Puerto Iguazú expande ecohotéis para a orla do Rio Paraná

Cidade argentina registra expansão hoteleira e atrai turistas de outros países; número de meios de hospedagem já supera o de Foz .

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Com meios de hospedagem intimistas e de estreita conexão com a natureza, a rede hoteleira de Puerto Iguazú, Argentina, expande-se a passos largos e tira partido da orla dos rios Iguaçu e Paraná para atrair turistas estrangeiros.

Enquanto o turismo de Foz do Iguaçu fica praticamente de costas para o Iguaçu e Paraná por ter pouquíssimos atrativos às margens dos rios, os argentinos criaram verdadeiras ilhas de lazer do lado de lá.

A mais recente expansão é às margens do Rio Paraná. Nos últimos anos, diversas pousadas e hotéis com vista para o rio começaram a ser erguidas. Em geral são hospedagens onde, muitas vezes, reina o silêncio, o verde e a tranquilidade tão almejados por quem vem do outro lado do oceano.   

acampamento de luxo
Camping de luxo às margens do Paraná:. Foto: Marcos Labanca

O padrão de hotéis e pousadas que ficam à beira do Rio Paraná é assim, com quartos, chalés ou campings de luxo, restaurantes e piscinas de frente ou com vista para o rio. Os projetos arquitetônicos são planejados para ter o mínimo de impacto ambiental e proporcionam aos turistas a possibilidade de vivenciar uma verdadeira experiência em meio à natureza.   

O número de apartamentos é reduzido e não passa de 90, porque o conceito de hospedagem dialoga com a sustentabilidade. “Os hotéis são certificados, e os estrangeiros buscam isso”, frisa a empresária Patrícia Duran, presidente do Iguazú Convention Bureau (ICB) de Puerto Iguazú.

Ela diz que as características dos hotéis de Puerto Iguazú se somam às dos empreendimentos de Foz do Iguaçu. Enquanto no lado brasileiro há mais oferta de estabelecimentos voltados para grandes eventos, Puerto Iguazú apresenta um apelo diferente com meios de hospedagem menores e aliados à natureza. Para Patrícia, não há concorrência entre as duas cidades, porque cada uma tem um segmento.

Presidente do Iturem (Conselho Municipal de Turismo), Leopoldo Lucas avalia que a infraestrutura hoteleira de Puerto Iguazú passa por um importante desenvolvimento e que o município mostra crescimento nos últimos anos.

Conforme Lucas, desde que as Cataratas foram declaradas uma das 7 Maravilhas da Natureza, a cidade tem recebido investimentos e cresce na geração de emprego e no incremento de visitantes. Atualmente, Puerto Iguazú conta com 193 meios de hospedagem, superando Foz do Iguaçu, onde há 168.

“Desde as grandes cadeias hoteleiras internacionais até os investimentos locais têm feito de nossa cidade um destino com hotéis de todos os tipos, que gera uma oferta mais diversa e para todo tipo de economia doméstica”, realça.

Muito, muito verde

Situada às margens do Paraná, a pousada Tupa Lodge é um dos exemplos. Com quartos com vista para o rio, ela recebe muitos paraguaios, argentinos, chineses, coreanos, norte-americanos e espanhóis.

Tupa Lodge
Quartos são integrados próximos à natureza na pousada Tupa Lodge. Foto: Denise Paro

Outro empreendimento, o Hotel Guanimí Misión tem uma arquitetura que reproduz as missões jesuítas com restaurante e piscina com vista para o Rio Paraná. O hotel, de 34 apartamentos, conta com museu e cinema, que resgatam a história dos jesuítas e índios guaranis da região.

A arquitetura é tão fiel às missões jesuítas que o hotel proporciona uma sensação de ‘volta ao passado’.

Outro estabelecimento “diferentão” no Rio Paraná é o Glamping Selva Iguazú, um camping de luxo de cabanas modernas imersas na selva.

