Novo ensino médio: nem uma coisa, nem outra

O Novo Ensino Médio, o NEM, surgiu sem que a sociedade opinasse. E agora, a mesma sociedade exige um olhar cuidadoso a fim de assegurar que uma formação sólida seja garantida também aos jovens de classes menos abastadas

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Aida Franco de Lima – OPINIÃO

Você conhece o termo “geração nem-nem”? É usado para referir-se aos jovens que estão na faixa entre 18 e 24 anos que não estudam nem trabalham. Essa população não teve acesso a estudos com qualidade, não consegue dar prosseguimento e, ao mesmo tempo, fica à margem do mercado de trabalho.

Mas há um outro “nem” que também faz com que os jovens não sejam incluídos na engrenagem do sistema, porque ele é deficitário. Estou falando do Novo Ensino Médio. Novo só no nome, porque é um modelo enfiado goela abaixo da sociedade em 2016.  Isso aconteceu por meio da Medida Provisória 746/2016, posteriormente aprovada pela Lei 13.415 em 2017. Um “nem” que veio em cima de um rolo compressor que silenciou quem melhor poderia opinar: profissionais da educação, pais e alunos.

Necessitamos de fato de uma reforma em torno da educação, porém essa é estrutural. Ou seja, buscar soluções para a evasão escolar, pois muitas vezes o estudante de baixa renda larga a escola para procurar uma fonte de renda. Investir nas escolas, sucateadas, e no corpo técnico, entre outras ações importantes, também é vital.

Nos comerciais da televisão era dito que com o “nem” o jovem poderia escolher seu caminho a seguir, optando por uma ou outra grade. Ou seja, em vez de ter acesso a todas as disciplinas, que ajudam a tecer uma espécie colcha de conhecimento, agora mudou. O aluno vai direto ao retalho que lhe interessar mais, estudando então por áreas. 

Vale destacar que  disciplinas como Sociologia, Filosofia, Artes, Biologia, Química e outras fundamentais para a formação do conhecimento foram jogadas para escanteio, com suas ofertas reduzidas.

Para vender o peixe ao estudante, na página do MEC está escrito que as aulas serão menos expositivas e mais dinâmicas. Como se fosse um jogo que precisa ser atraente para haver mais apostadores e torcida.

A ideia do “nem” é que o aluno tenha disciplinas do eixo comum até determinado período e depois ele tome seu rumo, decidindo terminar os estudos em uma das cinco áreas: linguagens, matemática, ciências da natureza, ciências humanas, e formação técnica e profissional. Mas isso não significa que o aluno poderá realmente escolher entre todas elas, mas entre aquelas que a escola ofertar. Se a opção for apenas uma, será ela.

Se o velho ensino médio não era bom, a receita do novo é ainda pior. E para debater esse tema, e defender a revogação do “nem”, setores da sociedade trazem à tona o assunto. Importante frisar que se no passado ela não foi consultada para ajudar a “reformar” o ensino médio, hoje é essencial escutá-la, justamente para que não imploda de uma vez. Algo precisa ser feito, e com urgência.

Este texto é de responsabilidade do autor/da autora e não reflete necessariamente a opinião do H2FOZ.

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