O resentimento na experiência humana e na dinâmica social

Por Eber Hypolito

O ressentimento é um tema relevante tanto na clínica quanto na política, uma vez que a intersecção dessas duas dimensões nos ajuda a compreender como o ressentimento molda a experiência humana e as dinâmicas sociais contemporâneas, exigindo uma atenção cuidadosa tanto no campo da saúde mental quanto na esfera pública. Para compreender o ressentimento é preciso considerar suas raízes emocionais e sociais, pois, o ressentimento tende a isolar e a centrar a experiência em um eu ferido, enquanto a perspectiva do sujeito implica uma conexão mais rica e complexa com o mundo ao redor, favorecendo a empatia e a solidariedade.

Segundo Kehl1 (2011) “ressentir-se significa atribuir ao outro a responsabilidade pelo que nos faz sofrer. Um outro a quem delegamos, em um momento anterior, o poder de decidir por nós, de modo a poder culpá-lo do que venha a fracassar” e complementa “o ressentido não é alguém incapaz de esquecer ou de perdoar; é um que não quer se esquecer, ou que quer não se esquecer, não perdoar, nem superar o mal que o vitimou” e “uma das condições centrais do ressentimento é que o sujeito estabeleça uma relação de dependência infantil com um outro supostamente poderoso a quem caberia protege-lo”.

No contexto clínico, o ressentimento é frequentemente entendido como uma emoção complexa que pode surgir de experiências de diversas experiências negativas, como injustiça, traição ou frustração. Ele pode ter implicações profundas na saúde mental, contribuindo para ansiedade, depressão e outros distúrbios emocionais.

O individualismo dá ênfase a autonomia e a singularidade do indivíduo, promove a ideia de que cada pessoa é responsável por sua própria vida e realizações. Esse conceito frequentemente leva ao desenvolvimento de um narcisismo, onde a autoestima e a identidade são fortemente ligadas à percepção de si mesmo como único e especial. Os mecanismos de defesa do eu, como a negação, a projeção e a idealização, atuam para proteger o indivíduo de ameaças à sua autoimagem. Esses processos defensivos podem reforçar o narcisismo, levando à distorção da realidade e à dificuldade em aceitar críticas, pois qualquer ameaça à autoimagem é minimizada ou rejeitada. O ressentimento prospera quando o individualismo e o narcisismo se entrelaçam, formando um ciclo vicioso. Essa busca incessante por validação pessoal gera fragilidade emocional e impede o desenvolvimento de relacionamentos interpessoais saudáveis. Isto ocorre porque o ressentimento faz com que o indivíduo se torne o centro de sua própria narrativa, onde suas mágoas, frustrações e injustiças são destacadas. Isso pode levar a uma auto absorção, onde a pessoa se identifica fortemente com suas feridas, dificultando a capacidade de ver além de si mesma e enxergar o outro.

Entretanto, compreendendo que o “sujeito”, em uma perspectiva filosófica e sociológica, é um ser humano inserido em um contexto social e relacional mais amplo, é importante reconhecer o papel ambivalente do ressentimento nas dinâmicas sociais. Por um lado, o ressentimento pode levar à criação de divisões, promover a vitimização e dificultar a reconciliação, resultando em um ciclo vicioso que afasta o indivíduo das interações sociais e do entendimento do que significa ser parte de um coletivo. Por outro lado, no cenário político, esse mesmo ressentimento pode atuar como um motor de mobilização social. Grupos marginalizados ou injustiçados frequentemente expressam seu ressentimento em relação a sistemas de opressão, desigualdade ou exclusão, o que pode tanto impulsionar movimentos sociais e promover coesão entre os membros de um grupo quanto alimentar conflitos e divisões. Assim, o ressentimento emerge como uma força que, ao mesmo tempo, pode unir e dividir, revelando a complexidade das relações humanas em um contexto coletivo.

Para superar essa ambivalência do ressentimento e ampliar a visão tanto do eu quanto do indivíduo enquanto agente social, é essencial enfrentar as emoções negativas, buscar soluções e promover o perdão. Contudo, o verdadeiro caminho para essa transformação reside no cultivo da empatia e na compreensão de que todos estamos interconectados em uma rede de relações interdependentes. Esse processo demanda um trabalho interno profundo, que envolve reflexão e uma mudança de mentalidade individual e coletiva Ao aprender a olhar além de suas próprias dores e a reconhecer a humanidade dos outros, o indivíduo não só se liberta do peso do ressentimento, mas também contribui para a construção de um ambiente social mais compreensivo e harmonioso. Assim, essa jornada não é apenas pessoal, mas representa um passo significativo em direção a uma convivência mais solidária e respeitosa entre todos.

AUTOR: Eber Hypolito
Psicólogo Clínico-CRP 08/43456
WattsApp: 45-991589813
Email: ebhypolito@gmail.com

Convite Especial: Café Filosófico

Reflexões para Pais e Filhos

Prezadas famílias!
Temos o prazer de convidá-los para o V Café Filosófico, um encontro especial onde pais e filhos poderão compartilhar um momento de reflexão e diálogo sobre os dilemas da vida.

Em um mundo repleto de desafios e mudanças constantes, criar espaços para conversas significativas fortalece os laços familiares e amplia nossa visão de mundo. Neste evento, vamos explorar juntos questões que nos fazem pensar, crescer e nos conectar de maneira mais profunda.

Por que participar?
✔ Fortaleça a relação com seu filho(a) por meio do diálogo
✔ Reflita sobre valores, escolhas e desafios da vida
✔ Compartilhe ideias em um ambiente acolhedor e inspirador

Data e local: Zeppelin

Contaremos com um ambiente descontraído e um delicioso café para tornar este momento ainda mais especial!
Venha viver essa experiência enriquecedora conosco! Sua presença fará toda a diferença.
Esperamos você e sua família!

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Ingressos para o V Café Filosófico:

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Comunidade do “Café Filosófico” no WHATSAPP:

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Obs. Caro leitor, o objetivo aqui é estimular a sua reflexão filosófica, nada mais! mais nada!

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