Árvores ao chão para passagem da Perimetral Leste em Foz do Iguaçu

Exilados da Perimetral: moradores do Bairro Cognópolis lamentam a perda de árvores. Somente em uma propriedade, mais de 300 estão sendo derrubadas

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A família Kropochinski vai guardar na memória a vida antes e depois da Perimetral Leste. Parte da rodovia que ligará a Ponte da Integração Brasil–Paraguai à BR-277, em Foz do Iguaçu, passará na propriedade dela (para saber mais sobre a inauguração da ponte, prevista para segunda-feira, clique aqui). Com isso, o bosque e a casa construída por Arthur Kropochinski, 72 anos, foram para o chão.

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Um dos pioneiros do Bairro Cognópolis, Arthur vive às margens da Avenida Maria Bubiak, onde o desmatamento em nome do progresso segue em frente. Apenas na propriedade dele, mais de 300 árvores estão sendo extraídas para dar lugar à Perimetral Leste. Apesar da indenização, a perda é dolorosa. Os moradores queriam mesmo continuar aguardando com o barulho dos pássaros.

Arthur Kropochinski gosta de plantar árvores desde criança. Foto Marcos Labanca/H2Foz

Arthur conta que desde criança tinha hábito de plantar árvores. O apreço pelo verde era tanto que ele passou a ganhar mudas de amigos e parentes, e com o tempo formou o bosque que cedeu espaço ao asfalto. “Eu gosto muito de ganhar de presente uma árvore diferente. Cada vez que você passa pela árvore, você lembra da pessoa.”

Com o tempo, ele passou a colecionar no bosque árvores de diversas espécies, incluindo manga, acerola, ipê, oliveira e um pé de carvalho que um amigo trouxe de Portugal. “Muitas árvores destruídas foram presente que ganhei, aquele presente que você planta e não esquece mais.”

Imagens: Marcos Labanca

Impacto

Em toda Cognópolis, seis casas serão demolidas, e 192 propriedades, impactadas, diz a professora e historiadora Vera Lúcia Nichetti Kropochinski, 59 anos.

Esposa de Arthur, ela iniciou um projeto chamado “Tecendo Memória: transformação do espaço urbano em Foz do Iguaçu, o caso da Perimetral Leste”. A ideia é registrar o impacto da construção da via nos moradores do Cognópolis. “Vou resgatar a história, a memória dos moradores. Dos que construíram, as tradições, a culinária, mas sobretudo as transformações geográficas”, frisa.

Vera está documentando a história da família desde a chegada no bairro Cognópolis. Foto Marcos Labanca/H2Foz

Um dos principais personagens da pesquisa é justamente a família Kropochinski. Pioneiros do bairro, eles são de ascendência polonesa e chegaram à região da Bubiak há mais de 70 anos. Arthur se lembra da infância, quando só era possível ir para a região central de Foz do Iguaçu de carroça e cavalo. “Ninguém sabia o que era asfalto.”

Os Kropochinski eram proprietários de vários terrenos entre a região da República Argentina e a Avenida Felipe Wandscheer. Uma das áreas foi doada para construir a Escola Frederico Engel, que tempos depois acabou transferida para o local atual, no Copacabana.

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