Aeroporto do Paraguai pode ser base de operações de rede internacional de tráfico de cocaína

Quatro funcionários do aeroporto foram presos sob suspeita de colocar 23 kg de cocaína na bagagem de uma paraguaia que seguia a Madri. Ela foi presa lá.

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O Ministério Público do Paraguai investiga a atuação de uma rede internacional de tráfico de cocaína dentro do aeroporto Silvio Pettirossi, em Luque, perto de Assunção. O esquema conta com a participação de funcionários do aeroporto de Madri, que são informados sobre qual bagagem contém a droga, que depois é distribuída na Europa.

Quatro funcionários da Diretoria Nacional de Aviação Civil (Dinac) foram presos nesta terça-feira, 11, por suspeita de terem colocado 23 quilos de cocaína na bagagem de uma paraguaia que viajou para Madri, na Espanha. Ela foi detida ao retirar a bagagem, depois que a polícia espanhola foi informada pela Secretaria Nacional Antidrogas do Paraguai (Senad).

Os quatro detidos atuam diretamente no controle das bagagens, depois que elas passam pela fiscalização do terminal, até serem colocadas no avião.

No sábado, paraguaia foi detida com mais de 2 quilos de cocaína na bagagem. Enquanto isso, outra seguia viagem para Madri com 23 kg. Foto Senad

Segundo o jornal ABC Color, o esquema de tráfico foi descoberto ainda no sábado, quando a promotora Lorena Ledesma foi chamada ao aeroporto para acompanhar a detenção de uma paraguaia que pretendia viajar a Madri, levando uma mala com pouco mais de dois quilos de cocaína.

A “mula” foi delatada pelo cão farejador Akira, da Senad, que reagiu quando a mala ia ser levada ao avião.

ADESIVOS DA DISNEY

No momento em que o avião decolou, os agentes especiais da Senad souberam, por meio de um informante, que outra passageira do mesmo voo seguia para Madri levando na bagagem nada menos que 23 quilos de cocaína.

O informante chegou a dar o nome da “mula” e disse que a bagagem com a droga estava identificada com adesivos da Branca de Neve e outras princesas da Disney.

A promotora e os agentes viram as gravações das câmeras de segurança e acompanharam todo o percurso feito pela “mula”. A mala que levava era a mesma indicada pelo informante, mas estava sem nenhum adesivo. O cão Akira não esboçou nenhuma reação ante a bagagem, que já havia passado pelos raios X.

Mesmo assim, a Senad informou a situação aos funcionários do aeroporto de Madri. Na manhã seguinte, os espanhóis comunicaram que encontraram 23 quilos de cocaína dentro de uma mala da paraguaia. A mala estava adesivada, como dissera o informante.

A suspeita, então, é de que a droga foi colocada depois que a mala passou pelos controles. A partir dali, os agentes identificaram quais funcionários tiveram contato com a bagagem no percurso entre os controles e o acesso ao avião. Quatro deles foram detidos, mas as investigações vão continuar para saber se há mais envolvidos.

A promotora confirmou ao programa Crime e Castigo, da ABC TV, que o próprio aeroporto internacional é uma provável base de operações de uma rede de tráfico de cocaína, pois a droga que chegou à Espanha já estava depositada no terminal.

O ESQUEMA

O diretor de Comunicação da Secretaria Nacional Antidrogas, Francisco Ayala, explicou ao jornal Última Hora: “Depois que uma mala passa pelos controles de raios X e pelos cães detectores de drogas, ela fica a cargo de funcionários da Dinac, que a levam num carrinho até o avião. E esse é o momento que, aparentemente, foi utilizado para contaminar, introduzir a droga em uma mala que estava ‘limpa’. Inclusive, tiram fotografia da mala e remetem aos sócios que trabalham no aeroporto de Madri”.

Ele é da mesma opinião da promotora. Acha que o caso descoberto não é um fato isolado, mas sim revela a existência de uma estrutura internacional de tráfico de cocaína, formada por funcionários de aeroportos.

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