Uma pesquisa realizada por professores da Universidade Federal da Integração Latino-Americana (Unila) indica que Foz do Iguaçu poderia economizar até R$ 10 milhões ao ano com a troca de fontes de energia tradicionais pelo uso de biogás, aumentando em 2,06% a eficiência energética.
Apesar de ter um parque tecnológico especializado em pesquisas de biogás, o Itaipu Parquetec, Foz do Iguaçu não apresenta hoje nenhuma fonte, nem experimental, para abastecimento de biogás.
O estudo analisou a eficiência termodinâmica de sete cidades do Oeste do Paraná, calculando o potencial de inovação na produção e utilização de biogás (veja quadro).
Entre as cidades estudadas, Foz apresentou o maior potencial de ganho em relação à economia. A comparação foi feita somente para o aproveitamento energético de resíduos sólidos urbanos, ou seja, o lixo.

Doutor em Engenharia e um dos responsáveis pela pesquisa, o professor Ricardo Hartmann diz que em Foz do Iguaçu o biogás poderia ser aplicado no comércio, na hotelaria, substituindo o gás de cozinha, e no transporte coletivo, no lugar de óleo diesel.
Para isso, seria necessário ter uma usina, cujo investimento seria de R$ 10 milhões a R$ 15 milhões. A matéria-prima para a produção do biogás seriam pelo menos 15% dos resíduos orgânicos da cidade, que hoje são despejados no aterro sanitário.
Com a frota de ônibus usando biogás, o preço da passagem poderia ficar mais acessível para a população, e o contrato de recolhimento do lixo da cidade, cuja renovação fez o preço subir de R$ 392 milhões para R$ 635 milhões neste ano, mais em conta, como já foi publicado no H2Foz.
“Isso geraria biogás e biofertilizantes, que são produtos com valor agregado”, ressalta Hartmann.
Em Foz do Iguaçu, analisa o pesquisador, o aumento de eficiência seria maior, porque a cidade é “muito ineficiente” por ser muito quente. Isso quer dizer que se desperdiça muita energia com o uso de ar-condicionado.
Na análise das sete cidades, foi avaliado o consumo de eletricidade em oito setores: residencial, industrial, comercial, serviços, rural, poder público, iluminação e serviços públicos.
Também foi analisado o consumo de cinco combustíveis: etanol hidratado, gasolina comum, óleo diesel, GLP e querosene de aviação.
Cálculos de eficiência
A pesquisa utilizou para os cálculos de eficiência e economia potencial o Método Termodinâmico para Análise de Cidades Contemporâneas.
“O método permite ter um parâmetro numérico de eficiência que é facilmente comparável”, informa Hartmann, que iniciou a configuração dessa ferramenta em 2012.
Ele explica que foi utilizada uma analogia de comparação com máquinas térmicas, motores, ar-condicionado, porque isso é o que todo mundo conhece.
Para Hartmann, esse tipo de análise conjunta — termodinâmica, ambiental e socioeconômica — é importante porque permite construir cenários de sustentabilidade para as cidades, oferecendo uma ferramenta adicional para compliance ambiental, para gestão e prestação de contas na área de envinroment, social and governance (ESG) e aplicação direta em cidades inteligentes.
A pesquisa faz parte do programa Novos Arranjos de Pesquisa e Inovação (NAPI-Oeste), da Fundação Araucária.
O NAPI busca aspectos relevantes de desenvolvimento, envolvendo as principais instituições empresariais, de pesquisa e ensino superior de cada região do estado.
(Com informações da assessoria de imprensa)


