Com comprometimento, Paraná pode alcançar terceiro lugar na indústria nacional, defende presidente eleito da FIEP 

Edson Vasconcelos, de Cascavel, foi eleito para a presidência da FIEP no último dia 15 de agosto para um mandato de quatro anos.

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Por ADIPR (Associação dos Jornais e Portais do Paraná)

O industrial Edson José de Vasconcelos liderou a chapa “Somos indústria, somos FIEP” e venceu as eleições 2023 da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP). Ele recebeu os votos de 63 dos 95 sindicatos filiados à entidade que compareceram à eleição. 

Em entrevista exclusiva à ADI-PR, ele delineou os principais desafios que enfrentará durante sua gestão, que terá início em outubro de 2023 e se estenderá até 2027. 

Nascido em Cascavel, Vasconcelos é casado e pai de três filhos. Sua formação inclui uma graduação em Engenharia Civil pela Universidade Federal do Paraná (UFPR), além de um MBA em Gestão Empresarial pela Fundação Getúlio Vargas (FGV) e outro em Negócios Internacionais pela Ohio University, nos Estados Unidos. 

Além de sua trajetória acadêmica, o presidente eleito da FIEP tem uma carreira sólida no setor da construção civil. Ele é sócio proprietário de empresas como a Vasto Engenharia, Bridge Incorporadora e Toledo Energias Renováveis, atuando também no ramo imobiliário e hoteleiro.  

Vasconcelos é o atual vice-presidente da própria FIEP, cargo que ocupa desde 2011, até ser eleito presidente da entidade no último dia 15 de agosto. Desde 2014, ele também coordena o Conselho Temático de Infraestrutura da mesma FIEP.  

Sua liderança se estende a várias outras organizações. Ele participa ativamente do Programa Oeste em Desenvolvimento, foi presidente do G8, um grupo formado pelas 8 entidades do setor produtivo de Cascavel; do Conselho de Desenvolvimento Econômico Sustentável de Cascavel (Codesc), que reúne mais de 60 entidades focadas no planejamento de longo prazo da cidade; e do Instituto de Planejamento de Cascavel (IPC). Ele também presidiu o Sinduscon Oeste por três anos e foi presidente da Associação Comercial e Industrial de Cascavel (ACIC), destacando-se pela forte atuação na aproximação dos líderes regionais em temas de relevância regional.  

Além de sua trajetória acadêmica, o presidente eleito da FIEP tem uma carreira sólida no setor da construção civil. Foto: Divulgação/FIEP.

As lições que Edson Vasconcelos tira de sua vasta experiência associativista são claras: cercar-se de pessoas que acreditam no poder da transformação e trabalhar com foco, colaboração e inovação. 

Nesta entrevista, ele compartilha sua visão sobre o presente e o futuro da indústria no Paraná. Abordando temas como unidade, inovação, infraestrutura e desenvolvimento sustentável, o presidente eleito delineou os planos e objetivos para fortalecer a posição do estado no cenário industrial brasileiro. cercar-se de pessoas que acreditam no poder da transformação e trabalhar com foco, colaboração e inovação. 

ASSISTA À ENTREVISTA:

Confira a seguir, uma resenha dos principais tópicos da conversa com o jornalista Jadir Zimmermann. A entrevista completa, em formato de podcast, está nas nossas plataformas digitais.  

ADI-PR: Na maioria das entidades de classe, geralmente há construção de consenso para formar as diretorias, mas na FIEP, houve bate chapa nesta eleição. O senhor sendo vice-presidente da FIEP por mais de uma década, não conseguiu construir um consenso em torno do seu nome? O que aconteceu? 

Edson Vasconcelos: Na verdade, o inverso é comum na FIEP; muitas vezes, há bate chapa. Nesta eleição, tentamos evitar o bate chapa e tínhamos apoio, mas um grupo da Federação decidiu exercitar a democracia. Foi um processo leal, sem ataques pessoais, fundamentado em ideias. Houve um sentimento de regionalidade, mas entendemos que o foco deve ser quem está melhor preparado, não uma troca de bastão. 

“Nós trabalhamos muito para não ocorrer um bate chapa. Mas grupo da Federação se sentiu no direito de exercer a democracia, o que é saudável” 

Após o período eleitoral, como o senhor planeja construir a unidade para que todos trabalhem em prol da entidade e do desenvolvimento da indústria? 

Edson Vasconcelos: É muito natural. Não houve rompimento com os colegas. Embora o opositor possa criar resistência, a diferença foi grande, e o nosso trabalho é mostrar que a Federação é do Paraná, para o Paraná, para as indústrias e sindicatos. 

Como o senhor planeja usar sua experiência como líder de classe em Cascavel para fortalecer a FIEP? 

Edson Vasconcelos: Nossa região é mais associativista e colaborativa. Eu valorizo a solidez do grupo e tomo posições sérias com o apoio do grupo. Essa característica deve colaborar muito para fortalecer a Federação e representar a indústria do Paraná. 

A indústria do Paraná tem sofrido um enfraquecimento, mas ainda é o quarto estado em produção industrial no país. Como presidente da FIEP, o que o senhor pensa em fazer para elevar a posição do estado no cenário industrial brasileiro? 

