População é minoria no conselho que trata do transporte coletivo em Foz. Quando ele sairá do papel?

Nesse circo todo cabe aos usuários do transporte coletivo, além de pagar por um serviço público ruim, o papel de meros coadjuvantes. Mas poderia ser diferente.

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OPINIÃO

O transporte coletivo é um dos serviços públicos campeões de reclamação dos iguaçuenses. Mas nem assim as autoridades colocam para funcionar, efetivamente, uma peça que poderia debater o setor de forma transparente e contínua: o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte de Foz do Iguaçu. Na real, caminham em sentido contrário.

O movimento aparente é para deixar tudo como está. Quando a panela está sem pressão ou prestes a estourar, sempre surge alguém para ajustar a válvula da tampa conforme seus interesses. Parece que o prazer se encontra em cozinhar tudo em banho-maria para capitalizar em cima de uma falsa disputa entre Sansão e Golias. Tudo em nome do povo.

Em meio ao caos, criam audiências públicas na Câmara de Vereadores, ações judiciais inócuas da prefeitura contra o Consórcio Sorriso, processos efetivos da concessionária contra o governo municipal, lampejos do Ministério Público Estadual, intervenções teatrais protagonizadas pelos plantonistas, além de milionários subsídios e isenções de impostos.

Nesse circo todo cabe aos usuários do transporte coletivo, além de pagar por um serviço público ruim, o papel de meros coadjuvantes. Mas poderia ser diferente. Criado pela Lei 3.603, em 2009, o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte de Foz do Iguaçu é, por definição legal, um “órgão de controle social da gestão das políticas de trânsito e transporte do Município, com caráter consultivo, fiscalizador e deliberativo, respeitando os aspectos legais de sua competência”.

Ao considerar que o transporte coletivo é a mola propulsora da mobilidade urbana, de cara é preciso dizer que a lei precisa ser atualizada para garantir um equilíbrio entre as partes. Conforme a regra, o conselho é composto por 22 membros, sendo 12 representantes da administração pública, 3 (pasmem) representantes da população e 7 representantes dos operadores dos serviços de trânsito, transporte e outros.

Como mudar a balança entre poder público, empresas e usuários depende dos poderes Executivo e Legislativo, vamos lá, vamos andar com o que tem. Em tempo de paralisações, devido a antigos problemas ainda não solucionados, que prejudicam diariamente dezenas de milhares de cidadãos, por que não simplesmente colocar para funcionar o Conselho Municipal de Trânsito e Transporte de Foz do Iguaçu tal como está hoje no papel? De velhas fórmulas só é possível esperar velhos resultados.

Ao Marco Zero, programa do H2FOZ em conjunto com a Rádio Clube FM, o superintendente do Foztrans, Licério Santos, em 17 de abril, disse que o conselho está inativo há tempos porque venceram as nomeações das entidades. Segundo ele, o Instituto de Transportes e Trânsito notificou todos os integrantes para que indicassem novos representantes. Concluído o retorno dos ofícios, a autarquia chamará uma plenária com os novos membros para definirem uma nova diretoria, inclusive presidente e vice-presidente. Em breve.

Contudo é preciso lembrar que participação popular e transparência no debate em torno do transporte público são uma bandeira do atual prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro (PSD), desde quando ascendeu a vereador (2001 a 2004 e 2005 a 2008). De lá para cá também ocupou cargos de secretário municipal de Administração, vice-prefeito, deputado estadual e agora prefeito no segundo mandato.

Não é preciso reinventar a roda. Basta só um pouco de vontade política para fazer a engrenagem girar de forma contínua e uniforme, sem solavancos obscuros. Os conselhos municipais são espaços para a população exercer a cidadania. É fácil para os agentes alocados na prefeitura construírem políticas públicas de verdade em conjunto com a população. É só virar a chave que está em suas mãos.

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