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Educação municipal de Foz do Iguaçu em transe

Patrimônio erguido ao longo de anos deve servir para encantar, nunca para dividir ou afastar.

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Educação municipal de Foz do Iguaçu em transe
Os impasses e os problemas da educação municipal resultaram em um abaixo-assinado com mais de duas mil adesões, no qual é requerida a exoneração de Silvana Garcia.

Pais e mães descobrem, no momento de fazer a rematrícula para o próximo ano letivo, que filhos pequenos serão transferidos de unidade de ensino infantil. Livros são recolhidos de escolas pouco antes de tramitar dispensa de licitação para compra de obras da mesma disciplina. Professores afirmam que não há diálogo da gestão com a classe.

Essas são circunstâncias que colocam a educação municipal de Foz do Iguaçu em transe. Não por menos, a secretária da pasta, Silvana Garcia, foi convocada para responder, na Câmara, a cobranças, denúncias e insatisfações de profissionais e da comunidade, em uma audiência pública que lotou o Legislativo.

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Os impasses e os problemas da educação municipal resultaram em um abaixo-assinado com mais de duas mil adesões, no qual é requerida a exoneração de Silvana Garcia. Os questionamentos se estendem a parte da equipe nomeada pela secretária, esta oriunda da rede estadual e levada para a administração do prefeito Joaquim Silva e Luna (PL).

Oito vereadores, de diferentes partidos, incluindo as três parlamentares que encabeçam a Comissão de Educação, assinam o pedido de CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) que tem a secretária de Silvana Garcia como alvo. O objetivo é trazer a limpo a situação que envolve o recolhimento de livros de Inglês, determinado por ela, mas devolvidos aos docentes por ordem da Justiça.

Quais foram os fundamentos técnicos e a legalidade da decisão? Por qual razão não foi permitido o procedimento do contraditório? Há relação entre a apreensão do material e o interesse em nova compra de livros? Vereadores da base do prefeito, que ideologizam questões de educação e cultura, influíram na medida da secretaria? É isso que querem desvendar os proponentes da CPI da Educação.

A lista de demandas não cessa. As professoras da rede municipal já decidiram, em assembleia, ser contra o decreto que trata do “Prêmio do IDEB”. Para as profissionais que educam e ensinam as crianças iguaçuenses, a valorização da categoria deve ser efetivada com reajuste salarial para todos, não com bonificações pontuais.

Se há problemas na compreensão das mestras, que estão no chão da escola todos os dias, e para pais e mães descontentes com medidas que afetam a vida educacional de seus filhos, a gestão de Silva e Luna enxerga outra realidade. Para o governo, a educação de Foz do Iguaçu “vive uma nova era de crescimento e transformação”.

O entusiasmo parte da própria secretária Silvana Garcia. “Arrumamos a casa, estamos organizados e confiantes no caminho que traçamos. A população de Foz vai perceber, muito em breve, a transformação positiva que está acontecendo na nossa educação, com o apoio e a visão do prefeito General Silva e Luna”, crava, em troca de afago com o chefe do Palácio das Cataratas.

Foz do Iguaçu conta com uma rede de mais de cem escolas e centros de ensino infantil, que atendem 30 mil alunos. O orçamento da pasta é generoso, o segundo maior da prefeitura — R$ 457 milhões em 2025.

Bons educadores repetem que as crianças levam para a vida a experiência do primeiro contato com o ensino. Esse patrimônio, erguido por muitas mãos ao longo de anos, deve servir para encantar, nunca para dividir ou afastar.

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