Uma das fronteiras mais dinâmicas do continente, a região trinacional sofre com a agenda de decisões dos governos centrais de Argentina, Brasil e Paraguai, ora morosas, ora desconectadas da realidade local. O trânsito vicinal de pessoas e veículos é um dos exemplos mais visíveis dessa falta de sintonia.
Absorvida por temores que remontam a ataques ocorridos em seu território nos anos 1990, a Argentina mantém postura fechada nas Três Fronteiras, na Ponte Tancredo Neves, acesso a Puerto Iguazú. O rigor no controle migratório, como se não houvesse alternativas ao monitoramento, produz filas caóticas.
O H2FOZ mostrou que a poderosa ministra da Segurança, Patricia Bullrich, fez uma rara declaração sobre o problema, que restringe a integração. A autoridade argentina admitiu que as longas filas para entrar e sair do país geram perdas econômicas.
Reconhecer um infortúnio é sempre o primeiro passo para solucioná-lo, desde que isso venha acompanhado de ações efetivas. Bullrich já havia cogitado recuar a aduana de Puerto Iguazú para o interior da cidade, proposta que não avançou. Além disso, ela deixará o ministério para assumir mandato eletivo.
Já a Ponte Internacional da Integração Brasil–Paraguai é a prova da falta de planejamento, sintonia e diálogo. Concluída há mais de dois anos, segue inutilizada — serve apenas para iluminação cênica — à espera do término de obras complementares.
Entre versões e contradições, criou-se a expectativa de abertura da via ainda em dezembro. Mas, nesse “esquenta-esfria”, a inauguração pode ser empurrada para 2026, em razão do adiamento da agenda dos presidentes Lula e Peña na fronteira e de indefinições sobre o funcionamento da ponte.
As dificuldades de mobilidade, acesso e circulação impactam turismo, comércio e educação, motores do movimento fronteiriço. E os prejuízos também recaem sobre os moradores das Três Fronteiras, que pagam parte dessa fatura sem ser devidamente ouvidos pelas burocracias palacianas.

