Gasolina agora está mais cara em Ciudad del Este que em Foz

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O último aumento de preços provocou a diferença, que antes era favorável ao consumidor paraguaio.

A comparação foi feita pelo jornal paraguaio Última Hora: com o último aumento de preços, a gasolina e o diesel ficaram mais caros no Paraguai do que custam em Foz do Iguaçu.

A diferença é pequena. Segundo o jornal, a gasolina é vendida por 7.840 guaranis no Paraguai e por 7.690 em Foz; o diesel, por 6.330 lá e por 6.250 aqui.

Na verdade, pelo câmbio oficial, o preço médio da gasolina em Foz (R$ 6,31, segundo o site Preço dos Combustíveis) seria de 7.887,50 guaranis. Mas não é possível saber em qual comparativo o jornal se baseou.

No entanto, uma coisa é certa: seja qual for o câmbio, o preço na Argentina está bem mais baixo que no Brasil e no Paraguai. Em Clorinda (o Última Hora verificou) a gasolina custa o equivalente a 4.590 guaranis e o diesel sai por 5.040 guaranis.

“AVALANCHE”

Com esses preços, quando reabrir a fronteira, na semana que vem, deverá ocorrer “uma avalanche de visitas de paraguaios” às cidades argentinas de fronteira, diz o Última Hora, não só para encher os tanques dos carros como para comprar produtos da cesta básica, que também são bem mais baixos do outro lado da fronteira.

Mas pode ser que ocorra o que acontece na fronteira entre Foz e Puerto Iguazú: embora os preços sejam mais baixos na Argentina, pouca gente vai para lá, devido às exigências impostas pela burocracia do país vizinho: PCR negativo, atestado de vacinação completa, teste de antígeno e declaração jurada, tudo no papel.

El Territorio publicou matéria, na sexta-feira, mostrando que não mais de 100 brasileiros atravessam diariamente a fronteira para ir a Puerto Iguazú, um número insignificante perto do que era esperado pelos comerciantes argentinos.

Em relação aos combustíveis no Paraguai, o Última Hora destaca que pode ocorrer um novo aumento, se o preço internacional não estabilizar.

Além disso, há um custo extra no frete, porque os rios ainda não permitem que as barcaças que trazem combustíveis do exterior venham com plena carga.

PREÇO CONGELADO

O governo argentino praticamente obrigou os produtores de combustíveis a congelar os preços, desde o último aumento, em maio deste ano.

O problema é que, no mercado internacional, os preços dispararam. O jornal argentino Ámbito publicou matéria mostrando que, enquanto no mercado interno o petróleo é mantido a US$ 55, no exterior já custa US$ 80.

Se o preço da gasolina na Argentina fosse “atualizado” em relação ao petróleo no mercado internacional, o litro custaria o equivalente a US$ 1,50 (pelo câmbio oficial, superaria R$ 8,00, isto é, a gasolina ficaria mais cara que no Brasil e no Paraguai).

O governo argentino fez a estatal YPF, que detém 55% do mercado, manter o preço congelado, o que obriga as outras marcas (Shell, Axion e Puma Energy) a seguirem esta política.

O valor dos combustíveis se baseia em três variáveis, lembra o Ámbito: a inflação, o preço internacional do petróleo e a desvalorização da moeda. Essas três variáveis aumentaram desde o último aumento dos combustíveis, em maio.

Se o mercado de combustíveis fosse livre, o petróleo argentino seria totalmente exportado, já que as produtoras conseguiriam pelo barril cerca de US$ 10 a mais do que vendem no mercado interno. Mas, por norma argentina, as empresas só podem exportar depois de assegurar o abastecimento interno.

Detalhe: as eleições legislativas da Argentina serão no dia 14 de novembro. Até lá, os combustíveis vão continuar mais baratos. Depois disso, independentemente do resultado, a situação pode mudar.

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