Em meio ao coro de descontentamentos públicos com os resultados da gestão, o prefeito Joaquim Silva e Luna (PL) convocou o primeiro escalão e os andares inferiores do governo para cobrar “ritmo acelerado, com foco e compromisso”. Palavra mais, palavra menos, sugeriu transpiração para que as entregas cheguem efetivamente à população.
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Oficialmente, a convocação foi para avaliar o cumprimento de metas e prazos e identificar gargalos que freiam as ações. Entretanto, de mediano entendedor para cima, já basta para assimilar o recado: o fardo do desgaste político ganha peso — e custa cada vez mais ao prefeito suportá-lo nas próprias costas.
Nas entrelinhas, uma parada de reorganização, o “freio de arrumação”, aproveitando a mudança de secretário na pasta que tem o papel de fazer o governo municipal conversar com a população e, mais importante, ouvi-la. Essa função, complexa e melindrosa, requer não somente destreza técnica dos atores que a operam, mas também conteúdo para comunicar.
Silva e Luna entra no décimo mês de administração com três trocas no secretariado: da Mulher, do Meio Ambiente e de Comunicação e Relações Institucionais, a mais recente, além de inúmeras mexidas em diretorias e assessorias estratégicas. Nas três alterações de secretários, o governo foi debilitado, sangrando em público até as exonerações.
Os sinais de advertência neste momento são profusos. Surgem até mesmo do Legislativo, terreno em que os chefes do Executivo local são convidados a tratar como extensão de seus governos — isso porque as promessas de independência não duram mais do que a primeira edição do Diário Oficial assinada pelo prefeito que assume.
Quase uma dezena de vereadores se movimenta para um espaço seguro do xadrez político, uns para ocultar-se do retrato que captura as fragilidades e problemas da prefeitura, outros para cobrar atendimento a seus pedidos endereçados ao Palácio das Cataratas. CPI foi anunciada. Um aliado e símbolo da força política que elegeu Silva e Luna responde na Câmara por quebra de decoro.
Enquanto brotam críticas e cobranças, o prefeito prefere a projeção de R$ 500 milhões, que assegura ter garantido do governo estadual para obras em Foz do Iguaçu, a inflexões capazes de dar rumo novo à administração. Sem visualizar o feijão com arroz, que se traduz em ruas sem buracos e saúde funcionando, fica mais distante ao morador ser parte dessa espera.

