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Natal questionado expõe Silva e Luna sem projeto na cultura

A ação está comprometida até o momento pelos problemas e pelos valores da decoração oficial de Foz do Iguaçu.

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Natal questionado expõe Silva e Luna sem projeto na cultura
Arte desenvolvida por IA sob direção, edição e pós-produção de Claudio Siqueira

Se tudo der certo, em 15 de dezembro, restando apenas dez dias para a data universal, Foz do Iguaçu terá a sua decoração de Natal concluída. Finalizada, atenção! Isso não é o mesmo que produção à altura da cidade nem a custo adequado, que são outras conversas.

Realizada pela prefeitura sem comissão organizadora que ampliasse a participação de outros segmentos, a ação de Natal está comprometida até o momento pelos problemas e pelos valores da decoração. Os enfeites viraram anedota na cidade e meme nas redes sociais.

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O orçamento total disponível para o evento é de R$ 4,5 milhões. Desse montante, R$ 2,4 milhões foram destinados à decoração, contratados por inexigibilidade, sem licitação, em um contrato assinado apenas no dia 27 de novembro, a menos de um mês do Natal.

Para completar o recurso, a administração recorreu ao orçamento do turismo no afogadilho dos prazos. O pedido de remanejamento da prefeitura foi enviado à Câmara no fim de outubro, para tramitar pelas comissões e chegar à votação, virando lei na metade de novembro. Tem-se: R$ 2,5 milhão da rubrica da Fundação e mais R$ 2 milhões do ajuste orçamentário.

Controladores sociais levaram a público o preço das peças decorativas de bambu. O 14 Bis com Santos Dumont custou R$ 142 mil, e um pinheiro de seis metros foi precificado em R$ 75 mil. Uma caixa de presentes figurativa consumiu R$ 98 mil; duas borboletas, R$ 72 mil. São apenas exemplos.

O desgaste do Natal foi instantâneo, e o prefeito Joaquim Silva e Luna (PL) decidiu transferi-lo integralmente ao então presidente da Fundação Cultural, exonerando Dalmont Benites. O fiasco do evento, contudo, é indicador de algo mais profundo: a falta de projeto da atual gestão para a cultura.

Anunciada por Silva e Luna, a construção de um teatro para o município desapareceu da pauta. Os problems do carnaval custaram a cabeça do número 2 da autarquia cultural já no segundo mês de governo — são quatro ocupantes diferentes da diretoria cultural em menos de ano.

A Feira do Livro, que vinha minguando nos últimos anos, perdeu ainda mais relevância. Já sobre a Fartal, falta parâmetro adequado para comparações, pois a gestão de Chico Brasileiro (PSD), ex-prefeito, simplesmente deixou de realizar a feira que celebra o aniversário de Foz do Iguaçu, após uma edição apática em 2023.

A administração assiste ao patrimônio cultural legalmente tombado ruir, sem tomar providências efetivas de preservação, caso do complexo de edificações que reportam à trajetória do pioneiro Harry Schinke e de sua família. E a memória é atropelada, como ocorreu com o mural e o marco da Praça Naipi.

Cultura é direito essencial da população. Se tem importância simbólica e social, também é indutora da economia, ainda mais em uma cidade turística. Silva e Luna, que prometeu construir um teatro como sinal de compromisso com o setor, no momento, sequer consegue acender as luzes natalinas em tempo e qualiade adequados. Resta saber se surgirá alguma claridade no fim do túnel das políticas culturais iguaçuenses.

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