Edson Vasconcelos: Primeiro, a indústria no Paraná não sofreu desindustrialização. A indústria cresce, mas outros setores crescem mais. O Paraná tem potencial de industrialização e características positivas para atrair indústrias. Nosso sistema portuário, segurança no transporte de cargas, e capacidade logística e energética são vantagens. Temos também um processo de valor agregado nas indústrias de base. Eu entendo que o Paraná tem todas as condições favoráveis para melhorar a receptividade e domicílio de indústrias, comparado a outros estados. 

Como o senhor vê a relação da FIEP com os governos estadual e federal, e qual é a sua expectativa de colaboração com o governo do estado para a promoção de uma política industrial mais favorável? 

Edson Vasconcelos: Somos entidades propositivas, e quem executa são os governos. Nosso trabalho é sensibilizar todos sobre a indispensabilidade da indústria. Nos Estados Unidos, houve uma tentativa de levar o parque fabril para a China, mas perceberam o erro e voltaram. Nossa missão é sensibilizar os governos sobre a importância da balança comercial e da indústria, e defender o agro, pois interfere diretamente na vida de todos. Os municípios precisam de um plano industrial adequado, e nossa função é garantir que as decisões políticas e tributárias favoreçam a indústria local. 

“Nós somos uma entidade propositiva. Quem executa é o Estado, são os municípios, é a União. Nosso trabalho é de sensibilizar a todos que a indústria é algo indispensável” 

Como a FIEP planeja apoiar a indústria paranaense na exploração de novos mercados e tecnologias inovadoras? 

Edson Vasconcelos: O Sistema S tem todo um arcabouço de inovação em tecnologia, com vários institutos SENAI de inovação. Temos referências nacionais, como o Instituto SENAI de Eletroquímica e o de Inteligência Artificial, que são ativos tecnológicos importantes. Queremos aproximar esses ativos dos empresários e melhorar a percepção das oportunidades no exterior. A pandemia realinhou as cadeias de insumo, criando oportunidades, mas precisamos entender os consumidores e aproveitar a cadeia industrial no Brasil, que ainda é pouco aproveitada. 

Uma das grandes dificuldades da indústria é encontrar mão de obra qualificada. Como a FIEP pode contribuir para melhorar a preparação dos trabalhadores paranaenses para atender melhor à indústria? 

Edson Vasconcelos: A qualificação é um desafio, principalmente na construção civil, onde a mão de obra de entrada muitas vezes é analfabeta funcional. Temos também problemas culturais e de língua. O maior desafio hoje não é o treinamento, mas ter colaboradores para treinar. A empregabilidade é um tema maior do que dar cursos ou abrir vagas. Programas como o Bolsa Família inibem a vontade de trabalhar e se profissionalizar. O nosso desafio é treinar, qualificar, e ter mão de obra para treinar, além de lidar com processos migratórios e capacidade habitacional em algumas localidades. É um tema sério e sistêmico. 

Observando seu currículo e mais de uma década de atuação na FIEP, como o senhor pensa em aprimorar a infraestrutura e logística da indústria paranaense? 

Edson Vasconcelos: Nós temos um programa chamado PELT, onde trabalhamos nos problemas por regionalidade e nas dificuldades da micro e macro logística local. É vital sensibilizar as autoridades que o investimento em infraestrutura tem retorno a longo prazo, tornando o desenvolvimento sustentável. 

Como líder do interior, como superar desafios como o pedágio caro, para fortalecer a indústria no interior do estado de forma competitiva? 

Edson Vasconcelos: Cada região deve perceber o que está em suas mãos, como energia, logística, mão de obra e legislação. A indústria é necessária, e as potencialidades locais devem ser mapeadas. Precisamos vestir a camisa do Paraná, somar esforços e entender que somos a quarta potência industrial do país, pois com comprometimento, o Paraná pode alcançar o terceiro lugar na indústria. 

“Nós precisamos vestir a camisa do Paraná. Somos a quarta potência indústrial do Brasil. Quarto de 27 é muita coisa. Pra chegar à terceira não é difícil” 

Como encontrar um equilíbrio entre desenvolvimento, avanço industrial e impacto ambiental? Quais iniciativas a Fiep pode tomar para promover uma produção industrial responsável? 

Edson Vasconcelos: A questão é a burocracia e o tempo. Precisamos desburocratizar, automatizar e melhorar a performance. Temos que ser mais rápidos e conscientes de cumprir as regras, pois a sustentabilidade significa mercado. 

O industrial Edson José de Vasconcelos liderou a chapa “Somos indústria, somos FIEP” e venceu as eleições 2023 da Federação das Indústrias do Paraná (FIEP). Foto: Acervo pessoal/Edson Vasconcelos. 

Quais lições você tira da sua experiência como vice-presidente da FIEP e líder de várias entidades em Cascavel? 

Edson Vasconcelos: A capacidade de ter um bom grupo com experiências distintas é essencial, mas que seja propositivo e acredite no poder de transformação. Acredito que estou bem cercado, e mostramos que é possível fazer uma campanha limpa e focada nas pautas internas. A lição é cercar-se de pessoas que acreditam na transformação. 

“Você tem que se cercar de pessoas que acreditam no poder da transformação. E eu estou bem cercado. As pessoas da minha chapa são extremamente conscientes e com potencial de transformação ímpar” 

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