Moradores vizinhos à Praça das Aroeiras em Foz do Iguaçu foram despertados pelo ronco de motosserras da prefeitura a cerrar árvores de pau-brasil, ipê, entre outras espécies. A Guarda Municipal prestou escolta e deu ar de segurança para dois secretários municipais que foram testemunhar a extração.
A construção de escola municipal, necessária, é o motivo da eliminação do bosque plantado pelos moradores. Porém, parte da comunidade defende, sem ter sido ouvida devidamente pela gestão de Chico Brasileiro (PSD), a construção da unidade de ensino em terreno perto do lugar, apresentando opções. E nunca se opuseram à escola. Ação segue na Justiça.
A alguns quilômetros, no centro, o chafariz da Praça do Mitre era demolido pelos novos inquilinos do histórico e extinto Colégio Estadual Bartolomeu Mitre. Sem serventia, a fonte era a representação da opção preferencial pela breguice nas obras públicas do município, no contexto de uma “revitalização” que não contemplava árvores – nem bancos ou iluminação. A praça não recebe melhorias desde 2017.
Na “avenida mais bonita do Brasil”, a Pedro Basso, o corte de árvores anunciado só não se concretizou porque a comunidade reagiu. O Bosque Guarani, remanescente de Mata Atlântica na parte central da cidade, irá virar mais um ano fechado, exposto à própria sorte e à espera de uso público com formato até agora desconhecido.
Na administração atual, o Plano Municipal de Mata Atlântica ficou velho antes mesmo de ter sido retirado do papel pelo governo. Por sua vez, o Palácio das Cataratas diz ter comprometimento com a sustentabilidade. “Temos um compromisso com a agenda global dos 17 Objetivos [de Desenvolvimento Sustentável] e de atingir as metas ambientais”, afirmou Chico Brasileiro, longe daqui, na China, ao Fórum Liangzhu.
Por ora, com a nota 53, Foz do Iguaçu ocupa o 841.º lugar no Índice de Desenvolvimento Sustentável das Cidades – Brasil (IDSC – BR), iniciativa do Instituto Cidades Sustentáveis. As localidades são classificadas pela pontuação que mede o progresso total para o cumprimento de todos os 17 ODS, com avaliação de 0 a 100.
A gestão direciona parte considerável dos royalties recebidos da Itaipu Binacional para a Secretaria Municipal de Meio Ambiente, verba utilizada principalmente para pagar limpeza e conservação. A Vital Engenharia Ambiental recebeu mais de R$ 20 milhões para esse fim em pouco mais de quatro anos, de 2017 a agosto de 2021.
Sem até hoje incutir efetivamente a agenda ambiental no centro das políticas urbanas, a administração começa a contar o fim do mandato ainda convivendo com alagamentos, vendavais cada vez mais constantes, rios poluídos e arborização que vai sumindo da paisagem. Reflexo de algumas decisões do gestor, como a intransigência na busca de solução para construir uma escola e manter a Praça das Aroeiras, parece que a prefeitura optou por brigar contra as árvores em Foz do Iguaçu.
A ação  transformou a praça em um triste cenário de devastação, provocando a perturbação de espécies faunísticas e, também, comoção e indignação popular. - Foto: Denise Paro/H2Foz.
Newsletter
Cadastre-se na nossa newsletter e fique por dentro do que realmente importa.
Você lê o H2 diariamente? 
Assine no portal e ajude a fortalecer o jornalismo.
Este texto expressa a opinião do H2FOZ a respeito do assunto.

