Por Professor Caverna
Chega mais que hoje vamos mergulhar num papo cabeça (mas sem ficar naquele lenga-lenga cheio de termos difíceis) sobre Pirro de Élida, o filosofo grego que lançou as bases do ceticismo antigo. Você já deve ter ouvido falar em “certeza” por aí: “Eu tenho certeza de que…”. Pois Pirro disse: “Certeza? Isso aí não existe, meu chapa!”. Mas será que viver num mundo sem verdades absolutas é um convite à liberdade total ou uma roda gigante de incertezas que dá até vertigem? Cola aqui que a gente vai problematizar, em bom português de boas, como o ceticismo pirrônico se encaixa (ou não) no nosso mundão contemporâneo.

Pirro de Élida viveu lá no século IV a.C. e não era desses caras que aceitavam qualquer afirmação como “fato consumado”. Enquanto Platão e Aristóteles construíam sistemas filosóficos firmes, Pirro disse: “E se a gente não consegue saber, de fato, se algo é verdadeiro ou falso?”. Daí nasceu o ceticismo pirrônico, que aposta em suspender o juízo (em grego, epochê): em vez de dizer “isso é” ou “não é”, o sábio pirrônico simplesmente diz “não sei” e fica de boa. O objetivo era, taí, alcançar a ataraxia, um estado de tranquilidade interna, livre de perturbações. Sem crenças absolutas, sem angústias por ter que comprovar algo o tempo todo. Bacana, né? Só que, pensando bem, viver sem julgamentos… será que é tão suave assim?
Na era da internet, a gente está cercado de “verdades” instantâneas: “Compre esse produto!”, “Esse político é o culpado!”, “Este estudo prova que…” etc. Milhares de posts, vídeos, memes, tweets em profusão absoluta. Aí, surge o fantasma do dogmatismo, quando alguém força uma verdade única e imutável. É aí que o espírito pirrônico dá o ar da graça: “Calma lá, brother! Antes de abraçar qualquer ‘verdade’, que tal a gente suspender o juízo e analisar de boa?”. Esse ceticismo ajuda a evitar o radicalismo: o cara que acredita piamente em uma única fonte de informação pode cair fácil em fake news ou em teorias da conspiração. Já o cético pirrônico diz “não me agarro a nada que não tenha bases firmes; vou questionar tudo”. E isso é um baita remédio contra a epidemia de certezas vazias que toma conta das timelines.
Por outro lado, será que viver em suspenso eterno não vira uma bolha de indecisão? Se eu não afirmo nada, passo o dia todo no “não sei”. E aí, como eu decido o que comer, pra quem faço like, em quem voto? As escolhas precisam de algum critério, né? É aí que o ceticismo radical pode se complicar: no extremo, fica impossível tomar qualquer atitude com convicção.
Imagina um contemporâneo pirrônico tentando decidir qual aparelho celular comprar. Ele pesquisa, pesquisa, mas desconfia de todas as reviews, questiona todas as marcas, e termina sem comprar nada. E no fim o mundo gira sem ele! Aí, qual resolve? A chave talvez esteja em encontrar um ponto de equilíbrio: usar o questionamento para evitar o autoritarismo do “sempre foi assim” ou do “esse é o melhor”, mas sem se fechar num silêncio pé no chão que paralisa tudo.
Hoje em dia falamos em “pós-verdade”: sentimentos e emoções debilitam a lógica e os fatos. A notícia não passa pelo filtro da verificação; passa é no apelo ao medo, à raiva, ao que dá “engajamento”. Resultado? A gente vive num mar de informações que jamais vão combinar para formar uma história coerente. Pirro, com seu “sublinhar a incerteza”, pode ser a antítese perfeita da era da pós-verdade. Ao invés de alimentar narrativas emocionais, o cético pirrônico encoraja a gente a perguntar “como você sabe?”, “qual a fonte?”, “isso é verificável?”. É um chamado à responsabilidade antes de compartilhar qualquer boato. Mas cuidado: se a galera suspender o juízo sem catapultar a busca por evidências, corre o risco de a gente cair numa zona de cinismo passivo (aquele tipo de “tanto faz, nada importa”). A provocação de Pirro só faz sentido se vier acompanhada de uma curiosidade ativa: “não sei, mas vou investigar!”.
Quantas tretas nas redes sociais acontecem porque cada um acha que a própria verdade é a única? “Você está errado”, “Você não entende nada”. Pirro inspira a gente a abrir mão dessa arrogância: “Talvez eu esteja enganado, e você também”. É o convite à humildade epistemológica a consciência de que nosso conhecimento é sempre parcial.
