Com evento para gestores e vereadores dentro do equipamento de saúde, em abril de 2024, a prefeitura anunciou o que chamou de passo mais importante na direção da federalização do Hospital Municipal. Uma autarquia foi criada, autorizando a desativação da fundação gerenciadora da unidade e a transferência de seu patrimônio, pessoal e dívidas.
A arenga permanece. Dezesseis meses depois, pouco de efetivo pode ser computado. A extinção da Fundação Municipal de Saúde (FMS) não ocorreu — adiada duas vezes: em dezembro do ano passado e no último mês de julho. Há pouco, a prefeitura reiterou que a posse de parte do terreno onde está o hospital também não foi resolvida.
Assim, de um lado está a possibilidade de Foz do Iguaçu ser dotada de um hospital universitário, abrindo campo para o desenvolvimento do curso público de Medicina, entre outros, bem como para a pesquisa e a extensão universitárias. Em perspectiva, ainda, a atração de profissionais e a ampliação de especialidades e tratamentos: um polo de saúde.
Já a fotografia do momento — a real — é a de um hospital municipal submetido a uma constante superlotação, com profissionais da saúde sobrecarregados e a população cobrando melhorias, sobretudo quanto à fila de espera por vagas. E a gestão a repetir o refrão de que não suporta o custo da unidade, que consome um terço das receitas municipais.
Em busca de oxigênio, comitiva da prefeitura e do Governo do Estado foi a Brasília (DF), com o prefeito Joaquim Silva e Luna (PL) e o secretário estadual Beto Preto à frente. De concreto, foi anunciada visita técnica a Foz do Iguaçu, dentro de 30 dias, por integrantes do Ministério da Saúde e de outros órgãos federais.
Passada a sobredose de euforia, estimulada por agentes políticos ávidos por deixar marcas em seus mandatos, a realidade se impõe, com demandas à espera de solução. E doses de preocupação, que começam pela garantia da qualidade do atendimento à população em eventual federalização, e pela transparência em torno dos recursos, dívidas e gestão de pessoal no processo de extinção da Fundação de Saúde.
A movimentação recente sugere que a federalização do Hospital Municipal respira, ainda que por aparelhos. Mas a lenidade das decisões e resoluções do poder público não autoriza manter o morador de Foz do Iguaçu padecendo em busca de serviços de saúde, um direito essencial que não pode ser adiado.