Glamping Iguazú
Os ambientes são integrados à natureza no Glamping Iguazú. Foto: Marcos Labanca

Em alguns hotéis, os turistas podem fazer caminhadas ou passeios pelas matas.

Rio Iguaçu

O conceito de hotel em meio à selva ganhou força em Puerto Iguazú a partir de 2006, quando uma área de aproximadamente 600 hectares perto do Rio Iguaçu, chamada de Selva Iryapú, começou a ser povoada por meios de hospedagem. Com conceito sustentável, muitos dos empreendimentos têm apartamentos e ambientes em meio à mata.

Ao contrário do que ocorreu no lado brasileiro, os argentinos preservaram boa parte da floresta nativa às margens do Rio Iguaçu, por isso quartos e piscinas de muitos hotéis são rodeados por árvores. A Selva Iryapú é uma reserva natural que integra o ecossistema do Parque Nacional del Iguazú e compreende a reserva indígena Mbyá Guarani.

Os indígenas possuem espaço próprio na área e convivem bem com a movimentação nos estabelecimentos.

Turismo de eventos deve crescer

Gerente-comercial do CT Hotel & Services Group – Falls Iguazú Hotel & Spa, a brasileira Irene Oliveira conta que em 2012 morava em São Paulo e foi para Puerto Iguazú atuar na hotelaria.

A partir de então, ela viu surgirem vários empreendimentos hoteleiros. “Puerto Iguazú, até 2012, era representada pela hotelaria dos anos 80, hoje são hotéis novos com outros padrões de construção e decoração”, revela. O hotel onde Irene trabalha é um dos que ficam na área de 600 hectares na região do Rio Iguaçu.

E os investimentos continuam. O Grupo CT finalizou, em novembro do ano passado, a construção do Ká Aguy Centros de Eventos, com capacidade para 1.500 pessoas, anexo ao Falls Iguazú. E a partir de 2025 deve finalizar as obras do Centro Corporativo Iryapú, com espaços para eventos e convenções para até sete mil pessoas, além de área gastronômica e hotel.

Promessa antiga para orla do Parana, Beira-Foz ainda patina

Em Foz do Iguaçu, o projeto Beira-Foz é uma das promessas para reurbanizar a orla do Rio Paraná e Iguaçu com empreendimentos turísticos. As discussões em torno da proposta tiveram início em 2010, mas ainda não se concretizaram.

Sem a vasta floresta que existe em Puerto Iguazú, as orlas dos rios Iguaçu e Paraná em Foz são ocupadas por poucos estabelecimentos, incluindo o Marco das Três Fronteiras e alguns restaurantes que ficam em clubes de pesca.

 A área começou a ser ocupada por moradias a partir de 1970, impulsionada pelo boom populacional desencadeado pela construção da hidrelétrica de Itaipu. Na época, a população de Foz do Iguaçu, de 33.970 habitantes, passou para 136.320, em 1980.

Inicialmente, o projeto previa a ocupação de 21 quilômetros de margens do Rio Paraná com parques, restaurantes, avenidas e hotéis. As obras se estenderiam às margens do Rio Iguaçu, entre o Marco das Três Fronteiras e a entrada do Parque Nacional do Iguaçu, em um trajeto de 17 quilômetros.

Um dos apelos do Beira-Foz é a melhoria da segurança naquela região, que é rota de contrabando e tráfico de drogas. Com as margens do rio ocupadas, há expectativa de que esses crimes sejam inibidos.

Em dezembro de 2022, a Itaipu Binacional entregou ao Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social de Foz do Iguaçu (Codefoz) o anteprojeto de revitalização do espaço da Avenida Beira-Rio, elaborado pelo Parque Tecnológico Itaipu (PTI).

O projeto compreende parte das mudanças previstas na orla do Rio Paraná, do projeto maior que é o Beira-Foz.

Neste ano, a Itaipu anunciou, no pacote de obras para Foz do Iguaçu, aporte de R$ 2,4 milhões para a elaboração do projeto executivo da Avenida Beira-Rio.

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