Agora, será que aceitar tudo como “talvez seja” não joga por terra qualquer noção de ética ou justiça? Se não há verdades absolutas, qual o fundamento moral para denunciar injustiças? Aí pulamos do fogo para a frigideira do relativismo: cada um com seu ponto de vista, e fim de papo. Ninguém firma posições nem combate atrocidades porque tudo é “relativo”. A solução? Encontrar convicções provisórias: “com base nas evidências atuais, julgo X como justo ou injusto, mas aceito revisar minha posição caso novas informações surgirem”. Ou seja, convicções não absolutas, mas metódicas e abertas à crítica.
Na escola tradicional, a gente costuma engolir o conteúdo como dogma: “Isso aí está no livro, é a verdade”. Inspirados por Pirro, professores e alunos poderiam adotar um “método pirrônico”: ler várias fontes, questionar autores, comparar interpretações. Assim, o aprendizado vira um processo mais ativo e menos autoritário.
No mundo corporativo, muita gente busca “receita de sucesso”: “faça X e vai subir de cargo”. Mas qualquer fórmula fechada tende a falhar, pois o mercado muda o tempo todo. Um olhar cético ajuda a não se apegar cegamente a manuais e a experimentar soluções próprias, testando, ajustando e aceitando a incerteza dos resultados. Já reparou que o Instagram e o TikTok entregam mais do que você curte? Se você curte notícia política, vai ganhar um feed só de tweets e reels afins. Assim, parece que todo mundo concorda contigo o que fortalece o ego e reduz o questionamento.
O espírito pirrônico convida: “fuja da bolha, explore o desconhecido”. Siga perfis que tragam visões opostas, acesse fontes fora do mainstream, experimente debates saudáveis. O ceticismo aqui não é desistir de opinar, mas balizar suas opiniões na dúvida construtiva.Com notificação pipocando a cada segundo, a gente pode ficar ansioso, pensando “será que perdi alguma verdade importante?”. Pirro diz: “relaxa, cara tudo é incerto mesmo”. Esse distanciamento pode diminuir o estresse de ter de saber tudo.
Porém, adotar o “tanto faz” radical pode levar ao desapego excessivo, à apatia e a perder a motivação de lutar por causas justas. A saída é equilibrar: usar o ceticismo para não surtar com cada notificação, mas manter o engajamento com aquilo que, provisoriamente, consideramos relevante.

Olha só,o pensador nos oferece duas coisas poderosas: Suspender o juízo, evitar abraçar verdades dogmáticas que podem nos levar a extremos. Buscar a ataraxia, um estado de paz interior livre de perturbações causadas por certezas vazias. Mas também nos alerta para os riscos, indecisão, nunca tomar partido em nada. Relativismo total, abolir toda forma de convicção ética. Apatia, sumir do mundo por não crer em nada.
A proposta contemporânea do ceticismo pirrônico, então, é adotar uma postura de dúvida metódica: abraçar a incerteza, questionar o que chega até nós, mas sem nunca desistir de investigar, de experimentar, de opinar (com base em evidências provisórias). É um convite à humildade intelectual, à curiosidade constante e ao respeito pelas diferentes perspectivas.
No fim das contas, viver sem verdades absolutas não significa viver sem convicções; significa ter convicções temporárias, alinhadas ao melhor que sabemos hoje, sempre abertos a mudá-las. Bora, então, ser um pouco mais pirrônico: duvidar para aprender, questionar para crescer e, quem sabe, achar um pouquinho de paz no meio do caos informacional.
Convite Especial: Café Filosófico
Reflexões para Pais e Filhos
Prezadas famílias!
Temos o prazer de convidá-los para o V Café Filosófico, um encontro especial onde pais e filhos poderão compartilhar um momento de reflexão e diálogo sobre os dilemas da vida.
Em um mundo repleto de desafios e mudanças constantes, criar espaços para conversas significativas fortalece os laços familiares e amplia nossa visão de mundo. Neste evento, vamos explorar juntos questões que nos fazem pensar, crescer e nos conectar de maneira mais profunda.
Por que participar?
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Data e local: Zeppelin
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Venha viver essa experiência enriquecedora conosco! Sua presença fará toda a diferença.
Esperamos você e sua família!
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Obs. Caro leitor, o objetivo aqui é estimular a sua reflexão filosófica, nada mais! mais nada!
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