Foz e pedal: para ser boa, cidade tem de ser pensada e planejada para todos

Em meio à crise do transporte urbano, Foz do Iguaçu possui cerca de 70km em ciclovias e ciclofaixas, em uma área de aproximadamente 617,7km²

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A cidade sempre foi pensada para os turistas, mas não haverá cidade boa para o turista se não for boa para os que nela vivem. Pensar no cicloturismo, no turismo de aventuras e ecológico, que está em grande crescimento em todo o mundo, é muito importante, mas investir na satisfação e bem-estar dos que aqui vivem também contribuirá com o turista. Um povo que tem um índice de FIB (Felicidade Interna Bruta) alto é contagiante e cria satisfação de bem-estar pessoal nos que estão ao lado.

É notório saber que o mundo está mudando e que a cada dia que passa as diversas formas de mobilidade têm caído no gosto da população mundial. Em uma cidade como Foz do Iguaçu, com graves problemas de mobilidade e sem nenhuma qualidade no transporte público para aqueles que o usam, a construção e a interligação de ciclovias trariam novas oportunidades de mobilidade.

A população sofre com o transporte público desde a assinatura do contrato entre o Consórcio Sorriso e a prefeitura. Chega a ser considerado criminoso pela população iguaçuense, e até hoje não existiu nenhuma decisão séria por parte do poder público que venha favorecer a população. Além de aumento no valor da passagem, diminuição de ônibus, mudança de trajetos, piorando muito, principalmente neste período em que vivemos a maior crise sanitária no país.

A população sofre com o transporte público desde a assinatura do contrato entre o Consórcio Sorriso e a prefeitura – Foto: Marcos Labanca

Para os usuários de bicicleta é uma arte, é prazeroso, e até mesmo para aqueles que a usam de forma obrigada por ser a única condição de mobilidade. Todos sabem que, além trazer benefícios para a sua saúde, a prática propicia melhora no trânsito e na natureza, reduzindo o número de veículos poluentes. Foz do Iguaçu tem cerca de 70km de ciclovias e ciclofaixas construídas.

Qual a diferença de ciclovia e de ciclofaixa?

Ciclovia: exclusiva de bicicletas, separada fisicamente do tráfego dos demais veículos, podendo ser unidirecional (quando apresenta sentido único de circulação) ou bidirecional (sentido duplo de circulação).

Ciclofaixa: delimitada na própria pista, junto com os demais veículos, podendo ser construída na calçada ou canteiro. Da mesma forma que a ciclovia, a ciclofaixa pode ser uni ou bidirecional.

É importante frisar que a forma como algumas ciclovias e ciclofaixas foram construídas em Foz do Iguaçu traz grande preocupação aos que usam a bicicleta como meio de transporte para trabalho, esporte ou lazer. A maior parte delas foi construída no lado esquerdo, que é o lado de conversão dos veículos. O ideal seria no lado direito, para evitar transtorno e possíveis acidentes.

O lado esquerdo, é o lado de conversão dos veículos. O ideal seria no lado direito, para evitar transtorno e possíveis acidentes – Foto: Marcos Labanca

E, além dessas ciclovias e ciclofaixas não terem qualidade, elas não são interligadas, dificultando o uso da população de um bairro ao outro, ou até mesmo para chegar ao centro da cidade.

A construção de bicicletários públicos em lugares estratégicos, como acontece em outras cidades, para que as pessoas que usam bicicleta para trabalho possam deixar suas bicicletas pela manhã e retirá-las depois do expediente, não apenas seria incentivo para o uso, como também traria tranquilidade aos usuários.

O material usado precisa ter qualidade e constante manutenção – Foto: Marcos Labanca

Educação e incentivo

A construção de boas ciclovias interligadas precisa estar acompanhada de incentivo do poder público e de um plano de informação e reeducação no trânsito.

Ainda hoje vemos muitos usuários de bicicleta circulando na contramão das ruas, e fazem isso porque se sentem mais seguros, porque veem os carros vindo de frente. Isso mostra a insegurança e o medo de atropelamento, já que há pouco respeito aos ciclistas. O ideal é educar, começando na escola de base, para que as nossas crianças vejam o quanto é prazeroso e benéfico o uso da bicicleta.

A reeducação e o incentivo ajudariam também a fomentar o bom trabalho das empresas de ciclismo, aumentar o cicloturismo, contribuindo com a economia do município por meio dos hostels e pousadas que alugam bicicletas para os turistas que vêm a Foz.

Insegurança e o medo de atropelamento fazem muitos usuários circularem na contramão das ruas, mesmo na ciclofaixa – Foto: Marcos Labanca

* Amilton Farias é jornalista e colaborador do H2FOZ 

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