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Entenda por que a província argentina de Misiones prefere manter fronteiras fechadas

O faturamento do comércio e, por extensão, a arrecadação da província vem num crescimento constante desde o fechamento da fronteira com o Paraguai, principalmente.

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Entenda por que a província argentina de Misiones prefere manter fronteiras fechadas
Em Posadas, o comércio viu as vendas aumentarem progressivamente, depois da queda violenta em abril. Foto Misiones Cuatro

Das 24 províncias argentinas, 19 fecharam com queda no faturamento do comércio, em novembro, na comparação interanual, e uma teve crescimento zero. Das quatro que fecharam com resultado positivo, duas – Misiones (onde fica Puerto Iguazú) e Formosa – são as que tiveram o melhor resultado. Não por acaso, ambas fazem fronteira com o Paraguai.

Misiones, de onde milhares de argentinos saíam para fazer compras na cidade paraguaia de Encarnación, vem com números positivos no comércio a partir de abril (naquele mês, início das medidas restritivas impostas pela pandemia, o comércio teve uma queda violenta, de 26,1%).

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Em setembro, o comércio misionero teve uma expansão de 12,6%; em outubro, de 9,9%; e em novembro, sempre na comparação interanual, de 8,7%, conforme dados publicados no portal argentino Diario Jornada.

Já o comércio da província de Formosa (a capital, com o mesmo nome, faz fronteira com o município paraguaio de Alberdi, a menos de 150 km de Assunção), teve resultado ainda mais expressivo. Depois de cair 27,6% em abril, subiu 12,5% em setembro, 10% em outubro e 13,3% em novembro.

Pra comparar, as outras duas províncias que tiveram crescimento nas vendas do comércio, em novembro, foram Chaco e Santa Fe. Em ambas, o aumento interanual foi de 2,9% e 2,7%, respectivamente.

A diferença, portanto, é que Formosa e Misiones fazem fronteira com o Paraguai. E “o fechamento de fronteiras, produto da pandemia, anulou os típicos tours de compras que se realizavam em cidades como Assunção, Encarnación e Ciudad del Este, dinamizando a economia local”, diz o Diário Jornada.

As províncias mais dependentes do turismo – Neuquén (-16,4%), Tierra del Fuego (-13%) e Santa Cruz (-12,9%) – foram as que tiveram as maiores quedas do comércio, em novembro.

Veja o quadro com a queda ou aumento das vendas no comércio nas províncias argentinas, feito pelo Diario Jornada:

E O TURISMO? PERDEU!

Para Misiones, embora o turismo tenha sofrido um fortíssimo impacto em Puerto Iguazú, a questão econômica foi compensada – se é que se pode dizer assim – com o aumento das vendas no comércio e nas atividades em geral de Posadas, principalmente.

É com Posadas que Puerto Iguazú compete. Claro que as fronteiras, mais dia menos dia, vão ter que reabrir. Mas quanto mais tempo for postergada essa decisão, mais feliz vai ficar o governo de Misiones.

Enquanto isso, as cidades paraguaias que fazem fronteira com a Argentina estão tendo que se reinventar, o que é praticamente impossível. A exemplo de Ciudad del Este, que depende do comprador brasileiro, Encarnación e outras cidades paraguaias têm como principal fonte de renda o dinheiro que o argentino trazia para fazer compras.

O comércio de Encarnación não sobrevive sem o comprador argentino.

O governo de Misiones pode até afirmar, oficialmente, que o temor com a reabertura da fronteira é devido à propagação do coronavírus, com a expansão da doença no Brasil e no Paraguai. Mas não é verdade. Ou não é totalmente verdade.

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