Há um abismo entre a Foz do Iguaçu do cartão-postal e a cidade que cobra urgência social. São 33 favelas e comunidades urbanas onde vivem 22.741 pessoas, cerca de 8% da população total, conforme dados exclusivos do H2FOZ, extraídos do Censo 2022 em recorte recém-divulgado pelo IBGE.
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Bubas, na Região Sul, como já se sabia, é a mais populosa. Mas outras seis localidades superam mil moradores cada uma, expõe o levantamento censitário oficial. Elas se distribuem pelas regiões do Portal da Foz, Porto Meira — duas áreas, no Profilurb e Morenitas —, Jardim Jupira, Jardim São Paulo e Jardim Canadá/Vila Brás.
Os números revelam a profundidade do problema e, mais ainda, o impacto das desigualdades no modo de vida da população iguaçuense. Nas favelas, 78,8% das vias suportam caminhões ou ônibus, contra 98,1% fora delas — indicador relevante, já que o veículo é essencial para acessar serviços básicos, da coleta de lixo ao atendimento em saúde.
O levantamento também mostra que a cobertura de iluminação pública cai de 99,2% fora das comunidades para 79,5% nas favelas. São ambientes com muito menos árvores nas vias, poucas rampas para cadeirantes e alta incidência de obstáculos que bloqueiam mais da metade das calçadas existentes.
O retrato demográfico indica que jovens de até 19 anos somam mais de oito mil pessoas (36% do total), evidenciando a vulnerabilidade dessa parcela da população. Entre os moradores das favelas e comunidades, 56,7% se declaram pessoas negras — pardas, 50,2%, e pretas 6,5% — , enquanto 42,9% afirmam ser brancas.
Foz do Iguaçu passou por uma explosão populacional a partir da virada dos anos 1970 para 1980, impulsionada principalmente pela construção da Itaipu Binacional, fenômeno que criou e inchou periferias. Desde então, populismo e oportunismo político — por vezes combinados — somados a novos fatores da expansão urbana empurram problemas estruturais para as gestões seguintes.

