesar de pouco debatida, a fibromialgia é a terceira doença reumatológica mais comum no mundo, afetando cerca de 7% da população mundial, segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS).
O perfil mais comum dos pacientes é composto por mulheres entre 50 e 60 anos. No entanto, a falta de tratamentos eficazes faz com que muitas enfrentem a doença com sofrimento crônico e perdas significativas na qualidade de vida.
Aluna de Medicina e autora do projeto, Maria Eduarda Carraro afirma que grande parte das pacientes é afastada do trabalho poucos anos depois do diagnóstico. “O índice de suicídio é até dez vezes maior que o da população saudável. Além disso, o custo com medicamentos, consultas e exames pode ser 300% superior ao de um cidadão comum”, frisa.
Para ela, é impossível manter a inércia diante da situação. Por isso, estudos como o da Unila são essenciais para garantir o direito à saúde e à dignidade dessas mulheres.
Cannabis é alternativa promissora
A cannabis medicinal tem se mostrado uma alternativa promissora no controle de dores crônicas e distúrbios do sono, especialmente em casos de difícil tratamento como a fibromialgia.
No estudo da Unila, o óleo utilizado será fornecido gratuitamente pela Santa Cannabis, associação que atua legalmente no cultivo e na produção de derivados da planta para fins medicinais.
“Acreditamos na ciência como ferramenta de transformação social. Apoiar esse estudo é, para nós, um dever ético com as milhares de pessoas que dependem da cannabis medicinal para viver com dignidade. Além disso, é uma forma de mostrar que é possível produzir com qualidade, segurança e compromisso social no Brasil”, realça Pedro Sabaciauskis, presidente da entidade.
Link para inscrições
As voluntárias não terão nenhum custo com exames, consultas ou medicamentos.
As inscrições seguem abertas e podem ser feitas por meio deste link: Questionário de recrutamento de um estudo sobre a eficácia de diferentes dosagens de CBD e THC na modulação da Fibromialgia
(Com informações da Santa Cannabis)